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Deadpool, Batman Vs Superman e a onda de filmes de super-heróis violentos

Na verdade, essa tendência já ameaça aparecer a muito tempo: desde que Christopher Nolan ousou tornar os filmes de super-heróis mais sombrios com sua trilogia do Batman, adaptações de quadrinhos da Marvel e da DC perderam a obrigação de serem filmes para toda a família.

Mesmo assim, como tudo em Hollywood, a mudança veio a passo lento. A virada de verdade para um mundo em que filme de super-heróis podem conter conteúdo adulto veio com Deadpool, que aglomerou piadas politicamente incorretas, palavrões, conteúdo sexual e muita violência em só um filme, autêntico ao espírito do personagem de quadrinhos em que se baseia.

Com as recentes notícias de que Batman Vs Superman ganhará uma versão violenta em Blu-ray/DVD e o terceiro filme do Wolverine terá versão R-Rated (ou seja, para maiores de 16) nos cinemas, fica claro que a tanto a Fox quanto a Warner perceberam o potencial do público adulto que consome os seus filmes de super-heróis.

No caso de Batman Vs Superman, a decisão de deixar essa versão “madura” para o mercado de vídeo, no entanto, mostra que alguns estúdios ainda não estão preparados para alienar o público adolescente/pré-adolescente dos cinemas, reduzindo as versões “profanas” e “violentas” de seus filmes a curiosidades de mercado.

Mas qual é o valor de um filme de super-herói mais violento? Para começar, realismo, construção de personagem e discussão de aspectos da narrativa do super-herói que não foram exploradas até agora. O trabalho dos nossos vigilantes mascarados não existe em um vácuo, e se os filmes querem nos convencer que vilões megalomaníacos podem destruir o nosso mundo, não machuca mostrar um pouco das consequências (sangrentas) das ações deles e dos esforços dos heróis para pará-los.

Além disso, com a permissão de abordar temas mais adultos, os filmes de super-heróis podem alcançar seu potencial de refletir em seus personagens, através de peças de entretenimentos, temas que são muito reais. É o que fazem Demolidor e Jessica Jones, do Netflix, por exemplo.

Quão interessante seria se o vindouro filme do Doutor Estranho, o Mago Supremo da mitologia Marvel, pudesse explorar os cantos mais sombrios do personagem, seu relacionamento (muito sexual) com a Enfermeira da Noite? Mais bacana ainda seria se o futuro filme do Pantera Negra explorasse as questões raciais sérias e a cultura violenta do país que ele governa, Wakanda. Por todos os trailers mostrando o estilo sombrio de Esquadrão Suicida, será que o filme será R-Rated? O formato mais “cru” dos filmes da DC com a Warner parece ser mais propício a essas explorações adultas, mas é preciso lembrar que Deadpool veio da Marvel/Fox.

Com lançamentos apenas em DVD ou não, parece que o mercado gigantesco dos filmes de super-heróis finalmente percebeu o que todos nós já sabíamos – que a forma de entretenimento que eles vendem não é só para crianças e adolescentes, e que o público adulto se anima quando um filme explora temas mais profundos, realistas e (sim) violentos. Que Deadpool sirva de lição.

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