Recentemente, a Netflix se envolveu em uma grande polêmica por piadas problemáticas no especial de comédia de Dave Chappelle. O humorista já havia causado a ira do público LGBTQ+ pela controvérsia em seu primeiro especial, e agora, repete a mesma polêmica. A acusação de transfobia teve reflexos dentro da própria plataforma, com um pedido de boicote feito pela criadora da série Cara Gente Branca.
Para quem não sabe, transfobia é qualquer ação ou comportamento que tem base no medo, intolerância, discriminação ou ódio às pessoas trans, devido à suas identidades de gênero. Atos de transfobia englobam agressões físicas, verbais ou psicológicas – até mesmo as que aparecem disfarçadas como piadas.
Em seu novo especial de comédia, Dave Chappelle manifesta apoio à autora JK Rowling, da saga Harry Potter, que também foi criticada por comentários anti-trans. Em um monólogo, o comediante faz diversas afirmações consideradas transfóbicas pelo público da Netflix, além de reafirmar estereótipos de gêneros e outras problemáticas.
O site Insider revelou tudo sobre o boicote que acontece dentro da própria Netflix; confira abaixo tudo que você precisa saber sobre essa história.
Boicote na Netflix após a polêmica de Dave Chappelle
Jaclyn Moore, a showrunner da popular série Cara Gente Branca – que lançou sua temporada final em 22 de setembro – anunciou em seu Twitter que não vai trabalhar mais com a Netflix devido aos “comentários transfóbicos e perigosos” de Dave Chappelle em seu especial de stand-up.
Em uma entrevista à Variety, Moore explica o motivo do boicote ao serviço de streaming. A showrunner de Cara Gente Branca é trans, e relembra que essa não é a primeira polêmica do comediante em relação à diversidade LGBTQ+.
“Eu nunca gostei do material do Dave sobre as pessoas trans, mas dessa vez, tudo foi diferente. Essa é a primeira vez que sinto que as pessoas estão rindo dessas piadas porque acreditam que é um absurdo me chamar de mulher”, comentou a produtora.
Moore afirma não querer “cancelar” Chappelle, e afirmou que o comediante “deve ter a permissão para fazer o que quer”. Porém, a decisão da Netflix de lançar o especial foi uma surpresa.
“Eu não sei como eles deixaram isso passar. Trabalhei em uma série na Netflix, e sei que eles pensam nessas coisas e têm debates sobre essas temáticas”, conta a showrunner.
As piadas vistas como transfóbicas de Dave Chappelle também causaram uma onda de comentários negativos na internet, com muitos assinantes pedindo o boicote da plataforma.
“Não sei o que a Netflix deve fazer, mas algo tem que ser feito. Seja remover parte do especial ou consertar o erro de alguma outra forma, não sei”, opinou Moore.
De acordo com uma matéria do site Insider, os funcionários da Netflix também reclamam do especial de Dave Chappelle.
“Ontem nós lançamos outro especial do Chappelle, no qual ele ataca a comunidade trans e a validade das identidades de gênero – tudo isso tentando nos colocar contra outros grupos marginalizados”, comentou uma funcionária da plataforma nas redes sociais.
GLAAD, uma das mais importantes associações de proteção e luta pelos direitos dos LGBTQ+, também condenou a decisão da Netflix em exibir um conteúdo tão polêmico.
“A marca do Dave Chappelle se tornou sinônima à ridicularização das pessoas trans e outras comunidades marginalizadas. A grande quantidade de críticas dos espectadores a esse último especial passa uma mensagem importante para a indústria, e mostra que o público não apoia ataques à comunidade LGBTQ+. E nós concordamos”, afirmou a organização em seu Twitter.
O especial de comédia de Dave Chappelle continua disponível no catálogo da Netflix.