Contém spoilers

Imperdoável: O grande erro do filme de Sandra Bullock na Netflix

Longa acompanha história dramática de ex-presidiária tentando reconstruir a vida

Após o sucesso instantâneo de Bird Box, Sandra Bullock retorna na Netflix com o drama Imperdoável. O filme está fazendo muito sucesso com o público brasileiro, e já figura em posição de destaque no Top 10 da plataforma. Imperdoável é uma história de reabilitação e responsabilidade, mas de acordo com o site Mashable, falha em sua abordagem das “segundas chances”.

Em Imperdoável, Sandra Bullock interpreta Ruth Slater, uma ex-presidiária que sai da cadeia após cumprir uma pena de 20 anos – e é obrigada a se acostumar com um mundo novo e lidar com as reações de pessoas afetadas por seu crime.

Além de Sandra Bullock, Imperdoável conta com um impressionante elenco de estrelas, formado por Viola Davis, Jon Bernthal e Vincent D’Onofrio.

Dirigido pela cineasta alemã Nora Fingscheidt, o drama é apresentado ao público pela perspectiva de múltiplos personagens – todos afetados por um único crime.

O problema de Imperdoável na Netflix

Ao sair da cadeia, 20 anos após ser condenada pelo assassinato de um xerife, o maior desejo de Ruth é reencontrar a irmã mais nova, que vive em um lar adotivo com pais cuidadosos e uma nova irmã.

Na progressão da trama, o principal problema de Imperdoável é dar um foco excessivo para personagens que não acreditam em segundas chances, assumindo assim um caráter punitivista.

Dois personagens importantes no filme da Netflix são John e Liz Ingram (interpretados por Vincent D’Onofrio e Viola Davis). Residentes da casa onde Ruth cometeu o assassinato, eles têm opiniões diferentes sobre a protagonista.

John nutre uma certa simpatia pela ex-presidiária, e acredita que ela realmente se arrependeu de seus atos. Liz, por sua vez, enxerga Ruth somente como uma criminosa, um verdadeiro exemplo de corrupção moral.

Steve e Keith Whelan, os filhos do xerife assassinado por Ruth, também consideram que a personagem de Sandra Bullock não sofreu “o suficiente” pelo crime.

“Ela está em liberdade. Agora ela tem um emprego e até um namorado. Ela vive como se nada tivesse acontecido”, afirma um deles durante o longa.

As palavras são impactantes, principalmente por serem ditas com a impressão de que Ruth não pagou pelo crime – mesmo após passar 20 anos na cadeia.

Nas interações de todos os personagens com Ruth, julgamentos e punição se tornam pontos focais. Dessa forma, Imperdoável apresenta ao público o quão cruel pode ser a vida de ex-presidiários. Afinal de contas, a maioria dos personagens simplesmente não acredita em redenção ou em segundas chances.

Com uma trama contada em cores frias e longos períodos de silêncio, Imperdoável conta com um final relativamente tranquilo e emocionante. Mas de acordo com o site Mashable, o filme poderia ter abordado melhor o drama da protagonista.

“Sem oferecer esperança de reabilitação pós-prisão, a história de Imperdoável é desoladora. Ciclos de trauma e tristeza geracional são representados, mas não subvertidos”, comenta a análise da jornalista Meera Navlahka.

Imperdoável passa uma mensagem importante – e extremamente triste – para os espectadores. Ruth pode até ter saído da cadeia, mas sempre será vista como uma criminosa.

Olhando pelo lado positivo, Imperdoável indica a urgente necessidade para reformas no sistema judiciário e no caráter punitivista e julgador da sociedade, mas sem explicar como essas mudanças podem acontecer.

“Imperdoável tinha a chance de abordar o potencial da justiça restaurativa e da empatia, mas não consegue convencer os espectadores de qualquer uma dessas possibilidades”, conclui a análise.

Imperdoável continua disponível no catálogo brasileiro da Netflix.

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