Street Dance

Crítica - Na Batida do Coração

Produção alemã da Netflix mistura dança e emoções em romance teen.

Em 2001, foi lançado No Balanço do Amor, estrelando Julia Stiles e Sean Patrick Thomas. O filme produzido pela MTV americana foi um sucesso, em particular, com o público mais jovem, ao misturar dança com o que parecia ser um romance improvável. Vinte anos depois, precisamente. A Netflix entrega Na Batida do Coração, produção alemã que navega pelas mesmas águas.

Katya (Alexandra Pfeifer), uma jovem bailarina clássica se prepara para fazer um teste que pode levá-la a umas das melhores escolas de balé no mundo em Nova York. Vinda de uma família de bailarinos, sente a responsabilidade de continuar com o legado de seu sobrenome, especialmente após o acidente de seu pai, uma lenda do balé alemão. Porém, as frustrações da vida acabam redirecionando a jovem para o street dance, onde encontra Marlon (Yalany Marschner), um garoto que sonha praticar e viver da dança de rua. Agora, a garota se encontra entre dois mundos, tentando decidir qual rumo deve seguir.

Vamos dançar

É claro como cristal que Na Batida do Coração, não pisa em novo território. Muito pelo contrário. Tente fazer um exercício de memória, quantos filmes (ou séries) já assistiu que estabelecem uma sintonia entre música e dança com problemas, frustrações na vida real? Muitos para comentar, não é? E, essa é a graça desse filão cinematográfico, cada um ter o seu predileto por circunstâncias que conectam, como que exclusivamente, à sua pessoa, ou o momento que está passando.

Produções sobre dança sempre foram, e provavelmente, continuaram sendo, garantia de sucesso, já que o tipo de público que aprecia este gênero em específico, sempre está lá para se envolver de corpo e alma na história. Só perceber quantas sequências que fizeram para o clássico cult Ela Dança, Eu Danço (2006)!

A produção alemã da Netflix propõe a mistura de dois mundos diferentes, o clássico e o moderno, a alta classe e o urbano, a perfeição e a urgência, e assim por diante.

A boa e velha dicotomia de contrários que se complementam. Já escutou essa frase, né? Os opostos se atraem. Claro, que isso não é uma regra, vide o mundo histericamente polarizado que observamos todos os dias, na TV, redes sociais, e qualquer outro canto onde existam pessoas que possuem pontos de vista diferentes.

Certamente, é por isso que continuam produzindo filmes como Na Batida do Coração, na tentativa de estimular o próximo, observar o outro lado, e de certa forma, buscar encontrar algum ponto de convergência.

Katya e Marlon estão opostos. Ela sabe quais são suas origens e sente diariamente o peso e cobrança destas, já Marlon não sabe de onde veio, e não tem a quem recorrer na vida. Desta maneira, o casal tem algo em comum: o instinto humano de sobreviver por mais um dia, pelas presenças ou ausências, que os afetam.

E, qual o meio que usam para isso?

A dança.

Sobrevivência

O longa dirigido por Stefan Westerwelle opta por focar mais em Katya do que Marlon, até porque o jovem mostra-se um personagem muito maduro, e consciente do que tem em volta, e essencialmente, dentro de si.

Já ela, além de viver com a sombra de seu sobrenome, convive diariamente com o medo do que mais pode perder, emocionalmente, ou até de modo literal.

É certo, que este seja o único aspecto em Na Batida do Coração que traz algum pulso emocional que te atrela a história sendo contada.

O balé, dança clássica que busca a elevação pelo movimento perfeito, não é mais capaz de saciar o espírito desconcertado de Katy. Todavia, o hip-hop e a dança de rua acendem algo dentro da jovem.

Mais: Não conseguem conter isso, fazendo Katya se expressar em toda sua urgência, como um animal fora da gaiola.

De certa maneira, Westerwelle repete Tom McCarthy no tocante O Visitante (2007), sobre um senhor viúvo que tenta emular sua esposa fazendo aulas de piano, mas que se sente mais à vontade quando está batucando um djembê.

No fim, é sobre isso que fala o comum, mas passional Na Batida do Coração. Saber, compreender e aceitar o que se está sentindo naquele momento, é saber, compreender e aceitar a si mesmo.

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