O Estranho que Nós Amamos, que tem a direção de Sofia Coppola está na Netflix e já foi premiado em Cannes.
A trama se passa em Virginia (1864), em meio ao turbilhão da Guerra Civil Americana, a tensão e o caos dominam o cenário. No coração desse conflito, John McBurney (Colin Farrell), um cabo da União ferido em combate, encontra-se em uma situação precária. Enquanto luta pela sobrevivência, é resgatado por Amy (Oona Laurence), uma jovem estudante que o descobre em um bosque, gravemente ferido.
Amy leva McBurney para um refúgio inesperado: um internato feminino isolado, dirigido pela austera Martha Farnsworth (Nicole Kidman). Esse internato, que já foi um símbolo de tranquilidade e educação, agora funciona como um santuário improvável em tempos de guerra. Com o mundo externo em tumulto, as residentes da escola vivem em um delicado equilíbrio de ordem e disciplina.
Conforme McBurney é levado para dentro da casa, as mulheres enfrentam um dilema: cuidar de um soldado inimigo ou entregá-lo imediatamente às autoridades confederadas. Movida por um senso de compaixão e dever, Martha decide tratá-lo até que se recupere o suficiente para partir. No entanto, a presença de McBurney começa a perturbar a harmonia do internato.
À medida que o tempo passa, McBurney se torna uma figura de fascínio e mistério para as mulheres da casa. A sua presença desperta sentimentos adormecidos e desejos reprimidos, criando uma atmosfera carregada de tensão emocional. Edwina (Kirsten Dunst), uma professora ansiosa por um escape da monotonia de sua vida, e Alicia (Elle Fanning), uma estudante jovem e espirituosa, começam a competir pela atenção do carismático intruso.
Essa dinâmica complexa de rivalidade e desejo leva a um jogo psicológico intenso, onde cada mulher projeta suas próprias esperanças e frustrações sobre McBurney. Em meio a sussurros e olhares furtivos, o internato torna-se um caldeirão fervente de emoções, revelando a vulnerabilidade e a força das suas residentes.
O que começa como um ato de misericórdia transforma-se em um perigoso jogo de poder e sedução, com consequências que ameaçam mudar o destino de todos envolvidos. À medida que lealdades são testadas e segredos são revelados, cada personagem é forçado a confrontar seus próprios limites morais e emocionais.
Mais detalhes do filme premiado em Cannes
No filme O Estranho que Nós Amamos, o espectador é envolvido por uma gama de sentimentos contrastantes, desde a sutileza até a brutalidade. Sofia Coppola, com sua visão única e sensível, conduz o projeto com maestria, mergulhando profundamente na psique humana, especialmente a feminina.
A narrativa gira em torno de John McBurney, um cabo do Exército da União ferido durante a Guerra Civil Americana (1861-1865), que, em um ato de desespero, deserta do 66º Regimento. Coppola adapta “The Beguiled”, romance de Thomas P. Cullinan de 1966, suavizando algumas arestas, mas mantendo a essência moralmente ambígua dos personagens, como visto na versão de 1971 dirigida por Don Siegel.
Em 1864, na Virgínia, Amy, a mais jovem interna do internato feminino dirigido por Martha Farnsworth, encontra McBurney gravemente ferido sob um salgueiro-chorão e decide levá-lo para casa. A interação entre Oona Laurence e Colin Farrell é comovente, e a cinematografia de Philippe Le Sourd, com seu uso magistral de luz e sombra, confere uma atmosfera sombria à cena. A jornada de McBurney até a propriedade, com a ajuda de Amy, esgota suas últimas forças, e ele chega quase morto aos pés de Farnsworth, interpretada por Nicole Kidman, que é chamada às pressas pela jovem Laurence.
Kidman, com sua habilidade de revelar camadas complexas em seus personagens, mescla elementos de suas performances anteriores em Os Outros (2001) e Dogville (2003). Kirsten Dunst, uma colaboradora frequente de Coppola, interpreta Edwina, um raio de luz em um ambiente imerso em silêncio e ordem femininos. A tensão aumenta à medida que Edwina e Alicia, a provocante personagem de Elle Fanning, começam a competir pela atenção de McBurney.
O filme é voltado para destacar a complexidade moral de todos os personagens, conferindo a O Estranho que Nós Amamos uma aura de tragédia romântica reminiscente dos clássicos de Giovanni Boccaccio e Gregório de Matos. A reviravolta no clímax revela as contradições ocultas no íntimo de cada personagem, e a resolução de Farnsworth para lidar com McBurney provoca um misto de alívio e desconforto, refletindo a dualidade da natureza humana, ao mesmo tempo bendita e diabólica.
Assista ao trailer de O Estranho que Nós Amamos da Netflix: