Estamos às vésperas da estreia da 7ª temporada de The Walking Dead, onde um dos maiores ganchos da série será resolvido: quem será a vítima de Negan e seu terrível taco de beisebol, Lucille? Enquanto isso, ainda temos uns bons meses até a chegada do sétimo ano de Game of Thrones, sucesso da HBO que levou seu segundo Emmy de Melhor Série Dramática esse ano.
É curioso observar que, por outro lado, The Walking Dead só ganhou dois Emmys, na categoria técnica de maquiagem, uma daquelas que não são distribuídas nem mesmo na cerimônia principal. É difícil de engolir que Melissa McBride nunca foi nem mesmo indicada por sua atuação com Carol no drama de zumbis da AMC, e parte disso é o preconceito que o Emmy ainda nutre contra produções “de gênero” – terror, ficção científica, etc. Afinal, Penny Dreadful está aí para provar o mesmo.
Chegando a sua sétima temporada no entanto, é interessante observar o momento em que essas duas séries se encontram – e a verdade é que The Walking Dead parece manter muito mais de sua energia vital do que Game of Thrones. Após quatro temporadas espetaculares, o épico da HBO caiu de qualidade no quinto ano e buscou recuperar a glória no sexto, mas parece que, no momento, David Benioff e D.B. Weiss estão mais jogando xadrez com seus personagens do que contando uma história.
Humanidade
A verdade é que, em The Walking Dead, as pessoas importam mais. O tema da série é mais a emoção humana e a moralidade de um mundo pós-apocalíptico, uma sociedade dilapidada – por isso, os personagens são mais envolventes, ganham a chance de contarem suas histórias por completo e de forma progressiva. Enquanto isso, Game of Thrones corta laços com vilões, heróis e tudo o que está entre as duas coisas sem nunca se preocupar com o que aqueles momentos significaram para a narrativa.
O ímpeto das duas séries parece ser bem diferente também. Enquanto The Walking Dead procura se renovar a cada episódio ou pelo menos punhado de episódios, apresentando novas ameaças, novas perspectivas e novas ousadias narrativas, Game of Thrones se vê preso em seu próprio jogo de chocar o público e substituir as “pecinhas” (e não personagens) que possuem o poder naquele momento específico.
Sempre em velocidade impressionante, The Walking Dead procura contar sua história de maneira não exatamente linear, mas talvez um pouco mais tradicional do que Game of Thrones. Graças a seu material de origem, a série da HBO parece um amontoado de histórias cada vez mais expansivo que não sinaliza chegar a lugar nenhum em um futuro próximo. Não se surpreenda se o final de Game of Thrones foi insatisfatório – aconteceu tanta coisa com tanta gente em seis temporadas que será impossível amarrar todas as pontas (inclusive algumas das quais eu, você e todo mundo já se esqueceu).
O estabelecimento artístico e comercial indica que Game of Thrones é o grande título da TV atual, da nossa época pós-Era de Ouro, mas parece que, andando na sombra desse gigante, The Walking Dead conseguiu comover e dizer mais do que ele.