Nesta quarta-feira (30), a Netflix lançou Os Quatro da Candelária, uma minissérie que se distancia da abordagem convencional de true crime. Criada por Luis Lomenha, a produção retrata a vida de quatro jovens sobreviventes da tragédia que ocorreu em julho de 1993, no Rio de Janeiro, onde oito adolescentes foram brutalmente assassinados nas proximidades da Igreja da Candelária. A série não se limita a explorar a chacina, aprofundando nos sonhos e lutas dos protagonistas.
Os personagens principais, Jesus (Andrei Marques), Douglas (Samuel Silva), Sete (Patrick Congo) e Pipoca (Wendy Queiroz), representam a diversidade de histórias entre crianças e adolescentes que dormiam nas ruas e viveram a tragédia de forma direta. Lomenha destaca que a série visa dar visibilidade às histórias “esquecidas” dos sobreviventes, oferecendo um olhar sensível e poético sobre suas vidas antes e após o crime.
O primeiro episódio foca em Douglas, que enfrenta os desafios de crescer em um ambiente hostil. Com participações especiais do cantor Péricles e do ator Leandro Firmino, que interpreta um personagem próximo ao jovem, o episódio estabelece um tom emocional que se desvia das narrativas convencionais de crime.
Um dos destaques da série é o segundo episódio, centrado em Sete. A narrativa do personagem se intensifica ao apresentar seu relacionamento com um homem casado, vivido por Bruno Gagliasso. As cenas quentes entre Sete e o personagem de Gagliasso podem ter pego muitos de surpresa, mas é um elemento que contribui para a humanização dos personagens, permitindo que o público se conecte com suas experiências de amor, desejo e rejeição, além dos traumas que carregam.
Um Retrato da Realidade
Luis Lomenha enfatiza que a série não busca explorar as vítimas de maneira sensacionalista. Em vez disso, ele propõe uma narrativa que mistura o realismo fantástico com a crua realidade das ruas. A ideia é apresentar um novo olhar sobre a vida dessas crianças, dando-lhes uma voz que muitas vezes é silenciada pela sociedade.
A chacina da Candelária, que ocorreu na noite de 23 de julho de 1993, chocou o Brasil e o mundo. Com jovens entre 11 e 19 anos sendo alvos de um ataque brutal, o episódio levantou questões sobre a segurança pública e os direitos das crianças. A cobertura midiática, marcada pela reportagem da repórter Sônia Bridi, trouxe à tona a gravidade da situação, mas a série se propõe a ir além das estatísticas e dos relatos, aprofundando-se nas histórias pessoais dos sobreviventes.
À medida que os episódios avançam, Os Quatro da Candelária mostra como a experiência traumática da chacina continua a moldar as vidas dos protagonistas. Os dilemas morais, os conflitos internos e a busca por um futuro melhor são temas que permeiam a série, criando um espaço para que o público reflita sobre as consequências da violência que continua sendo tão presente na nossa sociedade.
Com uma proposta inovadora, a série de Lomenha promete captar a atenção do público pela forma como aborda questões sociais complexas. Ao transformar um evento tão doloroso em uma narrativa de superação e sonhos, Os Quatro da Candelária oferece um novo ângulo para a discussão sobre a violência no Brasil e o impacto que ela tem nas vidas das pessoas.
A série já está disponível na Netflix, e seu lançamento coincide com um momento em que histórias como essa são mais necessárias do que nunca. Em um cenário onde o true crime se tornou predominante, Os Quatro da Candelária se destaca como uma obra que busca emocionar e humanizar as vítimas, sem focar apenas na tragédia.
Os Quatro da Candelária já está disponível no catálogo da Netflix.