Até dá para imaginar aquela reunião entre a companhia de produção e a distribuidora Netflix, quando várias cabeças pensantes se juntam tentando bolar uma nova ideia para chamar a atenção do público em mais uma história natalina!
Lembrando que só neste mês (novembro) foram quatro produções sobre o Natal: Um Match Surpresa, O Bom Velhinho Voltou, A Princesa e a Plebeia: As Vilãs Também Amam e Um Menino Chamado Natal.
Entre estes filmes, todos disponíveis no catálogo da Netflix, apenas Um Menino Chamado Natal merece elogios, principalmente por fundir tradicional e modernidade de um modo que a mensagem fique genuinamente honesta enquanto diverte o assinante que adora as festividades do fim de ano.
Todas as outras citadas logo acima – apesar de simpáticas – mostram enorme dificuldade de escapar do burocrático piegas açucarado que só convence aqueles mais sentimentalistas. E, infelizmente, constataremos que a quinta produção do mês, Um Castelo para o Natal, é outro destes exemplares fílmicos esquecíveis sobre a data mais familiar do calendário.
Um Castelo para o Natal, dirigido por Mary Lambert, acompanha a história da autora americana de sucesso Sophie Brown (Brooke Shields), que viaja para a Escócia para escapar doe um escândalo relacionado ao lançamento do seu último livro. Enquanto está lá, ela acaba se apaixonando por um castelo que teve seu avô como funcionário e cuidador muitas décadas atrás, mas também deve ter de aguentar o duque mal-humorado (Cary Elwes), proprietário do grande casarão antigo.
De volta aos anos 1980
É inegável que temos no papel uma boa sacada em Um Castelo para o Natal, que resolveu trazer dos anos 1980 para os dias de hoje: uma dupla de atores profissionais que foram símbolo daquela época.
Ela é Brooke Shields, hoje com 56 anos de idade, que estrelou o clássico cult A Lagoa Azul (1980), obra dirigida por Randal Kleiser que fez muito sucesso, especialmente entre o público mais jovem.
Ele é Cary Elwes, hoje com 59 anos de idade, protagonista ao lado de Robin Wright em A Princesa Prometida (1987) de Rob Reiner, que também construiu uma gigante base de fãs ao longo dos anos, ao ponto que em 2016, o filme foi incluído no National Film Registry (NFR), sendo considerado “culturalmente, historicamente ou esteticamente significativo” para a cultura americana.
Se alguém daquela reunião comentada anteriormente teve tal sacada de “ressuscitar” ambos para estrelar uma comédia romântica natalina para a Netflix, definitivamente merece um aumento, mesmo porque este é o único (!) atrativo de algum valor na obra de Mary Lambert.
O casal Brooke Shields e Cary Elwes vão bem nessa historinha quadrada, que só é capaz de tocar a superfície emocional do espectador. Lamentavelmente, faltou tempero nessa ceia de Natal que depende muito da simpatia de Shields (que não envelheceu cinco minutos em quatro décadas), além das caras e bocas de Elwes, que já foi daqueles galãs que viraram pôster nos quartos de milhares de garotas muitos anos atrás.
Saldo natalino da Netflix em novembro
Como de costume, mantendo a toada dos últimos anos, testemunhamos novamente mais uma leva de produções natalinas distribuídas pela Netflix que muito, mas muito raramente causam qualquer impacto emocional ou mesmo de outro tipo em seus assinantes.
Sabemos de muito tempo que produções deste estilo costumam seguir uma fórmula, que não mais pode ser classificada como um sucesso, vide termos cinco longas-metragens lançados no mesmo mês!
Tais números figuram mais uma tentativa desesperada de fazer algum destes cinco ficar entre os mais assistidos da Netflix por um período maior que um fim de semana do que realmente oferecer uma obra sobre o Natal que seja capaz de se tornar uma tradição durante as festas familiares espalhadas por todo o mundo.
É uma pena, mas a Netflix nos obriga a assistir ambos Esqueceram de Mim, estrelados por Macaulay Culkin, pela 256ª vez.