Para os apaixonados pela série Três é Demais, que rolou entre 1987-1995, falta muito pouco para o gran finale desta cativante história familiar.
Em 2016, a Netflix resolveu despertar a série do mundo dos mortos, e criou Fuller House, continuação das aventuras da família Tanner, que ainda reside na cidade de São Francisco, do cartão-postal americano Ponte Golden Gate. Sé que dessa vez, não acompanharíamos três homens, no caso, o pai Danny e os tios Jesse e Joey, criando três lindas garotas, D.J., Stephanie e Michelle.
Nesta nova fase, as garotinhas se transformaram em mulheres, e acompanhamos D.J. e Stephanie (Michelle, interpretada pelas irmãs gêmeas Olsen não quis retornar para a nova fase) vivendo novas aventuras debaixo do mesmo teto que cresceram, ao lado da melhor amiga de D.J., a abilolada Kimmy Gibbler.
Na continuação da quinta e final temporada de Fuller House, acompanharemos as garotas Tanner e Kimmy de volta para a velha casa, logo após o nascimento da bebê de Stephanie. Agora, com mais uma boca na casa dos Tanner, presenciaremos alguns momentos curioso envolvendo as relações entre os membros do clã. Lembrando: tanto Stephanie quanto Kimmy estão noivas, e prestes a embarcar uma nova jornada, mas para isso terão que começar a planejar suas respectivas cerimônias primeiro, ao mesmo tempo que a nova matriarca D.J. persiste em liderar este pelotão em busca de ser uma família mais feliz.
Repetindo a terceira temporada, a provedora mundial via streaming Netflix resolveu dividir a parte final em duas metades iguais. Lançando agora, no final de 2019, a primeira parte, que constitui nove episódios. Para em 2020, disponibilizar o restante, e definitivamente, fechar o ciclo da gangue Tanner, que virou um símbolo da história na televisão americana.
Verdade seja dita, que em tantos e tantos anos, o estilo nunca mudou, sempre foi o mesmo. Talvez, seu criador Jeff Franklin tenha pensado a seguinte lógica futebolística de que em time que está ganhando, não se mexe. Justo pensar desta forma, e vale destacar que retomar o formato vinte e um anos depois do fim de Três é Demais, e ainda conseguir carregar por mais cinco temporadas é algo de grande valor. Para os fãs, um pouco dolorido, lembrando que falta pouco para puxarem o plug da tomada.
Convenhamos que esta nova fase não se encontra no mesmo nível de carisma que havia no final do século passado. Isso não é porque as irmãs Tanner e Kimmy faltem com alguma coisa especial. Não mesmo!
Porém, vale lembrar que o maior charme da parte original vinha pelo fato de testemunharmos três figuras masculinas, tendo que lidar com as situações e crises de três garotas em fases diferentes da vida. Quando a série deu o pontapé inicial em 1987: D.J. era uma pré-adolescente, Stephanie era uma garotinha, e Michelle apenas um lindo bebê. O pai Danny, junto dos tios Jesse e Joey penaram para conseguir criar as meninas, daí que vinha o humor adorável da história.
E, se pensarmos na personagem de Laura Dern no excepcional longa História de um Casamento – também uma produção original da Netflix – que diz, que o conceito de um bom pai – referindo-se a ideia de uma figura paterna que faz mais do que o sustento da família, e ajuda com as tarefas do lar, além de ser mais próximo emocionalmente das crianças – foi inventado apenas trinta anos atrás.
Provavelmente, a série Três é Demais tenha alguma ligação com este fato citado no filme de Noah Baumbach.
Isso para dizer que os desafios de anos atrás, não são tão diferentes dos dias atuais. Claro, que D.J. inverteu a situação original, pois possui três garotos em sua vida, na mesma faixa de idade das irmãs Tanner em Três é Demais. Pena que isso não trouxe novos ingredientes para essa mistura.
A quinta temporada segue o mesmo foco desde o reinício em 2016, especialmente se olharmos para a nova matriarca, mãe de três garotos. D.J. é uma constância, desde a versão original, cresceu, evoluiu, passou por situações complicadas e trágicas, porém, prevaleceu o brilho e o sorriso que tinha quando era apenas uma moça. Em Fuller House é só multiplicar três vezes esta dose de alegria, e saberá até de ponta-cabeça quem é sua personagem. A atriz Candace Cameron Bure mostra muito carinho por D.J., e é isso o que a torna tão atraente, principalmente, quando tenta se aproximar, tentando entender aqueles que ama.
Stephanie também manteve algo essencial da primeira versão, e que em Fuller House da Netflix ficou elevado a quinta potência: a ironia. Só que tal atributo em uma criança, reproduz um tipo de charme que é inegável, agora, como uma mulher adulta, continua engraçado, mas ganha traços de cinismo, que mostram uma nova face para esta personagem. Ainda assim, é definitivo afirmar que Stephanie foi quem mudou mais. É só ver sua relação com seu noivo Jimmy Gibbler – irmão mais novo de Kimmy – para perceber tais mudanças. Soma-se o fato de ter virado mãe, e fica ainda mais cristalino notar sua progressão em vida. E, nesta quinta temporada, isso será notado através do talento musical da ex-DJ.
Michelle, que nunca retornou para São Francisco e continuou seguindo com sua carreira no mundo da moda, assim como na primeira temporada, continua ganhando piadinhas por sua abstinência desta nova fase disponibilizada pela Netflix.
Esta parte I, começa meio cambaleando, mas vai melhorando a partir do episódio cinco, e finaliza com três episódios bem divertidos. O último desta primeira parte, não apenas é o melhor de todos, mas também será o que ira aquecer o coração de quem é amante da série. Impossível não abrir um sorriso largo, ao rolar dos créditos. E, fica uma pontinha de curiosidade para saber como as irmãs D.J. e Stephanie, junto da parceirona Kimmy irão orquestrar as novas etapas que se avistam.
Se Fuller House ousasse mais, seria como a agradável série Netflix Feliz Natal e Tal. Todavia, percebe-se que o forte aqui não é mudança, mas continuidade, manutenção. Assim, espera-se mais do mesmo na parte II que virá no ano que vem.
Ou será, que finalmente veremos Michelle de volta ao clã Tanner. Isso, possivelmente, mexeria um pouco mais as coisas.