Catfish

Crítica – Um Match Surpresa

Rom-com natalina da Netflix não move montanhas, mas é genuinamente agradável

Já faz alguns anos que sabemos que após o Halloween, época quando são lançadas algumas tantas obras do gênero terror, chegam as festividades do Natal. Momento do ano que a Netflix despeja uma quantidade considerável de filmes e séries que têm como pano de fundo: árvores de Natal cheias de ornamentos, pisca-piscas em todos os cantos, ceias fartas, além de muita neve!

Do comecinho de novembro até o dia 25 do mês seguinte é uma overdose natalina!

Lamentavelmente, não podemos dizer que a maioria dos lançamentos da plataforma funciona, pois além do fato de serem muitos, geralmente soam um bocado repetitivos e desinspirados. Sendo que em boa parte dos casos adoram misturar as festas de fim de ano com uma confortável comédia romântica, já que se é para celebrar o amor em família, por que não festejar também com uma dose pesada de amor romântico?

Entra Um Match Surpresa, a mais recente adição ao catálogo que relata a vida amorosa de Natalie Bauer (Nina Dobrev), uma jovem que vive em Los Angeles e se apaixona por alguém que conheceu pelo aplicativo de namoro, que decide viajar para a cidade onde ele mora na Costa Leste americana para surpreendê-lo a poucos dias do Natal. Porém, chegando lá, descobre uma roubada. Mesmo assim, ela descobre que a paixão dela, na verdade, mora na mesma cidade, e o jovem que a enganou se ofereceu para ajudar Natalie a conquistar seu pretendido. Apenas, com uma condição: ela fingir ser sua namorada até a noite de Natal.

Receita de bolo…

(Quase) toda vez que adentramos o cinema natalino, sabemos onde estamos, para onde vamos e como tudo vai terminar no fim das contas!

Não é necessário ir muito longe para afirmar que em termos de roteiro, isto seria um problemão! Todavia, longas natalinos em sua grande parte, não são sobre grandes surpresas, reviravoltas ou mesmo conflitos marcantes. Na realidade preferem mais confortar àqueles que assistem através de uma típica história de superação onde o amor e a compaixão sempre reinam no final.

Inegavelmente existem notáveis obras natalinas no mesmo estilo que Um Match Surpresa que são capazes de nos tomar inteiro por variados motivos, como por exemplo: Tudo em Família (2005) de Thomas Bezucha; O Amor Não Tira Férias (2006) de Nancy Meyers; e, Simplesmente Amor (2003) de Richard Curtis, exaltado como o maior clássico natalino deste século.

Para os mais fanáticos, Um Match Surpresa copia uma das cenas mais icônicas de Simplesmente Amor… com uma proposta diferente, claro!

Também é bem óbvio que este longa-metragem original da Netflix passará longe de se tornar um clássico indispensável para curtir no conforto do sofá ou cama no próximo 25 de dezembro, ou em outros tantos pelos próximos anos.

… saborosinha

Ainda assim, deve-se elogiar alguns pequenos predicados encontrados neste filme dirigido por Hernán Jiménez, que conseguiu levar alguma genuinidade pelas performances do casal protagonista, interpretados pelos atores Nina Dobrev e Jimmy O. Yang. Especialmente nas cenas cômicas, quando aparecem muito à vontade, lado a lado.

Lógico que aproveitaram a oportunidade de um par romântico nada comum para os padrões, para claramente rompê-los com uma lição sobre o que realmente importa na verdade, além de indicar os males causados do que chamam de ‘catfish’, que significa peixe-gato em tradução literal, mas usado para indicar pessoas mal-intencionadas que criam um ou mais perfis falsos na Internet para enganar usuários emocionalmente, ou até financeiramente.

Única coisa é que eles só mostram o lado “bonitinho” do tal ‘catfish’, quando escolhemos enganar o outro por questões ligadas à nossas próprias inseguranças.

Fatores como este impedem Um Match Surpresa de ser mais do que o básico do básico. Lembrando que apesar disso, experimentamos uma receita saborosinha… que possivelmente não iremos repetir mais de uma vez.

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