Ótima notícia para fãs de anime: a Netflix lançou recentemente uma aguardada série animada japonesa! Trata-se de Yasuke, uma produção que tem tudo para resgatar as pouco conhecidas histórias dos samurais negros no Japão.
Histórias centradas em protagonistas negros estão comprovando seu sucesso no mundo inteiro, tendência comprovada por filmes como Soul, Judas e o Messias Negro e A Voz Suprema do Blues, ambos indicados a diversas categorias do Oscar 2021.
Mas Yasuke apresenta uma perspectiva até então inédita nos animes, apresentando para espectadores do mundo inteiro a emocionante trajetória do primeiro samurai negro das terras nipônicas.
Mesmo com a grande qualidade da série animada, a história real do samurai Yasuke é ainda mais impressionante que a trama da série da Netflix.
O site Foreign Policy falou sobre o assunto; confira abaixo!
As diferenças entre a série da Netflix e o Yasuke da vida real
A mais nova série da Netflix mistura elementos tecnológicos, magia, jesuítas malignos, samurais zumbis e até mesmo entidades lovecraftianas em pleno Japão do século XVI.
Por outro lado, a produção apresenta pelo menos um aspecto historicamente correto: o protagonista Yasuke, dublado pelo excelente Lakeith Stanfield.
Yasuke, um imponente homem africano que se tornou primeiro samurai negro da história do Japão, foi uma pessoa real. Sua história é tão fascinante, que muitos fãs não entenderam por que o produtor LeSean Thomas e o estúdio MAPPA decidiram incluir tantos elementos fictícios na trama.
Pouco se sabe sobre a vida de Yasuke antes de sua chegada no Japão. Historiadores acreditam que o guerreiro foi tirado à força de sua terra-natal (possivelmente o Moçambique) e vendido como escravo para o padre jesuíta Alessandro Valignano no século XVI.
Yasuke supostamente chegou à costa de Kyoto aos 24 ou 25 anos, como o guarda-costas e escravo pessoal do padre.
No século XVI, muitos moradores do Japão nunca haviam visto uma pessoa negra antes! Segundo cartas de um missionário português chamado Luís Fróis, servos de um palácio imperial chegaram a tentar “lavar” Yasuke, acreditando que sua cor preta vinha do carvão ou outra substância natural.
Em registros da época, Yasuke foi descrito como um homem imponente e musculoso, com mais de 1,90m de altura.
A estatura do guerreiro e sua bravura em combate chamou a atenção do nobre Oda Nobunaga – um grande entusiasta da moda e costumes ocidentais –, que promoveu Yasuke ao posto de samurai, uma classe social sagrada e uma das mais importantes do Japão Feudal.
Junto com o posto de samurai, Yasuke ganhou sua própria residência e serviçais. O guerreiro lutou ao lado de Nobunaga em diversas batalhas, inclusive a luta derradeira do nobre feudal – que após uma traição de Akechi Mitsuhide foi obrigado a praticar o seppuku, o suicídio ritual da cultura japonesa.
No entanto, após a morte de Nobunaga, os novos líderes do Japão foram extremamente intolerantes com Yasuke, devolvendo rapidamente o guerreiro para missionários europeus. É aí que a história do samurai termina, já que não existem registros sobre sua vida pós-Japão.
Representações modernas
Após ser reintroduzido na cultura japonesa após mais de três séculos de esquecimento, Yasuke fez parte de vários mangás e filmes dos anos 70 e 80.
Desde os anos 90, Yasuke apareceu também – de maneira fictícia – com alguma regularidade na cultura popular japonesa. O samurai negro participa, por exemplo, no anime Hyouge Mono e no videogame Nioh, lançado em 2017.
A versão de Yasuke apresentada na série da Netflix, com grandes tendências antifascistas, também é um personagem extremamente interessante.
Infelizmente, o anime se distrai e acaba focando mais na história de Saki, uma típica “garota mágica” com grandes poderes e um importante destino para cumprir. Dessa forma, Yasuke se torna uma espécie de guarda-costas, garantindo a segurança da personagem.
A primeira temporada de Yasuke está disponível na Netflix.