Bruno Rocha descobriu, enquanto se preparava para gravar 7 Prisioneiros, que sua mãe foi vítima de trabalho análogo à escravidão no passado. Uma situação parecida com a de seu personagem, Samuel, no longa-metragem da Netflix.
“Li o roteiro para minha mãe e contei o que acontecia no filme, toda a questão do trabalho escravo, e ela me para e fala: ‘Nossa, filho, mas essa história parece com a minha'”, revelou o ator em uma entrevista para a GQ Brasil.
“Quando eu descobri, foi muito forte para mim. Acabei contratando uma preparadora de elenco externa, porque eu precisava de alguma forma ter esse controle, e através da arte, vingar essa história”, acrescentou o ator de 7 Prisioneiros.
Sonho transformado em pesadelo
A mãe de Bruno Rocha saiu de Tupã, município no interior do estado de São Paulo, em busca de condições melhores de vida para a família.
“Ela ouviu em uma rádio o anúncio de uma mulher que precisava de uma empregada doméstica em São Paulo. Ela contou que a tal patroa a esperou na rodoviária, e quando ela chegou, foram direto para um posto de saúde fazer exame de sangue.”
“Quando ela chegou na casa da tal mulher, já foi informada que não seria paga pelos próximos dois meses.”
A mãe do ator vivia em condições precárias e ainda precisava lidar com toda a pressão psicológica da patroa.
“Dizia que a polícia ia atrás dela, ou que ela ia morrer se ela saísse de casa, e aí trancava a minha mãe. Acordava ela às 5 horas da manhã para começar a faxina, e o trabalho não tinha hora para acabar.”
O ator concluiu: “Ela começou a ter muito medo dessa mulher, até que a patroa descobriu que ela pulava o muro para comprar cigarro. Com medo dessa saída, e da minha mãe contar para alguém, a mulher jogou ela para fora e disse para nunca mais voltar.”
7 Prisioneiros está agora disponível pela Netflix.