A série O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder é uma ambiciosa adaptação que se apoia em várias obras de J.R.R. Tolkien para construir uma nova versão da Terra-média na Segunda Era. Os showrunners J.D. Payne e Patrick McKay reuniram textos como O Silmarillion, Contos Inacabados e os Apêndices de O Senhor dos Anéis para fundamentar a narrativa, mas optaram por preencher muitas lacunas e alterar certos elementos para tornar a história acessível ao público.
Essas mudanças, porém, criaram diferenças marcantes entre o que Tolkien descreveu e o que a série apresenta, especialmente na forma como eventos e personagens surgem e interagem no tempo. Esse novo ritmo e as mudanças feitas pelos showrunners criam uma narrativa que, embora rica em detalhes, traz desafios para os espectadores acompanharem todos os acontecimentos.
A série baseia-se em diversas fontes, mas sua história não segue estritamente nenhum livro específico. Na Segunda Era da Terra-média, que é quando se passa a trama, temos eventos grandiosos como a ascensão e queda de Númenor e a forja dos Grandes Anéis, incluindo o Um Anel. A linha do tempo de Tolkien cobre esses acontecimentos de maneira espaçada e fragmentada, com detalhes reunidos principalmente nos apêndices de O Senhor dos Anéis, conhecido como O Conto dos Anos.
No entanto, para manter uma estrutura televisiva e uma continuidade narrativa, Os Anéis de Poder compacta muitos desses eventos e comprime a passagem de anos e séculos, o que afeta o ritmo e a percepção do desenvolvimento natural de alguns personagens.
Essa “achatamento” da linha do tempo é um dos pontos mais controversos entre os fãs. A série, ao tentar tornar a narrativa mais dinâmica, coloca eventos que nos textos originais ocorreram ao longo de décadas ou séculos em um curto espaço de tempo, fazendo parecer que tudo acontece de forma quase simultânea.
Para você que ficou confuso, abaixo exploraremos a cronologia de seis grupos principais durante a série, além dos passos de personagens principais.
Os Elfos de Lindon e Eregion
A série começa com os Elfos governando um vasto reino no noroeste da Terra-média, onde Gil-galad lidera Lindon e Celebrimbor supervisiona a província independente de Eregion. No decorrer da primeira temporada, os Elfos descobrem que estão enfraquecendo e que o raro metal mithril pode preservar sua vitalidade. Ao perceberem que esse metal pode desacelerar esse processo, Celebrimbor inicia a forja dos Anéis, ajudado por Halbrand, um rei das Terras do Sul.
Ao longo da segunda temporada, três Anéis são criados para preservar o povo imortal, enquanto Celebrimbor e Halbrand, que revela ser Sauron, forjam outros anéis. No entanto, ao final, a verdadeira identidade de Sauron é descoberta, resultando na devastação de Eregion pela força de um exército de Orcs. Com a morte de Celebrimbor e a fuga para um local que se tornará Rivendell, a ameaça de Sauron se espalha, deixando os Elfos vulneráveis, mesmo que ainda em grande número na Terra-média.
Os Anões de Khazad-dûm
Khazad-dûm é o epicentro da cultura Anã na série, onde prosperam sob o reinado de Durin III e seu herdeiro, Durin IV. A primeira temporada apresenta a interação entre os Anões e os Elfos, com Elrond buscando uma aliança para obter mithril, que pode salvar os Elfos da decadência. Essa exploração acaba despertando Balrog, uma criatura ancestral que coloca em risco a segurança do reino (o mesmo que aparece em Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel).
Com a chegada da segunda temporada, os Anões têm um papel mais significativo, interagindo com os Elfos de Eregion e forjando alianças. Quando recebem um dos Sete Anéis de Poder, Durin III cede à tentação do ouro, levando a um confronto mortal com o Balrog. Ao final, com Durin III morto, Durin IV tenta liderar seu povo em segurança, enquanto um exército de Anões auxilia na fuga dos Elfos de Eregion.
A Nação de Númenor
Númenor, a nação abençoada dos homens, enfrenta desafios políticos e militares ao longo das duas temporadas. Na primeira temporada, Galadriel convence a rainha regente Míriel a enviar tropas para ajudar os Elfos contra o ataque dos Orcs nas Terras do Sul. Embora inicialmente bem-sucedidos, os Númenóreanos enfrentam dificuldades após a erupção de Orodruin, que cria Mordor, forçando sua retirada.
Na segunda temporada, após a morte do rei Tar-Palantir, um conflito pelo poder eclode entre os Fiéis, que apoiam Míriel, e os Homens do Rei, liderados por Ar-Pharazôn, que busca romper com a aliança Elfo-humana.
Ar-Pharazôn, apoiado pelos Homens do Rei, assume o trono, resultando na repressão dos Fiéis, que mantêm a aliança com os Elfos. Míriel enfrenta Ar-Pharazôn e passa por um teste arriscado, mas ao final, o rei toma controle do governo e envia expedições colonizadoras à Terra-média, marcando o início de uma era de expansão.
Os Halflings
No lugar dos Hobbits, que surgiriam apenas mais tarde, a série apresenta os Harfoots, um grupo de Halflings nômades, e os Stoors, uma versão inicial dessa raça. Os Harfoots, apresentados como nômades na primeira temporada, têm seu cotidiano interrompido pela chegada de um Estranho.
Na segunda temporada, dois Harfoots, Nori e Poppy, partem com o Estranho para o leste, onde encontram os Stoors, um grupo de Halflings que vive em buracos permanentes. Com a ajuda de Nori, os Stoors sobrevivem ao ataque de um Mago Negro e seguem para o oeste, sugerindo a união das três facções ancestrais dos Hobbits de Tolkien.
Adar, os Orcs e os Sulistas
Na trama de The Rings of Power, os Homens do Sul representam descendentes daqueles que lutaram ao lado de Morgoth, o primeiro Senhor do Escuro e antigo mestre de Sauron. Eles habitam uma região vigiada por Elfos até a chegada de Adar e seu exército de Orcs, que reivindicam essas terras como seu novo lar.
Eventualmente, Adar, temendo a presença de Sauron, lidera um ataque contra Eregion, que culmina na destruição da cidade e na morte do próprio Adar. Com a ascensão de Sauron, os Orcs agora seguem o novo Senhor do Escuro, prontos para conquistar toda a Terra-média.
A Transformação de Sauron
Sauron emerge no cenário como Halbrand, um líder dos Sulistas, e se alia a Galadriel e outros Elfos para conquistar sua confiança. Sua identidade é revelada quando ele auxilia Celebrimbor na criação dos Três Anéis Élficos, preparando o terreno para os próximos Sete Anéis dos Anões e Nove dos Homens. Ao final da segunda temporada, ele assume seu posto como Lorde das Trevas e consolida seu poder ao destruir Eregion, sinalizando uma fase de ameaças diretas a todos os povos da Terra-média.
O Estranho Istar
Ao final do primeiro episódio, uma figura misteriosa surge em um meteoro vindo das Terras Imortais. Ele é acolhido pelos Harfoots e se torna amigo de Nori, uma jovem curiosa. No desenrolar da história, descobre-se que ele é um Istar, um ser angelical encarnado, embora não saiba exatamente quem é.
Na segunda temporada, ele viaja para Rhûn com Nori, onde encontra Tom Bombadil, que o ajuda a compreender seu papel como Gandalf, levando-o a preparar-se para confrontar Sauron e outros seres das trevas que ameaçam a harmonia dos povos livre.
A aparição de Gandalf se tornou controvérsia, uma vez que nos livros Gandalf (ou Olórin, como era conhecido) chega apenas na Terceira Era, muito tempo após os eventos que envolvem a queda de Sauron.
O futuro de Anéis de Poder
Com cinco temporadas planejadas, a série promete expandir ainda mais os laços entre os personagens, as raças e os poderes que habitam o mundo de Tolkien, oferecendo uma visão inédita sobre as os acontecimentos da Terra-média.
As temporadas de Anéis de Poder estão na PrimeVideo.