Maid, é uma série original da Netflix, que acompanha Alex (Margaret Qualley), uma jovem mãe que consegue um emprego limpando casas para escapar de um relacionamento abusivo.
A trama começa quando Alex decide sair do trailer em que mora com o marido, Sean (Nick Robinson), no meio da noite, levando a filha de três anos. Vítima de abuso psicológico, a jovem mãe enfrenta uma jornada tripla para cuidar da filha enquanto trabalha em uma empresa terceirizada de empregadas domésticas, chamada Value Maids, e depende dos escassos (e burocráticos) auxílios governamentais para ter o que comer e onde morar.
Durante sua jornada, Alex é acolhida em um abrigo para jovens vítimas de abuso e começa a trabalhar como empregada doméstica, economizando dinheiro para encontrar um lugar seguro onde possa morar com a filha.
Os dez episódios da série são inspirados na história real da autora Stephanie Land, narrada no livro Superação: Trabalho Duro, Salário Baixo e o Dever de Uma Mãe Solo, um dos mais vendidos do New York Times.
Linha da pobreza
Land viveu durante anos abaixo da linha da pobreza, contando apenas com os auxílios do governo para cuidar da filha, Story. Seu trabalho como empregada doméstica em uma empresa oferecia um retorno muito baixo aos seus funcionários.
Por isso, temas como a violência doméstica e a “uberização” das relações de trabalho são amplamente discutidos na série. A trama não só aborda a luta pessoal de Alex para escapar de um relacionamento abusivo, mas também destaca as dificuldades de sobreviver em empregos precários e mal remunerados.
A série conta com o carisma da jovem atriz Rylea Nevaeh Whittet, que interpreta a filha de Alex, e o talento de Margaret Qualley, conhecida por seus papéis em The Leftovers e Era uma Vez em… Hollywood. A atuação convincente de Qualley, combinada com a autenticidade da história, torna a série uma reflexão poderosa sobre as adversidades enfrentadas por muitas mulheres na sociedade contemporânea.
LEIA TAMBÉM
Na vida real
Na vida real, Stephanie Land cresceu entre Washington e Alaska e teve sua primeira filha quando estava na casa dos vinte anos. Ao decidir se afastar do companheiro, que a submetia a violência psicológica, enfrentou uma batalha solitária, pois não contava com o apoio da família.
Apesar de buscar refúgio com o pai por um período, ela teve que partir após testemunhar sua madrasta sendo agredida por ele. Sua mãe também não ofereceu o suporte necessário. Diante dessa falta de apoio familiar, Land se viu obrigada a recorrer aos programas de assistência do governo, cuja burocracia é tão opressiva quanto retratada na série.
Em seu livro, a autora denuncia a morosidade desses processos, evidenciando como prejudicam principalmente os mais necessitados. Após anos vivendo com a ajuda de cupons de comida, Stephanie Land certamente possui uma voz autorizada para abordar essas questões de primeira mão.
Land lançou seu livro em 2019, e rapidamente alcançou o terceiro lugar na lista dos mais vendidos do jornal The New York Times. A obra é uma extensão de um artigo que ela escreveu para o site Vox em 2015, intitulado “Eu passei 2 anos limpando casas. O que eu vi me fez nunca querer ser rica” (em tradução livre).
Neste artigo, ela compartilha uma visão reveladora de sua experiência como empregada doméstica, desvendando as complexidades por trás das portas fechadas das casas da elite. Land confessa que, muitas vezes, o tédio a levava a espionar gavetas e pertences das casas que limpava, revelando segredos íntimos e muitas vezes sórdidos sobre as vidas dos moradores.
Para ela, essa experiência proporcionou uma compreensão mais profunda das pessoas por trás das fachadas de riqueza e status. Ela percebeu que, frequentemente, os segredos ocultos eram mais sujos do que o chão empoeirado que ela limpava diariamente.
A série Maid está no catálogo da Netflix e vale sua atenção.
