Foi um acerto da Netflix Brasil não traduzir o título de sua nova sitcom de comédia Pretty Smart para ‘Bem Esperta’. Foneticamente, soa melhor no original inglês, além de definir muito bem como seremos apresentados à protagonista da trama, papel da jovem atriz e cantora Emily Osment.
Pretty Smart, que se encontra disponível na Netflix, é uma típica sitcom de humor para toda a família, pois é dinâmica, leve, romântica e um tantinho emocional. É aquele produto de fácil digestão para todos, portanto, não encontrará aqui qualquer elemento capaz de fascinar o assinante da plataforma. Teremos apenas o mínimo suficiente para nos manter entretido, enquanto damos algumas boas e genuínas risadas de um roteiro que apesar da estrutura tradicional, contém diálogos de acordo com os tempos que vivemos.
Nesta primeira temporada, Chelsea (Emily Osment) é uma estudiosa acadêmica que se vê obrigada a morar junto da irmã mais nova Claire (Olivia Macklin) e outras três pessoas, todos sob o mesmo teto. Chelsea percebe que todo o seu conhecimento acadêmico não irá ajudar ela nesse momento de transição que está vivendo. Assim, descobre que tem muito a aprender sobre si mesma e a própria felicidade.
Sem inovação, mas agradável
Para aqueles que advogam a favor da ideia de julgar o livro pela capa, Pretty Smart vai ser aquela típica produção que muitos vão assistir o primeiro episódio ‘Adivinha? A Irmã da Claire está chegando!’, analisar apenas este início da história e, logo em seguida, largar ali mesmo. Provavelmente, não se arriscariam a suportar mais desse conceito proposto pelos criadores Jack Dolgen e Doug Mand.
Honestamente, não podemos culpar estes que preferem julgar à primeira vista, já que a mais recente série Netflix começa bem mal das pernas.
O problema maior é a apresentação das personagens que se encontram no centro de tudo. Dentre as cinco personagens, apenas uma aparenta servir de contraponto às outras, que parecem um tanto quanto ingênuas e abobalhadas.
Porém, para aqueles que resistirem aos momentos de baixa, teremos uma narrativa que vai crescendo gradualmente. Nunca alcançando níveis mais altos, mas cumprindo as funções dramáticas básicas, ao mesmo tempo fazendo rir com cinco personalidades que são, sim, diferentes umas das outras.
É através do carismático elenco que seremos transportados a bordo de Pretty Smart, que tem Emily Osment como a maior referência. Quando foi dito antes que o título faz jus à sua protagonista, não era brincadeira!
Chelsea é realmente muito esperta e intelectual, dois adjetivos que não são capazes de ajudá-la neste momento de necessidade que vive. Desta maneira, a jovem terá que se abrir à novas possibilidades, se quiser continuar relevante para si mesma, além daqueles que admira.
Uma família diferente
Obviamente, toda a jornada da protagonista teria sido muito diferente sem os coadjuvantes tão preciosos que ela teve. Aqui encontramos o grande mérito de Pretty Smart da Netflix: provar que pessoas de personalidades bem diferentes podem complementar umas as outras, caso estejam disponíveis para perdoar e aceitar um ponto de vista oposto ao que conhece.
A sabichona Chelsea contradiz cada um dos residentes da casa no começo, para depois perceber que se continuar fazendo isso, ficará ainda mais sozinha. Algo que ela não quer para si, definitivamente.
Esta dinâmica fluente do texto de Jack Dolgen e Doug Mand não permite espaços vazios, consequentemente, seja através da estrela principal ou de seus parceiros em cena, estamos sempre sendo preenchidos com pequenos detalhes da vida de cada um destes.
Por exemplo: Solana (Cinthya Carmona) é uma cartomante curandeira amante dos cristais, que no passado foi uma advogada do tipo osso duro de roer; Jayden (Michael Hsu Rosen) é um influenciador digital famoso que não sabe lidar com feedbacks negativos em qualquer um dos seus canais de mídia; ou, Grant (Gregg Sulkin) que é um personal trainer muito sensível e empático, apesar de ser alguém muito fácil (!) de levar no bico.
Toda essa mescla de diferenças traz um certo charme à narrativa de Pretty Smart, que não foge à regra, mas preserva os elementos primordiais para que o assinante Netflix não fique entediado com histórias de vida comuns, porém nunca descartáveis.