Em uma matéria do Digital Spy, a 2ª temporada de The Witcher foi bastante criticada por não abordar a sexualidade de Jaskier, e dessa forma, empacar a representatividade LGBTQIA+ na série. Segundo o mesmo site, A Roda do Tempo, no Prime Video, se destaca exatamente onde a série da Netflix falha. Explicamos abaixo tudo que você precisa saber sobre essa polêmica; veja.
“The Witcher introduz os espectadores a um mundo onde a magia é real. Um mundo no qual monstros vagam pela Terra, e alguém como Henry Cavill pode se encaixar perfeitamente naquelas calças de couro apertadas. Mas uma coisa que a série não consegue fazer é convencer o público de que pessoas queer não existem”, afirma a matéria do jornalista Davie Opie.
Diferentemente da atitude escolhida por The Witcher, outras séries de fantasia – como She-Ra e as Princesas do Poder e Shaw & Bone – finalmente começaram a integrar temas LGBTQIA+ em seus respectivos universos.
Todo esse progresso recente culminou em uma reviravolta surpreendente em A Roda do Tempo, protagonizada por Rosamund Pike no Prime Video.
Os erros de The Witcher e os acertos de A Roda do Tempo
Em diversos pontos da trama original, escrita por Robert Jordan, A Roda do Tempo indica que o sentimento compartilhado por Moiraine e Siuan Sanche vai muito além da amizade.
“Nova Primavera”, o prólogo lançado em 2004, chega a descrever a dupla como “companheiras de travesseiro”, e confirma que as personagens dividem a mesma cama. Mesmo assim, parte dos fãs não se convenceu do teor sáfico da história.
Na Roda do Tempo do Prime Video, o showrunner Rafe Judkins decidiu pôr fim a todas as dúvidas, e finalmente trazer esse romance queer para as telas – em uma bela reviravolta no sexto episódio.
Em A Roda do Tempo, Moiraine e Siuan mantém o relacionamento em segredo, mas não pelo motivo que os fãs queer imaginam.
O estigma relacionado ao romance não está relacionado ao gênero das personagens, mas sim às dinâmicas de poder entre as figuras.
“O choque acontece pelo fato de Moiraine viver um romance com a líder das Aes Sedai, não pelo fato dela se relacionar com uma mulher”, explicou Rosamund Pike em uma entrevista à revista Out.
Em A Roda do Tempo, os temas queer saem das sombras e são transportados ao palco principal, algo sem precedentes em séries de fantasia, pelo menos as conhecidas pela audiência tradicional.
O relacionamento de Moiraine e Siuan não é a única referência ao respeito da série às narrativas queer.
Em um dos episódios anteriores, alguém pergunta a Rand e Mat se eles são um casal. Ao invés de reagirem com nojo e violência – como costuma acontecer em histórias do tipo – a dupla apenas sorri, e explica que são apenas amigos.
Como um homem gay, o showrunner Rafe Judkins entende que os temas queer devem ser encarados como partes naturais de qualquer história, particularmente em um mundo que nem existe de verdade.
“Experiências como essa mostram que o gênero da fantasia está evoluindo, deixando de enxergar pessoas LGBTQIA+ como menos importantes, indignas de representação. E infelizmente, é aí que The Witcher falha”, conclui a matéria.
As duas temporadas de The Witcher estão disponíveis na Netflix. A Roda do Tempo está no Amazon Prime Video.