Um dos criminosos mais famosos do Brasil é o tema de uma nova série documental da Netflix, batizada de João de Deus: Cura e Crime. Quem já maratonou a produção só tem uma dúvida em mente: o que aconteceu com o maníaco? Em 2021, o abusador retornou à cadeia após meses de prisão domiciliar.
Antes de ser condenado a 40 anos de prisão por crimes sexuais, o dito médium era um verdadeiro fenômeno internacional, chegando a participar do programa de Oprah Winfrey nos anos 2000.
No final de 2018, João de Deus foi denunciado pelo abuso sexual de mais de 300 mulheres que buscavam por sua ajuda espiritual. Em dezembro do mesmo ano, o líder espiritual se entregou à polícia e foi preso.
Segundo o Ministério Público, o número total de vítimas de João de Deus pode ultrapassar 330. Além de ser condenado pelos crimes sexuais, o médium foi indiciado também por falsidade ideológica, corrupção de testemunhas e posse ilegal de armas e munição.
Veja abaixo por onde anda João de Deus atualmente, e saiba tudo sobre seu retorno à prisão.
João de Deus em 2021 – Voltando à cadeia
No mês de agosto de 2021, a Justiça reverteu a prisão domiciliar de João de Deus para o regime fechado, a partir da denúncia do Ministério Público de Goiás.
O mandado de prisão foi cumprido no dia 26 de agosto, e o líder religioso já está de volta à cadeia.
A denúncia foi assinada por Luciano Miranda Meireles, o promotor de Justiça que organizou a força-tarefa do Ministério Público em 2018, na apuração dos crimes de João de Deus.
O médium foi detido pela primeira vez em dezembro de 2018. Desde março de 2020, no entanto, o religioso estava cumprindo sua pena em prisão domiciliar, devido à pandemia de Covid-19 e sua idade avançada (79 anos).
O juiz Marcos Boechar Lopes Filho afirmou que o criminoso se aproveitava de seu poder e influência para abusar das vítimas, e que “transpassava a imagem de uma pessoa acima da lei dos homens, que jamais poderia ser por esta alcançado ou atingido”.
Na decisão, o magistrado também destacou que a prisão domiciliar devido à idade é somente uma sugestão, e que as vítimas do médium podem sofrer uma vitimização secundária com o decorrer do processo legal.
“O Estado-Juiz não pode fechar os olhos para esta realidade arraigada historicamente na sociedade brasileira há séculos, sob pena de se admitir como aceitável ou tolerável condutas abusivas e violentas de homens contra as mulheres baseada no gênero, como se aqueles fossem superiores a estas”, afirmou o juiz.
A defesa de João de Deus, por outro lado, revelou que vai recorrer da decisão, e chamou a prisão do cliente de “ilegal”.
“A defesa irá recorrer, mas considera temerária a decisão que determinou o retorno do requerente para a prisão, especialmente por tratar-se de idoso com mais de 80 anos de idade e reconhecidamente doente”, afirmou uma nota oficial dos advogados de João de Deus.
Para garantir a manutenção da prisão domiciliar, a defesa afirma também que o médium nunca deixou de cumprir as determinações judiciais mesmo afastado da penitenciária.
O pedido da extinção da prisão domiciliar de João de Deus também foi uma solicitação de um grupo de vítimas do líder religioso, que não se sentiam seguras com o médium cumprindo a pena em sua residência.
No último dia 29, o desembargador Fábio Cristóvão de Campos Faria, do Tribunal de Justiça de Goiás, negou o pedido de habeas corpus realizado pela defesa de João de Deus. Ou seja, o protagonista da série da Netflix deve continuar na cadeia.
““Em prisão domiciliar, o acusado pode a qualquer momento, por si ou por alguém a seu mando, entrar em contato pessoal ou por meio virtual com vítimas, testemunhas ou terceiras pessoas que possam vir a intimidá-las, ameaçá-las ou mesmo atentar contra suas integridades físicas e a própria vida”, afirmou o magistrado que decretou a primeira prisão do médium.
João de Deus: Cura e Crime está disponível na Netflix.