Conhecido por seu trabalho nos quadrinhos de Watchmen, V de Vingança e Batman: A Piada Mortal, Alan Moore é um dos escritores de quadrinhos mais importantes da história. Mas o que muitos não sabem é que o autor também é um Mago, e uma das razões para isso é bem curiosa.
Quando eu digo mago, não quero dizer que você pode esbarrar com Moore animando a festinha de aniversário do seu primo, mas sim que o autor se considera um Mago no sentido mais verdadeiro possível. E uma das motivações para ele escolher a magia, foi ter ficado bêbado Northampton uma vez.
Mesmo com sua fama de ter escrito muitas de suas obras para criticar o quanto histórias de super-heróis são infantis, nem sempre foi assim para Alan Moore.
No final dos anos 1970, o autor abandonou seu trabalho em um escritório para se dedicar a escrever e desenhar seus próprios quadrinhos. Seu trabalho dessa época era bastante underground, não sendo muito anterior a sua ascensão à fama em editoras maiores.
Foi nessa época mais obscura que Moore escreveu V de Vingança e Miracleman, obras que chamaram a atenção do público, abrindo espaço para suas obras mais populares na indústria de quadrinhos.
Agora, já com 68 anos, Moore se afastou dos holofotes, especialmente dos que vinham de seu trabalho com HQs, mas, mesmo estando em um período recluso, o autor ainda dá algumas entrevistas.
Recentemente, Alan conversou com o jornal The Guardian, para falar sobre seu trabalho, sua vida, e como ele se considera um praticante de magia. Ele se vê como um “mago cerimonial”, alguém segue as tradições da magia bárdica.
Para o autor, sua habilidade de escrever histórias e mudar percepções são formas de magia. Mas, para Moore, sua entrada no mundo da feitiçaria começou como um desafio de bar. Veja o que foi escrito pelo The Guardian:
“Bêbado em um bar de motoqueiros em Northampton, em seu aniversário de 40 anos, ele anunciou ‘com certa ênfase’, que iria se tornar um mago. ‘Na manhã seguinte quando eu acordei eu pensei: Nossa, eu vou ter que fazer isso agora, não é? eu não sabia o que significava me tornar um mago. Mas eu pensei que tinha um certo poder em fazer a declaração.’ Seus experimentos com mágica vieram de encontro com uma visão de mundo evidente em seus trabalhos.”
A magia nas histórias de Alan Moore
Outro motivo para o interesse de Moore na magia bárdica vem de seu trabalho no livro ficcional sobre Jack o Estripador, Do Inferno, que aumentou seu interesse pelo oculto.
Esse quadrinho foi publicado entre 1989 e 1998, no mesmo período que o autor fez sua declaração no bar. Tudo isso resultou em uma abordagem mais filosófica na hora de escrever suas histórias, que durou até sua aposentadoria em 2019.
As ideias de Moore sobre mágica e arte, estão presentes e muitas obras do autor, que, pra falar a verdade, possuí a aparência exata que imaginamos para um mago, com seus cabelos e barba enormes.
A obra Promethea de Moore, explora explicitamente as ideias do autor sobre magia e escrita. O livro de três partes chamado Jerusalém, publicado em 2016, levou 10 anos para ser escrito, e combina elementos sobrenaturais, ficção histórica, e diferentes formas literárias, elementos que combinados expressam diretamente as ideias do autor sobre arte e magia.
Não podemos negar que existe algo mágico na arte. Como o próprio Moore disse em outra ocasião: “Arte é, como a magia, a ciência de manipular símbolos, palavras ou imagens para alcançar mudanças na consciência.”
Todo o envolvimento de Moore com magia o fez encontrar uma filosofia que o tornou um dos melhores escritores de quadrinhos que já existiu. E agora, nós sabemos que foi tudo por conta de um desafio em um bar.