Um dos maiores nomes da dublagem brasileira, Guilherme Briggs, foi uma das principais atrações da 15ª edição do Anime Friends em São Paulo.
Arrastando um grande número de fãs do seu trabalho, Briggs concedeu uma entrevista ao Observatório do Cinema e falou da sensação que é ser reconhecido mais pela voz que pela própria imagem, falou sobre a expansão e valorização da profissão no país e muito mais.
Guilherme é dublador do Superman, Buss do Toy Story, Cosmo de Os Padrinhos Mágicos, Samurai Jack entre outros grandes sucessos do cinema e da animação. São mais de uma centena de personagens e passagens pelos principais estúdios do mundo como a Herbert Richers, VTI Rio e o Delart, de quem é o diretor.
Confira a nossa entrevista com Guilherme Briggs:
Você tem um número grande de fãs e admiradores que te veneram. Em algum momento isso te cansa?
Eu levo numa boa, eu gosto de críticas também e observações do meu trabalho.
Como você lida por ser reconhecido mais pela voz que pela imagem?
Eu acho gostoso. Entrar numa loja e ser olhado. As crianças que me olham, ou no cinema quando eu escuto alguém elogiar o desempenho do Superman, é bem engraçado.
Olha, quando eu comecei em 1991, a demanda era praticamente zero. As pessoas não gostavam de dublagem, existia uma aversão contra dublagem. E eu sempre fui apaixonado, um fã, sempre tive um amor por dublagem. Pra mim, ver isso é maravilhoso, ver as pessoas se interessando e ver novas gerações de dubladores surgindo. O que eu torço é pra que essa nova geração sejam pessoas de caráter, honestas, dedicadas. É o que a gente precisa para a profissão.
Algumas pessoas preferem ser chamadas de voz original que dublador. Explica qual é a diferença de um para outro.
Tem diferença. Eu participei do Super Drags que é uma animação brasileira, e é a voz original, não tem sincronismo. Eu faço várias versões de algumas falas e o animador pega e anima por cima disso. Já a dublagem tem um sincronismo, um guia e eu vou seguir ali o que o ator está fazendo.
O que é mais difícil, dublar ou dirigir?
As duas coisas tem as suas dificuldades e facilidades. A direção é o cara é responsável por tudo, desde a parte financeira, quanto vai custar o filme, quem ele vai escolher, adaptação de texto, ele tem que fazer com que todos os atores se mesclem, que não fique engessado, ele tem que explicar a cena para o ator, tudo tem que ser nivelado. Já o dublador ele está fazendo o filme. Ele não vê o filme, ele tem que fazer o melhor possível, não exagerar e também não fazer de menos. É tudo como a aquarela, tem que acertar a gradação das tintas. Quem começa a dublar pela primeira vez até toma um suste e vê o quanto é difícil. Eu me lembro quando comecei a dublar eu vi o quanto é difícil ser natural e acertar a dicção, é difícil, depois você pega o jeito e ao mesmo tempo você não pode deixar que fique muito técnico e que entre numa forma, porque senão você começa a fazer tudo igual.
Como você cuida da sua voz?
Não faço nada. Na verdade eu não fico gritando. Ainda bem que não gosto de futebol.