Round 6 se tornou em 2021 a série mais popular da história da Netflix, superando Bridgerton. Mesmo com seu nível elevado de violência, a produção sul-coreana conquistou fãs no mundo inteiro. Mas afinal de contas, o que explica a popularidade da série? Segundo especialistas, Round 6 se tornou um fenômeno por seu tema interessante, alta tensão do início ao fim e por sua sólida crítica social.
Em Round 6, 456 pessoas são convidadas a participar de uma misteriosa competição de sobrevivência chamada apenas de Squid Game. Os participantes competem em uma série de jogos infantis tradicionais – mas com reviravoltas mortais – e colocam as vidas em risco em busca do prêmio de 45,6 bilhões de Wons (a moeda da Coreia do Sul).
Apenas um entre os 456 participantes leva a bolada. Nesse cenário marcado por traições, ambição e muitos perigos, todos os concorrentes fazem de tudo para garantir o prêmio. Afinal de contas, Round 6 só convida pessoas que realmente precisam de dinheiro, o que traz um nível maior de desespero à competição.
O site Bustle falou mais sobre o motivo da popularidade de Round 6 na Netflix; confira abaixo.
A razão do sucesso de Round 6 na Netflix
Em sua superfície, Round 6 (Squid Game) é mais um exemplo das narrativas de “sobrevivência gamificada”.
Filmes distópicos como Jogos Vorazes e Maze Runner trazem adolescentes lutando em arenas de batalha, e longas de terror como Casamento Sangrento, Jogos Mortais e Battle Royale acompanham a jornada de protagonistas em busca da sobrevivência em cenários cada vez mais violentos.
Já em seu núcleo, Round 6 é uma clara analogia à devastadora desigualdade econômica e à instabilidade financeira da sociedade, sentida principalmente por pessoas pobres e exacerbada durante a pandemia de Covid-19.
“O público se identifica com esse sentimento de não pertencer à classe dominante, mas fazer parte dos oprimidos e rejeitados”, afirma o Dr. Eric Bender, especialista em psicologia.
Na análise de Grace Jung, PHD em Cinema e Estudos da Mídia, Round 6 aborda a realidade das pessoas mais pobres, na qual os resultados prometidos da meritocracia capitalista nunca chegam.
“É por isso que existe essa grande ressonância de Round 6 com o público. Ter dívidas deixa qualquer pessoa vulnerável, ansiosa e desesperada”, analisa a especialista.
Outros especialistas também abordam o papel da violência na série. Segundo o psiquiatra Dr. Praveen Kambam, a brutalidade de Round 6 não se estabelece como a principal carga emocional da produção, servindo apenas para pontuar a profundidade dos traumas humanos.
“A violência é um ponto de exclamação entre os elementos da luta humana. Ela só mostra que os jogadores preferem aguentar esse alto nível de violência a lidar com o sistema desumano da sociedade em geral”, opina o psiquiatra.
A Dra. Pamela Rutledge, psicóloga especialista nos efeitos da mídia, também revela que o fato de Round 6 trazer brincadeira de criança no centro de sua trama contribui para o seu apelo mundial.
“A série contrasta a inocência das brincadeiras de infância com a violência e sadismo dos jogos de Round 6. Isso acaba criando uma dissonância cognitiva que amplifica o terror e o sentimento de vulnerabilidade, tanto para os personagens quanto para o público”, comenta a especialista.
Porém, no final das contas, uma boa parte do sucesso de Round 6 vem da esperança: ver os jogadores sobrevivendo aos terríveis jogos de Squid Game pode oferecer um olhar diferente às lutas pessoais de cada espectador, segundo Rutledge.
A primeira temporada de Round 6 já está disponível na Netflix.