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Crítica | Anne With an E - 2ª Temporada

Anne With an E traz a sua segunda temporada para a Netflix. Apesar de não ser encaixar no modo operante da maioria das séries da gigante do streaming, que têm como missão instigar o espectador a assistir um episódio atrás do outro, a série chega com sua temporada completa para agradar o público mais dedicado e não deve decepcioná-lo.

Em sua primeira temporada, Anne With an E se apoiou somente na brilhante e exagerada atuação de sua protagonista. Dessa vez, com três episódios a mais, apesar da atuação de Amybeth McNulty continuar extraordinária no protagonismo, a série como um todo consegue mostrar uma ótima evolução para o seu roteiro. McNulty provou na primeira temporada que poderia sim segurar uma série nas costas, e continua seu bom trabalho. Ainda assim, é acertada a decisão de não despejar toda uma segunda temporada em suas costas.

A série como um todo cresce, dando espaço para personagens secundários exibirem todo o potencial de seus atores. Geraldine James consegue mais espaço para mostrar sua boa atuação, e o aproveita muito bem. R. H. Thompson também continua um belo trabalho, conseguindo se destacar mesmo quando não tem uma fala em cena, com o habitual olhar confuso e perdido de sua personagem reagindo aos acontecimentos ao redor.

Ao continuar seu andamento, a séria volta a mostrar uma deliciosa mistura do romantismo da era vitoriana e os problemas sociais que estes acarretam. A adição de novos personagens e mesmo a continuação de histórias “incompletas” se mostraram essenciais para o debate de questões ainda atuais como o feminismo, o machismo, a homossexualidade e o racismo.

Cabe ao personagem de Lucas Jade Zumann trazer uma quebra da cidade que acompanhamos nos primeiros episódios, mostrando outras realidades que não a focada na primeira temporada, enquanto toda a cidade se encontra em uma aventura única. Assim, a temporada pode ser dividida em dois arcos. Um deles mostrando as histórias paralelas de Anne e Gilbert, que em um primeiro momento apostam em um seguimento sequencial, somente para mais tarde voltarem à raiz da série, que traz pequenos acontecimentos episódicos terminados dentro de seus quarenta e cinco minutos.

O trabalho excelente de todo o seu elenco, seja adulto ou infantil, só pode ser prova de que a direção de atuação acerta tanto quanto a direção de fotografia, que traz belíssimos planos além de mostrar um competente trabalho quando tenta dar foco para os atores. Tecnicamente a série é impecável, sabendo também trabalhar o figurino dos personagens, tanto na questão histórica quanto ao exaltar a personalidade de seus personagens.

Anne With an E consegue despertar as mais diversas emoções no espectador, que continuará se encantado com o romantismo da série ao mesmo tempo que pode sentir lágrimas escorrerem conforme as frustações das personagens se apresentarem. A série é uma das de maior qualidade nas originais Netflix, fugindo das fórmulas normalmente empregadas pela empresa, que traz uma quantidade exorbitante de programas baseados em misturar fantasia, ficção científica e cultura pop para dar combustível para sua ideia de “binge watching”.

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