Com o lançamento da nova versão de O Rei Leão nos cinemas, volta aos holofotes a famosa e antiga polêmica envolvendo o filme da Disney e a animação Kimba: O Leão Branco.
O Rei Leão é uma das propriedades mais lucrativos da Disney. Entre o filme original, produtos licenciados, séries de TV, adaptações na Broadway e outros materiais, o filme garantiu bilhões de dólares para a empresa e seus criadores.
Com a estreia de O Rei Leão, em 1994, fãs não demoraram a perceber um número preocupante de semelhanças com o anime Kimba: O Leão Branco, lançado em 1965. Piorando ainda mais a situação, a Disney divulgou o filme como “a primeira história original” da renascença da empresa.
Entre acusações de plágio e polêmicas com fãs, entenda tudo sobre a controvérsia de Kimba e Simba abaixo!
Kimba: O Leão Branco
Kimba: O Leão Branco é um anime que foi transmitido na TV japonesa entre 1965 e 1967, baseado no mangá de mesmo nome publicado pela Manga Shōnen de 1950 a 1954. A história de Kimba foi uma criação de Osamu Tezuka, autor de animes como Astro Boy e considerado por muitos como “o pai dos mangás”.
Tezuka foi influenciado fortemente pelas obras da Disney, e durante parte de sua carreira, foi considerado o “Walt Disney japonês”.
Kimba conta a história de um filhote de leão, nascido em um navio após sua mãe ser capturada por caçadores e seu pai morto. Após o naufrágio da embarcação, Kimba consegue encontrar um novo lar e se meter em diversas confusões com seus novos amigos.
As similaridades
Fãs notaram extensivas similaridades entre O Rei Leão e Kimba: O Leão Branco, tanto no visual quando na condução da história.
A imagem icônica de Mufasa e Simba no topo da Pedra do Rei pode ser vista em Kimba de maneira quase idêntica.
A história também conta com semelhanças inegáveis. As duas tramas focam na história de leões lutando pelo direito ao trono após a morte de seus pais; contam com leões como antagonistas; babuínos sábios; hienas estridentes e pássaros cômicos. Além disso, as cenas da morte dos pais dos protagonistas são quase idênticas.
Para completar, as duas obras contam com uma cena do protagonista olhando para o céu e enxergando a imagem do falecido pai nas nuvens.
A Disney sabia?
Imediatamente após o lançamento de O Rei Leão a Disney começou a ser criticada em inevitáveis comparações com Kimba: O Leão Branco.
Rob Minkoff, co-diretor do longa, criticou os rumores em uma entrevista com o The Lost Angeles Times, afirmando que “não é incomum para uma história ambientada na África contar com personagens como um babuíno, um pássaro ou um grupo de hienas”.
Na época, tanto Minkoff quanto Roger Allers, o outro diretor do longa, afirmaram que nunca haviam ouvido falar de Kimba. Os animadores Tom Sito e Mark Kausler, no entanto, admitiram que eram fãs de Osamu Tesuka e conheciam a história de Kimba.
Matthew Broderick, o dublador do Simba adulto, confirmou que havia sido contratado inicialmente para um projeto que estava ligado diretamente a Kimba.
“Achei que eles realmente estavam falando de Kimba, o leão branco de um desenho que eu via quando criança. Então eu disse para todo mundo que iria interpretar Kimba”, afirmou o ator.
Mushi Production, a companhia que lançou Kimba, nunca entrou com processos contra a Disney. Tezuka Productions, a empresa de cinema e TV de Osaku Tezuka, emitiu um comunicado afirmando que, como um grande fã da Disney, o mangaká teria se sentido honrado com as semelhanças.
Osamu Tezuka morreu em 1989, 5 anos antes do lançamento de O Rei Leão.
A “originalidade” da Disney
A controvérsia envolvendo Kimba e Simba permanece atual pois a Disney ainda é uma grande titã da cultura pop, ainda mais poderosa do que na época do lançamento de O Rei Leão.
A companhia tem sido muito criticada, no entanto, por suas adaptações live-action. Para especialistas, os novos filmes apresentam poucos (ou nenhum) elementos novos para o público, e servem apenas para solidificar, na mente de uma nova geração, o estilo das narrativas da empresa.
E a polêmica de Kimba e Simba não foi a primeira vez em que a Disney se envolveu em um possível caso de plágio. Em 1991, Aladdin foi acusado de se “inspirar” em outra animação, “O Ladrão e o Sapateiro”, de Richard Williams.
O filme animado conta com inúmeras semelhanças com Aladdin, incluindo enredo, personagens e estética. O longa começou sua produção décadas antes do lançamento de Aladdin, mas foi lançado apenas em 1995, com diversas modificações. Ironicamente, o filme foi acusado de copiar Aladdin.
Onde exatamente está a linha entre inspiração e plágio? A polêmica permanece até hoje, e com o relançamento de O Rei Leão, ela retorna aos holofotes.
O Rei Leão está sendo exibido nos cinemas brasileiros.