O filme Radioactive estreou no Brasil recentemente e já vem conquistando os fãs da Netflix! O longa protagonizado por Rosamund Pike foi lançado originalmente em setembro de 2019, e agora emociona o público brasileiro no catálogo da plataforma.
Radioactive acompanha a história real da cientista Marie Curie e sua pesquisa – ganhadora do Prêmio Nobel – que mudou para sempre o mundo e foi responsável por sua própria morte.
“Após a morte de seu amado marido, o comprometimento de Marie Curie com a ciência continua forte, e a cientista começa a trabalhar com elementos radioativos desconhecidos. Fica evidente que seu trabalho tem o potencial de modificar para sempre a medicina e salvar milhões de vidas – e que suas implicações na indústria militar podem causar destruição desenfreada”, afirma a sinopse do longa.
Embora Radioactive faça um ótimo trabalho ao revelar detalhes sobre a vida e carreira de Marie Curie, o filme não fala muito sobre a filha da cientista – uma figura admirável por mérito próprio.
Veja abaixo o que aconteceu com Irene Curie na vida real!
A trajetória de Irène Joliot-Curie
Irène Joliot-Curie (1897-1956) foi a filha mais velha de Marie e Pierre Curie. Assim como os pais, Irène escolheu uma carreira no campo da ciência, chegando a seguir os passos da mãe e ganhar um Prêmio Nobel de Química junto do marido Fréderic Joliot-Curie.
Crescendo e chegando à vida adulta em meio à Primeira Guerra Mundial, Irène começou a trabalhar como assistente da mãe no Radium Institute, ministrando aulas de radiologia e trabalhando em sua tese de doutorado – sobre a meia-vida do elemento polônio, descoberto por Marie e Pierre Curie.
Irène se tornou Doutora em Ciência em 1925, na mesma época em que conheceu o jovem engenheiro químico Fréderic Joliot. Após uma parceria bem sucedida com Fréderic nos laboratórios, Irène se casou com o companheiro.
O relacionamento de Irène e Fréderic era marcado pelo respeito e admiração mútua. Na época do casamento, o marido optou por também assumir o sobrenome da esposa, criando o hifenado “Joliot-Curie”, em uma atitude bastante rara na época.
Em 1934, o casal Joliot-Curie fez a descoberta que selaria para sempre seu legado na história da ciência.
A partir do trabalho de Marie e Pierre Curie, que haviam conseguido isolar materiais radioativos presentes na natureza, Irène e Fréderic puderam concretizar o grande sonho dos alquimistas – transformar um elemento químico em outro.
O casal criou nitrogênio radioativo por meio do boro, isótopos radioativos de fósforo através do alumínio e silicone com a utilização do magnésio. O processo foi chamado de radioatividade artificial.
Em outro experimento, a irradiação de um isótopo natural do alumínio com partículas Alfa resultou em um isótopo instável de fósforo. A descoberta ficou conhecida formalmente como Emissão Pósitron ou Decaimento Beta.
Em 1935, Irène – junto com o marido – ganhou o Prêmio Nobel de Química, pela descoberta da radioatividade artificial.
Além de se destacar no campo da ciência, o casal também se envolveu em movimentos políticos. Percebendo a crescente obtenção de poder do movimento fascista, Irène e Fréderic se juntaram ao Partido Socialista e auxiliaram o movimento de guerrilha durante a Guerra Civil Espanhola.
Irène era também uma integrante fervorosa do movimento feminista, especialmente no tocante à presença das mulheres na ciência.
Em 1945, após o fim da Segunda Guerra Mundial, Irène Curie se tornou a única mulher entre os 6 comissários da nova Comissão Francesa de Energia Alternativa e Energia Atômica, criada por Charles de Gaulle e o Governo Provisório da República Francesa.
Uma década depois, após um período final de convalescência nos Alpes Franceses, Joliot-Curie foi internada no hospital fundado por Marie Curie em Paris.
Irène Joliot-Curie faleceu em 17 de Março de 1956, aos 58 anos, de leucemia. Assim como a mãe, a cientista ficou doente devido à exposição direta à radiação do polônio.
A saúde de Fréderic também foi afetada pelos estudos, e o marido de Irène morreu dois anos depois, após uma longa batalha contra um câncer de fígado.
Marie e Pierre Curie também tiveram outra filha: Ève. Embora não tenha se dedicado à ciência como o resto da família, a irmã de Irène também ganhou um Prêmio Nobel por seus esforços de Paz na Unicef.