Martin Scorsese preferiu ficar em cima do muro na recente e acalorada discussão entre cineastas sobre plataformas digitais como a Netflix, que tem se apresentado como alternativa ao lançamento de títulos nos cinemas tradicionais.
Atualmente trabalhando para finalizar o épico The Irishman, bancado pela Netflix, Scorsese falou ao IndieWire em um evento para a Film Foundation, que lançou a edição mais recente de seu livro didático sobre cinema, Story of Movies.
“Ainda é possível estudar um filme se ele está fora do contexto [do cinema]”, disse. “Eu aprendi isso assistindo os filmes em preto-e-branco na TV, com um monte de comerciais. A primeira vez que eu vi Cidadão Kane foi assim, mas não vou negar que quando revi no cinema ele me surpreendeu ainda mais”.
“[Um dispositivo como computador ou celular] não é o espaço ideal para ver filmes. Na minha infância e adolescência, as pessoas saíam de casa e faziam um compromisso sério com o filme. Elas se sentavam no cinema e não tinham intervalos ou distrações”, continuou.
“É claro que Lawrence da Arábia é muito mais incrível em 70mm em uma tela gigante e curvada, mas precisamos aceitar que muita gente nunca vai vê-lo dessa forma. Hoje em dia, você pode fazer um filme com um iPhone, é uma revolução completa do formato”, disse ainda.