Desde seu lançamento, O Poço rapidamente se tornou um fenômeno na Netflix, estando semana após semana entre os mais assistidos.
Sua temática com críticas sociais que se encaixam na atual situação da sociedade em meio ao coronavírus cativou o público.
No entanto, muitos espectadores não conseguiram entender todas as mensagens do filme, e ficaram um tanto quanto confusos ao final.
Falando exclusivamente ao Digital Spy após a estreia mundial do filme em setembro passado, o diretor Galder Gaztelu-Urrutia falou tudo sobre o final ambíguo do longa e sua mensagem.
Falhas ideológicas
O Poço parece ter uma visão muito sombria do mundo. À medida que a trama se desenvolve e Goreng descobre o objetivo do poço como um experimento social, a ideia de “solidariedade espontânea” é trazida à tona e imediatamente descartada como aparentemente impossível.
Isso leva a um plano para Goreng se unir ao companheiro Baharat para enviar uma mensagem às pessoas que estão no poço.
Seria fácil pensar no filme como anticapitalista, mas Gaztelu-Urrita ressalta que o filme mostra as falhas de diferentes ideologias.
“Certamente achamos que deve haver uma melhor distribuição da riqueza, mas o filme não é estritamente sobre o capitalismo”, explicou o diretor.
“Pode haver uma crítica ao capitalismo desde o início, mas mostramos que, assim que Goreng e Baharat experimentam o socialismo para convencer os outros prisioneiros a compartilharem de boa vontade sua comida, eles acabam matando metade das pessoas que pretendem ajudar.
No final, o problema surge quando você tenta exigir a colaboração de todos, e você vê que não há grandes conquistas até o final.
Goreng faz o que ele se propôs a fazer ao reduzir a panna cotta e a criança ao nível mais baixo, mas ele não mudou de ideia sobre compartilhar a comida.”
O final
A panna cotta não acaba sendo a mensagem que Goreng envia, pois percebem que uma garota que vêem no nível 333 é o “símbolo” que precisam enviar.
O Poço termina com a garota subindo a plataforma para o nível superior, mas pode não ser tão esperançosa quanto parece.
“Para mim, esse nível mais baixo não existe. Goreng está morto antes de ele chegar, e essa é apenas sua interpretação do que ele sentiu que tinha que fazer”, observou Gaztelu-Urrita.
No final, eu queria que fosse aberto à interpretação, se o plano funcionou e os superiores se importam com as pessoas no poço.
Na verdade, filmamos um final diferente da garota que chega ao primeiro nível, mas eliminamos do filme. Vou deixar o que acontece com a sua imaginação.”
Mensagem
Por mais que O Poço pareça ter uma mensagem política, Gaztelu-Urrutia não acredita que seja uma mensagem específica. “No final das contas, o filme não vai mudar o mundo, mas pode mudar o espectador”, observou ele.
“Portanto, também não mexemos com ninguém em particular, as únicas vezes em que temos personagens que diretamente representam alguém, são as alucinações de Trimagasi e Imoguiri, que representam egoísmo e altruísmo.
De muitas maneiras, o filme também foi uma lição para os envolvidos na produção, porque também vimos a mesma mensagem: a estupidez coletiva com a qual lidamos que nos impede de ver as questões realmente importantes.
O filme não retrata ninguém como particularmente ruim ou bom; é tudo sobre perguntar o que você faria se se encontrasse no nível 200 ou no nível 48.
É sobre os limites de sua própria solidariedade e como é fácil ser uma boa pessoa quando você está confortavelmente no nível 10, mas quão difícil é fazê-lo quando está no nível 182.”
O Poço está disponível para todos os assinantes da Netflix.