Nos últimos anos, a Netflix vem apresentando uma tendência preocupante: o cancelamento inesperado e precoce de várias séries queridas por público e crítica. Recentemente, a plataforma confirmou o fim de O Legado de Júpiter após apenas uma temporada.
Mesmo após investir mais de 200 milhões de dólares na produção – que era divulgada como um dos lançamentos mais aguardados do ano – a Netflix decidiu dar cabo à história, não autorizando a produção de uma segunda temporada.
Segundo o site Insider, o cancelamento de O Legado de Júpiter é apenas a ponta de um iceberg, que representa um dos maiores problemas da plataforma.
Confira abaixo tudo sobre o assunto!
O Legado de Júpiter e Invencível
Quando a adaptação da HQ Invencível estreou na Amazon Prime no início de 2021, conseguiu conquistar quase imediatamente a internet, com sua trama adulta, momentos de grande violência e críticas à visão tradicional dos heróis.
A produção animada, protagonizada por Steven Yeun (The Walking Dead) e JK Simmons (Homem-Aranha), garantiu uma dedicada base de fãs desde a exibição do primeiro episódio – sendo renovada para mais duas temporadas pouco depois.
Pouco depois de um mês da estreia de Invencível, a Netflix lançou sua própria série adulta de super-heróis: O Legado de Júpiter. Assim como a animação da Amazon Prime, a produção foi baseada em uma HQ da Image Comics.
No dia 2 de junho, menos de um mês após a estreia, a Netflix oficializou o cancelamento de O Legado de Júpiter, para a surpresa de assinantes, especialistas e até mesmo da equipe de produção.
Originalmente, o criador Mark Millar invisionou O Legado de Júpiter como uma série de mais de 40 episódios, divididos em 5 temporadas.
“Sinto que minha carreira toda me levou a esse momento. É como Game of Thrones ou O Senhor dos Anéis, mas com super-heróis”, afirmou o criador.
Com tantos planos e expectativas, o que aconteceu com O Legado de Júpiter?
O cancelamento da Netflix
A Netflix adquiriu os direitos de adaptação sobre o Millarworld em 2017, após uma contrato de mais de 50 milhões de dólares, que aparentemente foi perfeito para ambas as partes.
Mark Millar é um nome bastante conhecido no mundo dos quadrinhos, responsável por icônicas tramas da Marvel, como Guerra Civil e Old Man Logan. A Netflix, então, se estabeleceu como o lar perfeito para o quadrinista.
A plataforma, por sua vez, estava precisando de conteúdos com audiências angariadas, principalmente após o cancelamento das séries da Marvel.
Nos últimos anos, a Netflix tornou-se cada vez mais uma força titânica na indústria do entretenimento, com contratos milionários com criadores aclamados, como Shonda Rhimes, Ryan Murphy e David Fincher.
A intenção da plataforma parece ser produzir a maior quantidade de conteúdo possível, mesmo quando isso significa cancelar produções queridas.
A estratégia de lançamentos da plataforma pode ser descrita como “mais, mais e mais”. A empresa investe principalmente em séries com baixo custo de produção, reality shows, animações, e no lançamento de “filmes inéditos a cada semana”.
Isso não significa, necessariamente, que a Netflix é “pão-dura”, já que a plataforma deve investir cerca de 17 bilhões de dólares em conteúdo original em 2021.
O problema de O Legado de Júpiter não foi apenas financeiro, mas também criativo.
A primeira temporada da série serviu como um grande prólogo para a história original, mas pecou em deixar os momentos mais importantes para depois, falhando em conquistar o público e gerar a audiência que a Netflix planejava.
O Legado de Júpiter deveria ter sido uma história épica sobre gerações de super-heróis em conflito. Seus momentos violentos poderiam ter rivalizado até mesmo com os de The Boys e Invencível.
Infelizmente, nada disso aconteceu, e a produção acabou cancelada em sua primeira temporada – que continua disponível na Netflix.