O filme Je Suis Karl estreou recentemente, e já está fazendo grande sucesso na Netflix. O longa acompanha a história de Maxi, o sobrevivente de um atentado terrorista que se junta ao sedutor Karl em um movimento estudantil com o objetivo de tomar o poder na Europa. O final do longa deixou muitos fãs confusos, principalmente por seu significado político.
O site CinemaHolic explicou o final do filme, que traz um importante contexto histórico. O objetivo de Karl e seu grupo parece vir de um sentimento anti-imigração. O filme não explicita esse sentimento, mas deixa claro que o Re/Generation vê os imigrantes, especialmente os muçulmanos, como uma ameaça.
A trama utiliza o conceito do identitarismo e suas consequências nas ideologias políticas da Europa. Esse conceito defende que a Europa pertence exclusivamente a pessoas que descendem de europeus.
Veja abaixo tudo que você precisa saber sobre o final de Je Suis Karl na Netflix.
O desfecho de Je Suis Karl na Netflix
Karl e seu grupo desejam iniciar um movimento pela Europa, para divulgar a agenda que ecoa os sentimentos da “Grande Substituição”, uma teoria que afirma que os habitantes do continente estão sendo “colonizados em reverso” por imigrantes de outras culturas.
Essa ideologia anti-globalização é comum em grupos identitários, normalmente vista em grupos de extrema direita, neonazistas e fascistas.
No entanto, o grupo de Karl em Je Suis Karl não aceita essa noção de fascismo, o que é evidenciado pela cena em que Karl condena um seguidor por uma piada sobre Hitler.
A escolha do nome Karl, particularmente, relembra os espectadores do nome de Karl Marx e sua teoria de análise socioeconômica materialista.
No entanto, a utilização desse nome só serve para provar o quão confusos são as crenças de Karl e seus seguidores.
O time por trás do filme tem a intenção de fazer o público sentir o contraste e as semelhanças entre as ideias políticas que dominam a atualidade.
Afinal de contas, Karl e seu grupo são responsáveis por atos de violência no início e no desfecho do filme. As ações são feitas para representar uma espécie de “fagulha de revolução” na Europa, o que é concretizado pela morte do personagem título.
No final do filme, Mark morre, e sua morte serve como uma venda, que faz as pessoas mal informadas e enxergarem os imigrantes muçulmanos como uma grande ameaça.
Os pontos que Karl, Maxi e Odile levantam em seus discursos se originam no medo, e são provados verdadeiros com o ataque a Karl.
Após a morte de Karl, os seguidores adotam o canto de “Eu sou Karl” para honrar a memória da pessoa que eles acreditam ser um herói.
O impacto da morte de Karl serve como um comentário sobre heroísmo falso, na verdade, nacionalismo – embora seja extremamente difícil diferenciar os dois na atualidade.
Je Suis Karl está disponível na Netflix.