Quando estreou em 2018, Você logo depois, tornou-se o assunto de inúmeras discussões e debates online em torno da romantização do assassino em série e do protagonista ‘stalker’ em questão.
De acordo com muitos repórteres e críticos, foram expressas preocupações em relação aos espectadores que se identificaram positivamente e se conectaram com o personagem de Penn Badgley em várias plataformas de mídia social, apesar dos atos transgressivos que o protagonista exibiu e cometeu ao longo daquela temporada.
Depois que Badgley recebeu mensagens de vários fãs e espectadores da série, aparentemente glorificando os comportamentos violentos de Joe no processo, o ator respondeu nas redes sociais sobre a importância de não romantizar as ações de um assassino psicopata.
Elizabeth Lail, sua parceira na primeira temporada, endossou o discurso de Badgley acrescentando que – “Acho que fomos programados dessa forma. Eu inclusive. Com todas as comédias românticas e contos de fadas que lemos, estamos programados para torcer pelo herói a qualquer custo, infelizmente. E então, minha esperança é que as mulheres percebam isso dentro de si e se perguntem, ‘oh Deus, por que eu amo este homem terrível?’ Espero que elas reconheçam isso como uma tendência inconsciente (que está dentro da maioria de nós) e trabalhem ativamente contra isso.”
É sempre um tanto complicado em alguns casos, tentar explanar quais os objetivos de uma forma artística e o porquê escolhem certos caminhos para indicar um determinado ponto de vista. É difícil tanto para cineastas conceituados mundialmente como Paul Verhoeven (Robocop – O Policial do Futuro; Instinto Selvagem; Elle), quanto para diretores cômicos, tipos os Irmãos Farrelly (Debi & Loide – Dois Idiotas em Apuros; Quem Vai Ficar com Mary?; Eu, Eu Mesmo e Irene).
Por isso, a importância de manter o canal de diálogo aberto para que possamos conversar diferentes ideias na tentativa de compreender quais as intenções e como são aplicadas algumas das temáticas propostas em nosso dia a dia.
Na terceira temporada da série original Netflix, Joe (Penn Badgley) e Love (Victoria Pedretti) se casam e criam seu filho recém-nascido, Henry, no subúrbio californiano de Madre Linda. À medida que a dinâmica do relacionamento dá uma nova guinada, Joe continua a repetir o ciclo de obsessão com um interesse crescente por Natalie (Michaela McManus), a vizinha. Desta vez, Love inverterá o roteiro para garantir que seu sonho de ter a família perfeita não seja destruído tão facilmente pelas ações compulsivas de Joe.
O assassino em mim
A maior esperteza do material desenvolvido por Greg Berlanti e Sera Gamble ainda vem pela ideia de revelar os desejos mais sórdidos em cada de um de nós pelas atitudes do casal psicopata no centro da trama, que dessa vez provoca uma reflexão quando mata a mulher adúltera, ou agride o indivíduo que é antivacina, etc…
Nos acostumamos a torcer por Joe e sua amoralidade, assim como também nos relacionamos emocionalmente quando percebemos a humanização da figura, que almeja uma vida diferente daquela que ele mesmo propôs a si.
E, através de Penn Badgley ganhamos uma personificação cheia de Joe, que na maioria do tempo estabelece uma expressão corporal que diz uma coisa e traços faciais que dizem outra; além de uma inflexão na voz que narra os fatos que elevam humor e extrema ironia nas cenas.
Pelo protagonista de Você que nos conectamos à história. Sorte ainda maior, que desta vez Badgley não está sozinho para carregar o piano.
A assassina em mim
Provavelmente após assistirem esta terceira temporada da série original Netflix, veremos que no centro da conversa encontra-se a talentosa atriz Victoria Pedretti que deu um show em cena!
Muito atraente a ideia dos criadores de oferecer um espelho, ao mesmo tempo que uma rival que estimula grandes provocações, além de muitos desafios, tanto para Joe quanto para nós que estamos assistindo.
Pela profissional de apenas 26 anos de idade (que é uma cópia mais jovem da atriz Rebecca Hall), ganhamos de presente uma atuação muito envolvente, onde é possível abraçar todas as vulnerabilidades da personagem, assim como também nos extasiarmos quando Love assume o comando da situação, surpreendendo a todos, principalmente seu marido.
Não será surpresa alguma se testemunharmos Victoria Pedretti figurando a próxima temporada de prêmios pelo trabalho apresentado na terceira parte de Você da Netflix.
Trabalho em equipe
Se ele encanta, e ela brilha. É esperado que fizessem desta união de talentos e ideias: o grande atrativo da temporada.
Os melhores momentos de Você acontecem quando temos Joe e Love cuidando e trabalhando pela preservação de seu casamento. A sinergia entre atores é incrível, funciona no drama, nos momentos de humor sadista, inclusive nas cenas de sexo, que demonstram flamejante paixão.
Os episódios ‘Unidos em Madre Linda’ e ‘Na floresta’ são o melhor exemplo do ótimo funcionamento dessa parceria, que atrai o assinante Netflix nos momentos mais caóticos, que mostram o desvio amoral de ambos, também revelando algumas de suas angústias internas; como nas cenas mais ternas, indicando o amor que sentem um pelo outro.
Sobre casamento
Na segunda metade de Você encontraremos um cenário bem diferente do que foi visto até o momento, já que um dos cônjuges começará a apresentar algumas tendências comportamentais similares com algo já muito familiar entre os fãs da produção original Netflix.
Nesta hora é possível estabelecer uma comparação entre a série criada por Berlanti/Gamble e Sex/Life, também uma produção da plataforma Netflix que mirava comentar as manobras e dificuldades de um casamento.
Se a última tinha o sexo como combustível para a discussão, Você põe a violência no meio da relação tóxica entre Joe e Love, que apesar do amor, percebem que isto pode representar a ruína de tantas tentativas e esforços para fazer dar certo.
Já foi garantido que teremos uma quarta temporada em breve, que continuará indagando a mesma pergunta que vem sendo feita desde o início – Afinal, o que quer Joe?