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O Rei Leao caiu em todos os erros que Mogli evitou

O remake de O Rei Leão conquistou a marca de US$1 bilhão nas bilheterias mundiais rapidamente, mas isso não é um sinal de qualidade. Afinal, o filme de Jon Favreau foi bem menos elogiado na crítica do que seu longa anterior, o remake live-action/CGI de Mogli: O Menino Lobo, que conquistou críticas bem mais favoráveis. Mas o que aconteceu aqui?

Primeiramente, é uma questão de adaptação. A animação de Mogli: O Menino Lobo é mais antiga e não tão popular quanto O Rei Leão, o que permitiu uma liberdade maior por parte do diretor em reinventar aspectos de sua história. Na história dos leões, é mais difícil trazer grandes mudanças (ou expansões) sem desagradar aos fãs do original, o que acaba tornando o remake um esforço bem inútil – já que a animação é a versão superior.

A questão da expressão

Anteriormente, eu pessoalmente tinha a crença de que Favreau adotaria a técnica de captura de performance para o filme. É o mesmo processo usado para criar os personagens de Avatar, Piratas do Caribe, Star Wars e que foi popularizado pelo ator Andy Serkis na trilogia O Senhor dos Anéis, O Hobbit e a recente versão de O Planeta dos Macacos. Ela consiste em usar pontos de referência nos rostos dos atores para que suas performances possam ser preservadas na criação digital almejada, seja ela qual for – até mesmo Ryan Reynolds usou pontos para criar o protagonista de Detetive Pikachu, por exemplo.

E, em minha opinião, é justamente isso que destrói O Rei Leão. A maior crítica que o filme de Jon Favreau recebeu é que os animais simplesmente não trazem expressões, e isso é uma decisão estilística do filme em adotar um retrato fotorrealista, mas que também sofre pela ausência do motion capture. O elenco de estrelas de Donald Glover, Beyoncé Knowles-Carter e Seth Rogen está simplesmente dublando todas as falas, e a renderização digital para as falas de todos os leões e animais parece vazia; justamente por tentar capturar um certo realismo. Oras, os animais já falam, qual a necessidade de ser 100% preso à realidade? O próprio Favreau se permitiu abraçar a estilização em Mogli, mas deu um tiro no pé ao apostar em fotorrealismo para o novo filme.

Um bom exemplo que deveria ser seguido, ao menos no nível de tecnologia, é o Mogli: Entre Dois Mundos que o próprio Serkis dirigiu para a Warner Bros, e posteriormente vendido para a Netflix. Por mais que o filme divida opiniões e seja bem mais sombrio do que o da Disney, nós podemos ver os rostos de Benedict Cumberbatch, Christian Bale e Cate Blanchett mesclados às feições animais – e não me refiro a um resultado tenebroso como aquele visto no trailer da adaptação de Cats, longe disso. Aqui temos um trabalho exemplar de como se manter uma performance humana em uma criação digital, mas que também exige um passo adentro da estilização.

O Rei Leão é apenas um remake digital bem caro, não podendo ser considerado live-action, mas sim fotorrealista. É uma pena que Jon Favreau tenha ido pelo caminho do realismo. Afinal, se leões podem falar e cantar, por que não podem ter expressões? Mogli (seja lá qual for) ganha de O Rei Leão nesse aspecto.

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