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Powerless faz sátira deliciosa aos heróis da DC com humor e nostalgia na medida certa

Por Fernando Minighiti

Vai ao ar neste domingo (12) no Brasil o primeiro episódio de Powerless. A nova série da DC mistura super-heróis em uma atmosfera cômica e prova logo no primeiro capítulo que podemos esperar uma grande temporada pela frente.

Ambientada em Charm City, Powerless conta a história de Emily Locke (Vanessa Hudgens), uma agente de seguros que é contratada como diretora de pesquisas da Wayne Security (sim, filiada à Wayne Enterprises). A empresa desenvolve serviços e produtos de segurança para pessoas indefesas num mundo cada vez mais dos super-heróis, e Locke logo percebe que suas ambições de novata são bem maiores (e mais nobres) que as de seu chefe Van Wayne (Alan Tudyk).

Dessa forma, a cidade acaba sendo o cenário perfeito para se contar uma “história B”, o “lado de lá” dos heróis e as consequências de seus atos para os civis desprotegidos.

Logo na primeira cena percebemos o quão a série se dispõe a tratar heróis da forma mais banal possível: o trem de Locke descarrila e quase explode devido a uma batalha do lado de fora – mas, segundo a própria protagonista, é “só mais uma batalha de super-heróis”. Locke trata a situação como se estivesse em uma montanha-russa, tão tranquila como se fosse uma espectadora de um file de herói no cinema, e depois de toda a destruição… tira uma self. Assim sendo, a DC acaba fazendo de Powerless uma sátira bem humorada dela mesma.

Hudgens está impecável e tem um timing perfeito ao mostrar o lado “irritantemente positivo” de Locke (demissões em massa nunca foram tão divertidas como quando Hudgens está na telinha). Além do mais, a química em cena entre a atriz e seus principais companheiros da Wayne Security (Danny Pudy como Teddy, Christina Kirk como Jackie e Ron Funches como Ron) é quase palpável, fazendo do episódio algo muito agradável de assistir.

Vale lembrar que não são apenas nos diálogos afiados que reside a comédia de Powerless. A série segue, de fato, o padrão que o estilo exige: capítulos curtos, de 20 e poucos minutos, extremamente objetivos. Não há tempo pra procrastinação: quando você se dá conta, já está se perguntando como é que os pobres mortais sobreviveram a O Homem de Aço (2013) e suas batalhas megalomaníacas, e a Batman vs Superman (2016).

E é justamente através desses pensamentos, até então bem incomuns, que Powerless faz da sátira uma grande homenagem aos heróis, presente desde a arte de abertura, deliciosamente criada com base nos personagens clássicos da DC Comics e naquilo que ninguém repara – os cidadãos. Um prato cheio para quem conhece a DC além dos filmes.

Por fim, e não por isso menos importante, é muito bom ver mulheres no comando de uma série de tanta qualidade, sem estereótipos machistas. Longe de ser uma exclusividade, naturalmente, mas é um fenômeno em crescimento, e Powerless não hesita em fazer o melhor possível para mostrar que nas narrativas de heróis, mulheres podem, sim, ser o que quiser – uma protagonista forte, que não precisa de proteção, ou uma engenheira que cria produtos de segurança para toda uma população.

De fato, há quem diga que (link) o futuro da DC está nas mulheres (/link). A estreia de Mulher Maravilha (2017) vai nos mostrar o quanto a empresa está disposta a apostar nisso, mas a julgar por Powerless, podemos dizer que ela está, sim, indo para o rumo certo, e isso é lindo.

Em tempos onde tivemos que lidar com as decepções que Esquadrão Suicida nos trouxe, é muito bom ver a DC pegar leve consigo mesma. Powerless não erra nem pelo exagero, nem pela escassez. Está no ponto: é engraçada e nostálgica na medida certa, num ritmo que não para desde a primeira cena, fazendo 20 minutos passar voando. Como a própria protagonista diz, “não é preciso ter superpoderes para fazer coisas incríveis”. E, de fato, não precisa se muito para Powerless ser realmente muito boa. Ela já nasce como uma grande série, e tudo o que a DC precisa é manter o mesmo ritmo ao longo dos seus restantes 12 episódios.

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