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Bridgerton: O que é real e o que é ficção na série da Netflix

Saiba quais liberdades criativas a série da Netflix toma em sua representação da Era Regencial

Cartaz da 3ª temporada de Bridgerton
Cartaz da 3ª temporada de Bridgerton

Bridgerton é uma das séries de maior sucesso da Netflix. Apesar de ser um romance de época, ele toma devidas liberdades criativas quando se trata de sua representação da era regencial. Vamos ver o que é verdade e o que é mentira na série.

A produção acompanha a história da Família Bridgerton, um clã de aristocratas vivendo em Londres durante o período da Regência, no início do século XIX. Mesmo durando poucas décadas, a Regência é conhecida como uma época de grandes avanços e tendências diferenciadas nas belas-artes, arquitetura, moda e etiqueta.

“Bridgerton está de volta para sua terceira temporada e mostra Penelope Featherington finalmente desistindo de sua paixão de longa data por Colin Bridgerton, depois de ouvir suas palavras depreciativas sobre sua última temporada. Ela, no entanto, decidiu que é hora de arranjar um marido, de preferência um que lhe proporcione independência suficiente para continuar sua vida dupla como Lady Whistledown, longe de sua mãe e irmãs. Mas, sem confiança, as tentativas de Penelope no mercado matrimonial falham espetacularmente”, começa a sinopse da 3ª temporada.

“Enquanto isso, Colin volta de suas viagens de verão com um novo visual e um grande senso de arrogância. Mas ele fica desanimado ao perceber que Penelope, a única pessoa que sempre o apreciou como ele era, o está tratando com indiferença. Ansioso para reconquistar sua amizade, Colin se oferece para ser o mentor de Penelope para ajudá-la a ter mais confiança e encontrar um marido nesta temporada. Mas quando suas aulas começam a funcionar um pouco bem demais, Colin deve questionar se seus sentimentos por Penelope são realmente apenas amigáveis, enquanto a crescente presença de Penelope na sociedade torna ainda mais difícil manter seu alter ego Lady Whistledown em segredo”, continua a sinopse.

O elenco de Bridgerton conta com Nicola Coughlan, Luke Thompson, Jonathan Bailey, Bessie Carter, Bessie Carter, Claudia Jessie, Florence Hunt, Luke Newton, Polly Walker, Julie Andrews, Golda Rosheuvel, Adjoa Andoh, dentre outros.

Continue lendo para saber o quão historicamente precisa é Bridgerton.

Simon e Daphne em Bridgerton

Era Regencial reimaginada

Bridgerton nos transporta para a movimentada temporada social de 1813 em Londres, uma época repleta de debutantes que disputam a atenção na corte, todas em busca de casamentos vantajosos. A série da Netflix captura com maestria o espírito da alta sociedade da era Regencial, com o papel crucial da hierarquia social e da reputação.

No entanto, Bridgerton se destaca com suas ousadas escolhas de elenco inclusivo, apresentando uma versão muito mais diversa da sociedade inglesa e até da família real na série. Vemos uma sociedade onde pessoas de todas as etnias e origens se misturam nas classes altas. Isso não acontecia na época, na vida real, tampouco na série de livros Bridgerton, onde os mesmos personagens são predominantemente brancos e não de raças mistas.

A própria autora, Julia Quinn, afirmou que aprecia essa mudança refrescante em relação ao material original, pois ao tomar essa liberdade criativa, a série abre um fascinante enredo de “e se?”. E se as dinâmicas raciais do período fossem diferentes? Como os eventos históricos teriam se desenrolado?

Essa abordagem única adiciona uma camada de intriga e fantasia à série e nos convida a explorar uma versão mais inclusiva da história. É uma decisão progressista que redefine os limites do gênero, fazendo de Bridgerton uma fuga cativante para um mundo que é familiar e ao mesmo tempo refrescantemente novo.

Cena de Bridgerton

Figurinos

Vestidos deslumbrantes e chamativos, com acessórios sofisticados e toques de cores vibrantes, cortesia da grande figurinista Ellen Mirojnick, é um dos destaques de Bridgerton. Infelizmente, para todos nós sonhadores da moda, isso não seria o caso se algum dia fôssemos a um baile real da era Regencial.

Para começar, cores tão brilhantes não estavam disponíveis para as mulheres daquela época. Por exemplo, os vestidos florais que a mãe de Penelope costuma usar seriam totalmente impossíveis de fabricar.

As silhuetas, com as cinturas império e tecidos fluídos, estão basicamente corretas, mas os detalhes muitas vezes faltam, pois uma produção desse tamanho precisaria que os figurinos fossem produzidos rapidamente e em grande quantidade. Essa é a razão pela qual vestidos que seriam intrinsecamente bordados com joias à mão por meses são apresentados em sua forma mais simples na série.

Da mesma forma, as roupas dos cavalheiros, embora mantenham a essência do período com casacos sob medida e calças justas, muitas vezes se afastam da precisão com o uso de texturas e cores.

Tanto na moda feminina quanto masculina, Bridgerton escolhe a estética em detrimento da precisão, mas essas liberdades criativas só aumentam seu charme geral. Os figurinos em Bridgerton, embora não precisos, funcionam como declarações, refletindo a personalidade e o status de cada personagem.

Eloise Bridgerton

Linguagem e maneiras

Bridgerton caminha na tênue linha entre os tempos modernos e a reimaginação da era Regencial. Sua abordagem às maneiras e etiqueta, parte integral da sociedade da época, segue essa mesma linha com elegância.

Embora as reverências, saudações e apresentações formais estejam presentes, muitas vezes são executadas com um ar casual, que não condiz à época. Os personagens de Bridgerton navegam em sua sociedade com uma facilidade que, de certa forma, suaviza as rígidas normas sociais que definiam as vidas das pessoas reais da época.

Além disso, os diálogos entre os personagens às vezes se afastam das conversas cuidadosamente construídas que eram comuns entre a alta sociedade no tempo de Jane Austen.

Luke Thompson em Bridgerton, como Benedict

Questões Sociais

É compreensível que a série aborde as questões da época Regencial com certo brilho, muitas vezes priorizando a narrativa dramática e o apelo estético sobre o realismo.

A série toca nas expectativas sociais impostas às mulheres da época, mas o faz de maneira leve, apenas arranhando a superfície das limitações e dificuldades que as mulheres enfrentavam nos anos 1800. Bridgerton opta por uma narrativa mais moderna, onde as mulheres navegam em suas vidas com um certo grau de autonomia pessoal. Embora empoderadora e atraente para nós, espectadores modernos, essa narrativa suaviza as duras realidades da época.

Da mesma forma, ao abordar outras questões sociais, como divisões de classe, a série apresenta uma versão sanitizada da realidade.

Além disso, Bridgerton aborda outras questões sociais urgentes, como sexualidade e identidade, através de uma lente nitidamente moderna, priorizando o drama romantizado sobre uma exploração mais profunda desses tópicos, como eles teriam sido vivenciados no contexto histórico.

Cena da 2ª temporada de Bridgerton

Música e dança

As trilhas sonoras de Bridgerton não são o que estamos acostumados a ouvir em dramas de época. Em vez de optar por música clássica, os produtores da série escolheram versões instrumentais de músicas pop contemporâneas.

Isso traz um sopro de ar fresco ao salão de baile, onde um público jovem pode desfrutar de uma coreografia historicamente precisa, mas ainda se ver representado nos personagens. As músicas são cuidadosamente selecionadas para espelhar os sentimentos dos personagens em cada cena, então, quando vemos Kate Sharma observando Anthony, o irmão de Daphne Bridgerton, dançando com sua irmã enquanto “Dancing on My Own”, de Robyn, toca, podemos sentir totalmente o desespero e nos relacionar com esse sentimento de impotência.

Outra adição interessante à trilha sonora da série é a versão da música Bollywood “Kabhi Khushi Kabhie Gham”. Nesse caso, a versão atua não apenas como uma forma de trazer um toque moderno à cena, mas também de adicionar a dimensão da tradição e da representação cultural.

Ainda não há data de estreia para a 4ª temporada de Bridgerton na Netflix.

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