Cenário preocupante

Por que a Netflix está perdendo tantos assinantes? Nós explicamos

Gigante do streaming está em maus lençóis

Em relatório aos investidores, a Netflix anunciou ter perdido 200 mil assinantes no primeiro trimestre de 2022. Essa é a primeira vez em 10 anos que a companhia relata fluxo negativo de assinantes, mas o que está causando isso? Há algumas possíveis explicações.

A notícia dessa perda de assinantes gerou uma queda em 25% no valor das ações da empresa. Afinal, a previsão, dada três meses antes, era que ela ganharia mais de 2 milhões de assinantes. Um número baixo comparado a anos anteriores, mas a realidade provou ser ainda pior.

Competição acirrada

Depois de 15 anos reinando no mercado de streaming, a Netflix não é mais o único grande nome no setor. Nos últimos anos, diversos estúdios e emissoras entraram no jogo, vide plataformas como o Amazon Prime Video, Apple TV+, Disney+ (e o Star+), HBO Max, Paramount+, Hulu, Peacock, dentre outras.

Com tanta oferta, é natural que a demanda pela Netflix especificamente diminua. A base de consumidores é dividida entre esses concorrentes, especialmente levando em conta que nem todo mundo consegue bancar todos os streamings de uma vez só.

Não há contratos de fidelidade como era o caso com a TV a cabo em muitos cenários, portanto, nada impede o cliente de cancelar a assinatura ao terminar de assistir o que queria, migrando para outro serviço.

Assim sendo, as empresas precisam entregar não apenas quantidade, como qualidade, precisam oferecer motivos para que o consumidor permaneça assinando. É similar a uma grade de programação da TV tradicional: ao terminar o programa, o espectador precisa ser convencido a permanecer no canal.

Com a entrada do HBO Max no mercado, isso prova ser especialmente difícil, tendo em vista a pluralidade do material oferecido. Afinal, há o extenso catálogo da Warner Bros, com franquias como Harry Potter, Matrix, O Senhor dos Anéis, filmes da DC e muito mais.

Isso sem falar em aclamadas séries, como Veep, Game of Thrones, Euphoria, Família Soprano, The Wire, dentre outras.

Nesse quesito, propriedades intelectuais populares pesam muito, afinal, esse é o cerne da estratégia do Disney+. Comparativamente falando, a plataforma conta com pouco conteúdo, mas apela para os fãs da Marvel, Star Wars, Pixar e animações da Disney.

A Netflix, por sua vez, não conta com marcas de peso como essas. Existem, claro, séries excepcionais, como The Crown, Arcane, Russian Doll, Orange is the New Black, BoJack Horseman, mas nada tão popular quanto Vingadores. O que chega mais perto disso é Stranger Things, Bridgerton e Round 6 – extremamente populares, mas ainda não são marcas como Marvel.

Outro ponto a ser considerado são os lançamentos nos cinemas, que chegam ao streaming pouco mais de um mês depois da estreia. Tanto o HBO Max, quanto o Disney+ seguem tal formato, servindo como motivação extra para o consumidor manter a estratégia.

Cancelamentos

Mais um aspecto consideravelmente criticado pelos assinantes (e ex-assinantes) da Netflix é a postura da empresa em relação aos cancelamentos de suas séries.

A Gigante do streaming cancela seus programas sem grande cerimônia, muitas vezes deixando os fãs sem um final apropriado para suas séries preferidas.

Esse foi o caso de The OA, GLOW, O Mundo Sombrio de Sabrina e muitas outras. A companhia que já foi famosa por salvar séries, vide Lucifer, simplesmente não liga para o assinante ao acabar com tais séries sem dar fim a elas.

Assim sendo, é gerada desconfiança por parte do consumidor, que passa a pensar duas vezes antes de começar a assistir algo. De fato, a cada anúncio da plataforma, nas mídias sociais, vemos comentários perguntando se tal série será cancelada, enquanto outros fazem campanha para que outras sejam revividas.

Com o tempo, a Netflix ganha a reputação de não cumprir o que promete, algo que nenhuma empresa quer.

Preço elevado

Não ajuda o fato da Netflix ser uma das plataformas de streaming mais caras da atualidade, se não a mais cara (quando comparando apenas ao mesmo tipo de serviço e não com outras que oferecem canais ao vivo).

Nos últimos anos vimos aumentos consideráveis no valor da assinatura, que pode chegar a R$ 55 mensais. Esse valor simplesmente não é viável para muitos consumidores.

Por sinal, com as recentes notícias de perdas de assinantes, muitos, nas redes sociais, apontaram justamente esse fator como o decisivo para o cancelamento das assinaturas, tanto nos EUA, quanto no Brasil.

Não por acaso, a Netflix estuda lançar um plano com anúncios mais barato. Ela está ciente do valor elevado. Ao mesmo tempo, ela busca cair em cima de quem divide a conta com outras pessoas, então podemos ver uma mudança brusca no cenário da companhia nos próximos anos.

Vamos ver se a realidade da Netflix piora ainda mais nos tempos que estão por vir.

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