Imperdoável, com Sandra Bullock, estreou recentemente na Netflix e já figura no Top 10 de diversos países. O drama é uma boa aposta da plataforma para o Oscar 2022, mas de acordo com críticos, esse é seu maior problema. O filme parece estar desesperado para garantir uma estatueta, e por isso, acaba falhando como trama individual.
Em Imperdoável, Sandra Bullock interpreta Ruth Slater, uma ex-presidiária que sai da cadeia após cumprir uma pena de 20 anos – e é obrigada a se acostumar com um mundo novo e lidar com as reações de pessoas afetadas por seu crime.
Além de Sandra Bullock, Imperdoável conta com um impressionante elenco de estrelas, formado por Viola Davis, Jon Bernthal e Vincent D’Onofrio.
Embora conte com uma performance poderosa de Bullock no papel principal, Imperdoável foi bastante criticado por seu roteiro, que parece ter sido construído com o Oscar em mente. O site Indian Express explicou porque essa não é uma boa estratégia; confira.
O grande erro de Imperdoável na Netflix
“Sandra Bullock faz outra grande aposta para o Oscar no drama pós-prisão da Netflix, mas o roteiro não faz jus ao seu talento”, afirma a resenha do site.
Prejudicado por um roteiro esticado e pouco convincente, Imperdoável não tem a complexidade que torna os filmes sobre ex-presidiários tão interessantes – mas conta com boas performances, principalmente a da estrela Sandra Bullock.
O problema do longa, de acordo com o Indian Express, é o fato de Imperdoável não ser tão desafiador como se propõe. Os espectadores são incentivados a empatizar com a protagonista Ruth, o que não é tão difícil, já que ela cumpre uma pena de 20 anos por seu crime.
Imperdoável não tem a ousadia de O Lenhador, por exemplo, que pede que o público simpatize com um pedófilo recém-libertado da cadeia.
O filme com Kevin Bacon, lançado em 2004, foi elogiado exatamente por essa estratégia narrativa. São poucas as obras que exigem o envolvimento emocional dos espectadores em um tema tão difícil – algo que não acontece em Imperdoável.
Com um final previsível e catártico, o filme da Netflix subverte suas próprias ideias e parece caçoar de seu título. É claro que Ruth pode ser perdoada, especialmente após a reviravolta que acontece no desfecho.
É importante citar também que os roteiristas do filme – Peter Craig, Hillary Seitz e Courtenay Miles – mantiveram a mesma reviravolta da minissérie britânica que o longa é baseado. Uma alternativa interessante seria modificar essa conclusão.
A aposta de Imperdoável para o Oscar
Olhando pelo lado positivo, Imperdoável oferece a Vincent D’Onofrio e Jon Bernthal a oportunidade de interpretar personagens que normalmente não aparecem em suas filmografias.
Mais conhecidos por interpretar vilões ou personagens “durões”, os atores vivem homens sensíveis, que enxergam Ruth como uma pessoa machucada e oferecem ajuda à protagonista.
Viola Davis, pelo contrário, é um desserviço para o filme. Em mais uma narrativa com o Oscar em mente, o filme tenta replicar a mesma estratégia que rendeu à competente atriz suas indicações à premiação – pouco tempo de tela e esforço máximo.
Em Imperdoável, a atriz protagoniza basicamente um monólogo repleto de raiva, que parece ter sido criado justamente para mostrar o alcance da atuação de Viola, algo que já foi comprovado em quase todos os projetos anteriores da estrela.
A cena em questão representa o principal problema de Imperdoável: o filme é uma tentativa descarada de garantir indicações ao Oscar.
E embora conte com talento excepcional em frente e por trás das câmeras, o longa falha por não contar com um roteiro à altura.
Imperdoável está no catálogo brasileiro da Netflix.