Estamos em plena semana de estreias para as séries da DC na CW – na terça-feira (04) tivemos The Flash, na quarta-feira (05) Arrow, e na próxima semana veremos Supergirl e Legends of Tomorrow chegarem as suas segundas temporadas.
Enquanto isso, o universo cinematográfico da DC está em pausa até ano que vem, quando veremos Mulher-Maravilha, marcando o primeiro filme de super-heróis com uma protagonista feminina na era contemporânea (pós-Homem de Ferro em 2008). Logo depois, é a vez de Liga da Justiça – e em seguida The Flash, Arlequina, Aquaman, Ciborgue, Lanterna Verde, e assim vai.
Como muitos fãs apontam, no entanto, o sucesso da DC, ao contrário do que ocorre com a Marvel, é muito mais na TV do que no cinema. A comparação entre os dois “universos” (que a DC mantem separados, ao contrário da Marvel) é útil, no entanto, para tentar entender o porquê dessa disparidade de sucesso.
Após a semana de estreia das séries da DC, chegamos com algumas lições que elas podem ensinar aos filmes da editora. Confira:
Lição 1: Crossovers precisam de tempo
O universo cinematográfico DC começou com O Homem de Aço e, após uma recepção crítica, e por parte dos fãs, nem tão calorosa quanto o estúdio esperava, caiu logo em seguida no crossover Batman vs Superman, um filme que precisou se preocupar em introduzir o Homem-Morcego, executar o conflito entre os dois provocado por Lex Luthor, e ainda deixar dicas dos próximos filmes da franquia. No ano que vem, já teremos Liga da Justiça, antes mesmo da introdução de muitos de seus membros.
Essa abordagem “pegar o trem no meio do caminho” não parece estar funcionando muito bem, e talvez uma boa lição seja a dos crossovers da TV, que tomaram seu tempo para acontecer – os grandes eventos de cruzamento entre os personagens aconteceram quando eles já estavam mais ou menos estabelecidos em suas próprias séries. Sim, alguns membros de Legends of Tomorrow e até Barry Allen (o The Flash) apareceram em Arrow antes de estrearem em séries solo, mas foram pequenas introduções, e não aventuras conjuntas.
Lição 2: Ninguém é herói sozinho
Todas as séries da DC no momento, mas especialmente The Flash e Supergirl, são preocupados com a noção de desenvolvimento de relacionamentos fortes e importantes entre seus heróis e as pessoas que estão ao redor deles. Ninguém, no universo da CW, é herói sozinho – mesmo quando perdem seus times de apoio, os heróis começam a construir outros, como vai acontecer na quinta temporada de Arrow, por exemplo.
Relações pessoais são uma forma de humanizar e fortalecer os personagens super poderosos, e também uma forma de povoar os seus arredores com pessoas interessantes, com as quais nos importamos. Apesar do bom trabalho de Amy Adams, a Lois Lane do universo DC não se qualifica nessa categoria – e tirando ela, você se lembra de algum coadjuvante “humano” que faça alguma diferença no universo cinematográfico DC?
Lição 3: Agora é pessoal
Fazer especulação filosófica quanto a ação dos heróis no mundo real é uma oportunidade importante que os filmes precisam agarrar – e é por isso que este que vos fala nunca vai ser um dos críticos do trabalho de Zack Snyder e seus roteiristas -, mas as séries da CW ensinam que motivações pessoais e conflitos íntimos funcionam muito bem como um condutor dessas especulações.
Ao que tudo indica pelas informações que já temos, quando resolveu introduzir o Superman entre seus personagens, a série da Supergirl fez com que sua chegada refletisse na protagonista de uma forma muito intrínseca de sua relação com o outro membro da família que tem por perto, a irmã Alex. The Flash fez o mesmo com a saga Flashpoint, focando nas consequências emocionais para Barry – através de narrativas assim, as histórias de super-heróis podem levantar discussões mais profundas sem perderem o caráter envolvente e identificável com o público.
Lição 4: Sim, ser herói também é divertido
Não é preciso deixar de lado a discussão sobre a responsabilidade e as ambiguidades dos atos de heroísmo para divertir. A Marvel não faz isso, e certamente o universo televisivo da DC também não – no entanto, os filmes parecem estar fazendo. Esquadrão Suicida chegou com um humor ácido e sombrio, que acabou soando forçado no contexto do filme, mas criar diversão não é necessariamente inserir piadas e diálogos engraçados em algum lugar.
Pelo contrário, às vezes, como faz Legends of Tomorrow, é só inserir um senso de desafio nas cenas de ação, misturando com um elemento como a viagem no tempo (na segunda temporada, os heróis terão que salvar Albert Einstein de um sequestro). Brincar com clichês do gênero, subvertê-los e construir a partir deles é parte da narrativa pop, e não precisa deixar de ser. É possível divertir, informar e refletir ao mesmo tempo. Se a DC ainda não sabe como fazer isso no cinema, só precisa olhar para o lado, porque suas séries de TV já fazem há algum tempo.