Dilema

Filme da Netflix esconde discussão que acontece há décadas no cinema

As Equações Frias inseridas na trama de Passageiro Acidental

A Netflix celebrou recentemente mais um aguardado lançamento! Passageiro Acidental acompanha a rotina de um trio de cientistas em uma estação espacial. Com a missão de criar vida em Marte, os pesquisadores planejam minuciosamente todas as etapas do serviço – balanceando os sacrifícios e os ganhos com a concretização do plano.

A missão do trio parecia estar correndo perfeitamente bem, até que a tripulação encontra um passageiro clandestino na nave espacial. Longes demais da Terra para retornar, os cientistas precisam decidir o que fazer com o “passageiro acidental”.

Segundo o site Slate, Passageiro Acidental conta – em sua trama – com uma referência há uma discussão que acontece há décadas no cinema, especialmente em filmes de ficção científica.

Confira abaixo tudo sobre essa história!

As Equações Frias em Passageiro Acidental

Incluída no DNA narrativo do mais novo sucesso da Netflix, está incluída uma das mais icônicas e controversas histórias de ficção científica já publicadas: As Equações Frias, de Tom Godwin.

Assim como Passageiro Acidental, a famosa história envolve um nave espacial que encontra um problema com o descobrimento de um passageiro clandestino a bordo. A nave não é capaz de terminar a jornada com os recursos iniciais, e então alguém precisa ser “expulso” do veículo.

As Equações Frias foi publicada inicialmente em 1954 na Revista Astounding. Mesmo com a insistência de Godwin em criar um final feliz para a trama, o editor John W. Campbell Jr. insistiu na inclusão do dilema ético no centro do enredo, recusando-se a publicar outras versões.

A publicação de As Equações Frias causou uma verdadeira sensação no mundo da ficção científica, já que histórias do tipo costumavam terminar com a engenhosidade humana salvando o mundo, quando toda a esperança parecia perdida.

Todos conhecemos finais como esse, vindos de incontáveis filmes de ação e aventura. Por isso mesmo, a morte de Ned Stark na primeira temporada de Game of Thrones – visto até então como o protagonista da série – deixou tanta gente chocada, representando uma espécie de violação entre o pacto tácito entre o autor e sua audiência.

Em As Equações Frias, um piloto chamado Barton viaja em uma pequena nave espacial para levar um medicamento importante a uma colônia planetária afetada por uma doença misteriosa.

A nave diminuta carrega consigo apenas combustível suficiente para a conclusão da jornada. Em uma grande reviravolta, Barton descobre que uma adolescente da Terra – com o objetivo de visitar o irmão no planeta longínquo – se infiltrou na nave.

O pouco combustível da nave e o regulamento das viagens espaciais exige que a clandestina seja ejetada imediatamente. Barton sofre para tomar a decisão, mas sabe que não conseguiria chegar ao destino com a presença da garota, e que mais pessoas morreriam sem os importantes remédios.

A história é uma versão espacial do experimento ético conhecido como “Dilema do Bonde”, popularizado pela série The Good Place na Netflix.

No experimento teórico, 5 pessoas são amarradas ao trilho de um bonde, que chega em alta velocidade. Você pode acionar uma engrenagem e voltar o bonde para outro trilho, no qual apenas uma pessoa está amarrada.

O que você faz? Assume a responsabilidade pela morte de uma pessoa ou não faz nada e deixa cinco pessoas inocentes morrerem? Realmente, é um dilema bastante complicado.

Para fãs de ficção científica, As Equações Frias de Godwin se tornaram um dos grandes clichês do gênero.

James Gunn, diretor de filmes como Os Guardiões da Galáxia, escreveu um ensaio sobre o gênero e a função do elemento narrativo.

“Se um leitor não entende o que essa trama tem a dizer sobre a humanidade e seu relacionamento com o ambiente, então ele não gosta realmente do gênero. As leis da natureza são irrevogáveis e imutáveis. Esse gênero é um santuário para quem dá valor a verdades duras e para os homens que as encaram de frente”, comentou o cineasta.

Mas afinal de contas, como Passageiro Acidental resolve o dilema das Equações Frias? Só conferindo o filme da Netflix para saber!

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