Série documental

Além de Elize Matsunaga: Netflix tem outra produção chocante sobre crime real

Homicídio na Costa do Sol acompanha assassinato que abalou a Espanha

A série brasileira Elize Matsunaga: Era uma Vez um Crime está fazendo o maior sucesso na Netflix. Se você já assistiu e gostou da produção, tem tudo para apreciar também Homicídio na Costa do Sol. A série documental também aborda um chocante crime real, que abalou as estruturas de seu país de origem.

Diferentemente da produção que conta a história da mulher que matou e esquartejou o marido, Homicídio na Costa do Sol não tem a trama ambientada no Brasil.

Na verdade, a série aborda um dos assassinatos mais marcantes da história da Espanha, que também criou um verdadeiro circo midiático e é lembrado até hoje por sua brutalidade e mistérios.

Confira abaixo tudo que você precisa saber sobre a história de Homicídio na Costa do Sol na Netflix.

O que acontece em Homicídio na Costa do Sol?

A trama do documentário Homicídio na Costa do Sol começa em 1999, com o desaparecimento de Rocio Wanninkhof, uma jovem espanhola de 19 anos.

O sumiço da garota agitou a cidade de La Cala de Mijas, na costa sul da Espanha, próxima ao município turístico de Málaga.

A jovem deveria encontrar os amigos em uma feira local, mas acabou nunca aparecendo. Na manhã seguinte, a mãe de Rocio encontrou os sapatos da filha manchados de sangue. A polícia tentou seguir os rastros, mas não encontrou nenhum corpo.

Uma verdadeira onda de solidariedade se forma para procurar Rocio. A cobertura da mídia foi intensa e constante, e 25 dias depois do desaparecimento, voluntários finalmente encontraram um corpo em estado avançado de decomposição.

Após exames laboratoriais, legistas comprovaram que o cadáver era realmente de Rocio. A mídia continua presente na cidade, participando até mesmo do enterro da jovem.

A Guarda Civil da Espanha inicia as investigações logo após a descoberta do corpo, e apresenta ao público apenas uma suspeita: Dolores Vazquez.

Dolores era a parceira de Alicia, a mãe de Roci. Embora não tivesse nenhuma evidência física, a polícia insistiu em processar Dolores, simplesmente pela mulher corresponder ao dito “perfil psicológico” de uma assassina.

A homofobia também afetou profundamente a maneira como Dolores foi retratada, caracterizada sempre como uma “lésbica violenta” e “dominante” na relação.

Tudo indica que Dolores e Alicia viviam uma relação feliz e tranquila. Os filhos de Alícia, inclusive, afirmavam ter “duas mães”. Mesmo assim, a polícia utilizou essa estratégia homofóbica para voltar a percepção do público contra Dolores.

A mídia também adotou essa narrativa marcada por especulação, descrita como “algo vindo diretamente de uma novela, ou de um filme de Pedro Almodóvar”.

Dois anos depois da descoberta do cadáver, Dolores foi condenada pelo assassinato da garota. Mesmo se declarando inocente, ela recebeu uma sentença de 15 anos de prisão.

Reviravoltas chocantes

Com a prisão de Dolores pela morte de Rocío, a história fica ainda mais complicada.

Em uma cidade a cerca de 25 quilômetros de distância de La Cala de Mijas, outra jovem garota também acaba desaparecendo.

Sonia Carabantes, de 17 anos, some misteriosamente a poucos passos de sua casa. Sua bolsa, telefone, e sangue, são encontrados na mesma região.

A história e a maneira como a jovem desaparece são extremamente familiares para quem viveu o circo midiático do julgamento de Dolores, realizado há cerca de 4 anos atrás.

Homicídio na Costa do Sol revela como as atitudes homofóbicas da imprensa e da sociedade espanhola influenciaram na condenação injusta de Dolores pelo assassinato de Rocío.

Dolores é inocentada após passar 17 meses presa, após uma amostra de DNA encontrada próxima a cena do crime corresponder à assinatura genética de Tony Alexander King, um maníaco sexual britânico.

O DNA ligou o criminoso aos assassinatos de Rocío e Sonia, e com a evidência, o criminoso é condenado a 55 anos de prisão.

Homicídio na Costa do Sol apresenta um olhar pesado e importante sobre a maneira que a imprensa e as impressões da sociedade podem influenciar o julgamento de um crime – assim como aconteceu com Elize Matsunaga no Brasil.

A série Homicídio na Costa do Sol está disponível na Netflix.

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