A recente adaptação de mais um livro de John Green para o cinema coloca em pauta o círculo vicioso hollywoodiano de transposições literárias para filmes muitas vezes desnecessários. Uma grande parte do que é produzido na indústria provêm de best sellers que fizeram carreira nas melhores livrarias do mundo.
Depois do sucesso de A Culpa é das Estrelas, chegou aos cinemas brasileiros Cidades de Papel, uma trama que certamente terá uma bilheteria generosa sustentada em grande parte pela força dos fãs do autor. Outra adaptação de Green já está engatilhada para 2015: Love the Coopers.
Afinal, o que representa para um autor ter sua obra adaptada para o cinema? Absolutamente tudo! Em recente entrevista ao Globo News, o autor de As Horas, Michael Cunningham, afirmou que a carreira dele deu um salto monumental depois que sua obra foi adaptada para o cinema com nomes de peso como Meryl Streep, Julianne Moore e Nicole Kidman. Seu passe aumentou, portas se abriram e o dinheiro começou a realmente entrar no caixa.
Em outras palavras, é uma mina de ouro ter uma obra sua adaptada para o cinema. Além de receber dinheiro dos estúdios que compram os direitos da adptação, ocorre um boom na venda das obras literárias adaptadas. Esta fórmula foi rapidamente assimilada por autores como Green ou o milionário Dan Brown que, com suas aventuras de Robert Langdon, criou um verdadeiro caça níquel com o potencial cinematográfico de suas histórias. As gravações de Inferno estão em pleno vapor na Itália.
Para celebrar as adaptações literárias, o Observatório do Cinema selecionou alguns projetos bem sucedidos que vieram do papel e migraram para a tela. Boa leitura!
O Silêncio dos Inocentes
Poucos projetos renderam um filme tão impecável como este dirigido por Jonathan Demme. Com uma atuação arrebatadora de Sir. Anthony Hopkins na pele de um dos vilões mais fascinantes já produzidos na história do cinema, o filme é fiel a obra de Thomas Harris e consegue captar a essência do livro de maneira bastante eficiente. Jodie Foster é outro destaque no papel de Clarice Starling. Posteriormente, continuações como Hannibal e Hannibal Rising ainda tentariam explorar o potencial de Lecter no cinema mas não chegaram a altura deste thriller de 1991.
Bonequinha de Luxo
Quem diria que o autor de A Sangue Frio, marco da literatura investigativa, produziria um doce romance e eternizaria Audrey Hepburn no papel de Holly Golightly. Truman Capote foi habilidoso ao permitir a adaptaçao de sua obra por Blake Edwards. O carisma de Hepburn e George Peppard também garante um filme acima da média e ainda tudo ao som de uma trilha magistralmente composta por Henry Mancini e sua antológica canção “Moon River”.
Psicose
Fruto de uma obsessão do mestre do suspense, Alfred Hitchcock, pela obra de Robert Bloch, Psicose passou de um livro de modesto sucesso para talvez um dos filmes de terror mais importantes de todos os tempos. Eis um caso em que o filme supera o livro graças ao olhar genial e talentoso de Hitch. Cenas engenhosamente construídas como o assassinato em um famoso chuveiro redefiniram o papel do horror no cinema.
O Poderoso Chefão
Eleito em várias listas de críticos como um dos filmes mais importantes de todos os tempos, O Poderoso Chefão é uma obra prima dirigida por Francis Ford Coppola adaptada do livro de Mário Puzo. Outro exemplo de cinema de primeira construído a partir de um argumento literário. Marlon Brando se consolida como um dos grandes atores de sua geração no papel de Don Corleone, sem contar o resto do elenco que é de primeira!
Cidade de Deus
Baseado no livro de Paulo Lins, Cidade de Deus encontrou vida própria no cinema. Sob a condução do talentoso Fernando Meirelles, somos presenteados com um conto visceral de violência na década de 60/70 no Rio de Janeiro com uma estética absolutamente nova para os padrões brasileiros. Cidade de Deus é um filme espetacular, com requintes técnicos de fazer qualquer um ficar boquiaberto. Uma ode ao bom cinema.
Harry Potter
Uma trama de fantasia bem conduzida pela inglesa J.K Rowling garantiu filmes que foram se refinando a medida que ficavam mais sombrios. Se no inicio da franquia o diretor “família” Chris Columbus produziu filmes fraquinhos para o bruxo que conquistou legiões de fãs, os filmes foram ficando mais interessantes quando diretores diferenciados como Alfonso Cuarón, Mike Newel e David Yates assumiram as adaptações posteriores.
O Senhor dos Anéis
Só um admirador minucioso da obra de J.R.R. Tolkien poderia assumir o projeto de transpor uma obra literária, até então infilmável, para o cinema. A trilogia é um presente para os fãs de Tolkien. Além dos efeitos especiais impecáveis, os filmes contam com um elenco estelar liderado pela atuação esplêndida de Ian McKellen como o bom e velho Gandalf.