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Crítica | Apóstolo

Neste 12 de outubro é Dia de Nossa Senhora Aparecida, um dia importante para a comunidade cristã católica. Além de também ser comemorado o Dia das Crianças. Já para a Netflix, foi dia de liberar mais um de seus projetos originais. Em um dia de oração e agradecimento pela graça recebida, ou simplesmente de muita folia e diversão entre os menores, a provedora global via streaming lança Apóstolo, filme de terror de período. Transgredindo os princípios celebrados no dia com muito medo, sofrimento e litros de sangue.

Apóstolo conta a história de Thomas Richardson, que em 1905, viaja para uma ilha remota para resgatar sua irmã Jennifer após ser sequestrada por um culto religioso misterioso que pediu uma compensação financeira em troca da sua segurança. Mas ao chegar na ilha, Thomas investiga a fundo os segredos e mentiras sobre quais esta comunidade foi erguida.

É inegável que há bom material de conteúdo na obra do cineasta Gareth Evans, conhecido por seus trabalhos na cine série Operação Invasão, que revelou o ator lutador Iko Uwais para o mundo, e que pode ser visto recentemente no horroroso 22 Milhas. Mas, boa matéria-prima e construção ou desenvolvimento desigual não produzem grandes resultados, caso desta produção Netflix.

Apóstolo segue por dois caminhos: o primeiro, realista, discute os costumes das práticas religiosas, principalmente de comunidades fechadas como o culto prognosticado pelo Profeta Malcolm, papel de Michael Sheen; já o segundo, no campo da fantasia, temos uma bruxa bebedora de sangue responsável pela sobrevivência desta ilha.

É no primeiro que se encontram as melhores qualidades do longa, mas que só dão as caras com maior força nos quarenta minutos finais. Até lá, o filme de Evans tenta equilibrar este aspecto com o mistério envolto desta comunidade, e os segredos por de trás do profeta do culto de uma deusa protetora daquele pedaço de terra no meio do mar. Aí um problema, nessa maior parte do longa ficaremos só na tentativa mesmo, pois a atmosfera, apesar do eterno clima nublado, demora a empolgar, ou prender a atenção. Existe um ar de hostilidade, sim, mas mesmo este apresenta contrapontos tão acalentadores, tão sensíveis que acabam por abrandar muito a gravidade da trama, caso do romance entre os jovens Jeremy, papel de Bill Milner, e Ffion, interpretada por Kristine Froseth.

Tanto, que nenhum dos atores do elenco consegue entregar qualquer coisa mais marcante, a não ser Mark Lewis Jones, que faz um pai monstruoso e irmão invejoso. Não que o elenco deixe de entregar atuações minimamente competentes, não é o caso. Até é possível elogiar o nível de vibração e vigor no trabalho de Dan Stevens, conhecido por interpretar a Fera do filme clássico Disney, mas que se deixa cair em tiques como o franzir da testa, deixando-o sempre com um olhar fulminante e ameaçador; assim como também pode ser dito o mesmo a respeito de Lucy Boynton, que interpretará a companheira de Freddie Mercury no filme a ser lançado, Bohemian Rhapsody.

Agora, em termos fantásticos, a obra de Gareth Evans pouco faz, e apenas cai em lugares comuns. Certamente, o que de melhor pode-se dizer neste viés do enredo, é o segredo a respeito da constituição da ilha e sua história. Há um claro cunho religioso nisso tudo, pois para a terra dar frutos e florescer é necessário sacrifícios. Nem visualmente, Apóstolo é capaz de impressionar. Os efeitos especiais, de maquilagem, ou visuais pelo CGI apenas seguem padrões. Tem até um tipo monstruoso, todo ensanguentado, que parece saído de jogos de vídeo game como Resident Evil, por exemplo.

Na última parte, há uma boa recompensa aos adoradores do cinema splatter ou gore. São muitas as cenas de violência gráfica em Apóstolo da Netflix, especialmente no terço final. Objetos de tortura que perfuram o crânio, fazendo o cérebro ficar igual carne moída comprada no açougue, além de deixar um rombo enorme; pessoas com lanças atravessadas pelo corpo; rolos de metal pontiagudos que decepam mãos e braços, além de algumas apunhaladas aqui e acolá.

Assim, de maneira desigual é a obra de Gareth Evans. Incapaz de arrepiar a espinha dorsal pelo suspense ou mistério, mas contundente ao abordar a fragilidade do ser humano diante do poder e controle … com sangue, um banho de sangue!

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