A Marvel Studios com certeza deve ser um lugar fascinante para se trabalhar. Uma das grandes potências mundiais do cinema hoje em dia, o braço cinematográfico da editora de quadrinhos é comandado por Kevin Feige, uma figura polêmica que recentemente entrou em uma rixa com o presidente geral da Marvel Entertainment, Isaac Perlmutter.
Embora muita gente não fique sabendo da maioria dessas brigas, acordos e conflitos, e embora nada disso signifique alguma coisa sobre a qualidade dos filmes produzidos por lá, é sempre interessante ler sobre as histórias de bastidores. Com isso em mente, reunimos seis das mais chocantes (e menos divulgadas) anedotas sobre as produções da Marvel desde 2008, quando eles começaram a dominar o mundo com Homem de Ferro:
6) Renegociações com Robert Downey Jr
Quando a Marvel decidiu adaptar Guerra Civil no terceiro filme do Capitão América, ficou claro que seria necessário renegociar o contrato de Robert Downey Jr, que previa a princípio apenas os filmes do Homem de Ferro e dos Vingadores. O econômico diretor da Marvel Entertainment Isaac Perlmutter logo se opôs a ideia, sabendo dos preços sempre salgados do ator, e ordenou aos roteiristas que simplesmente tirassem Tony Stark da história, ou optassem por alguma outra narrativa.
Foi missão de Kevin Feige ir até o seu chefe e convencê-lo de que, mesmo que Downey Jr fosse um astro caro, sua participação e a opção de contar a história da Guerra Civil abriria portas tanto para o filme quanto para o futuro do universo cinematográfico da Marvel. Esse foi o começo da rixa entre Feige e Perlmutter, mas no final das contas esse último deu o braço a torcer e Downey Jr irá aparecer em um papel de destaque em Capitão América: Guerra Civil pela “bagatela” de US$40 milhões, mais uma porcentagem da bilheteria.
5) Os cortes de custo de Isaac Perlmutter
Conforme o poderio de bilheteria da Marvel Studios foi crescendo, era de se esperar que a forma como eles gastam o seu dinheiro fosse mudar, certo? Acontece que o presidente da Marvel Entertainment, Isaac Perlmutter, é um pouco esperto demais no sentido de economizar gastos para ganhar mais lucro. Os contratos de múltiplos filmes que o estúdio firma com os atores do cinema e da televisão (alguns contratos na TV chegam a 7 anos) não servem só para garantir a permanência dos atores no universo Marvel, mas também para diluir os seus pagamentos, combinados antes dos intérpretes se tornarem grandes astros.
Outras anedotas de corte de gastos incluem a recusa de Perlmutter de permitir que o escritório da Marvel Studios comprasse novos móveis quando se mudou para o lote da Disney em Brubank, e sua relutância em ceder aos repórteres mais do que uma lata de refrigerante nas visitas da imprensa e exibições dos filmes para a crítica. Com o tempo, Feige parece ter se cansado de tudo isso, e hoje em dia o diretor da Marvel Studios não responde mais à Perlmutter, mas sim diretamente à Disney.
4) Avi Arad vs. Kevin Feige
É verdade que, durante os primeiros anos de filmes bem-sucedidos da Marvel (antes da criação do estúdio e do início do universo cinematográfico), Avi Arad foi uma presença indispensável na produção de certos filmes, especialmente os dois primeiros Homem-Aranha de Sam Raimi. No entanto, é também verdade que Arad foi o responsável por forçar decisões criativas e mercadológicas que levaram a franquia do Aranha à falência na Sony, e que produziram horrores como os dois Quarteto Fantástico com Jessica Alba.
Kevin Feige e Avi Arad não se dão bem, obviamente, e Arad pediu demissão da Marvel em 2006, alegando que não botava fé nos planos da empresa de criar o seu próprio universo cinematográfico e estúdio, independente de outras marcas de Hollywood. Durante o acordo entre a Marvel e a Sony para incluir o Homem-Aranha no universo dos heróis, portanto, a única grande exigência de Kevin Feige era que Avi Arad não estivesse envolvido nos filmes solo do herói, que serão co-produzidos pela Marvel Studios e pela Sony.
3) A controvérsia com o Máquina de Guerra
Terrence Howard recebeu US$ 5 milhões por sua participação, relativamente pequena, no primeiro Homem de Ferro. No papel de James “Rhodey” Rhodes, o futuro Máquina de Guerra, Howard fechou um contrato que previa apenas um filme, por um salário considerado alto para um coadjuvante da Marvel Studios, ainda uma empresa iniciante em 2008. Quando chegou a hora de produzir a continuação, em 2010, Isaac Perlmutter bateu o martelo: se o salário não diminuir, Howard será substituído.
Todos sabemos o que aconteceu, e Don Cheadle vem interpretando o papel com toda a propriedade desde então, mas a verdadeira polêmica veio quando vazou a informação de que Perlmutter teria dito a um subordinado que o público “nem mesmo notaria” a mudança de atores, pois ambos são negros. Embora nada confirme a atitude racista do executivo, já deu para entender o tipo de figura polêmica que Perlmutter era nos primeiros anos da Marvel Studios.
2) Quase falência
Em 1996, a Marvel Comics quase foi à falência. O baixo interesse nos quadrinhos lançados pela editora na época e um monte de más decisões financeiras levaram ações da companhia a cair tanto que a editora foi obrigada a vender os direitos de alguns de seus personagens mais populares para se manter perto da superfície. Foi Isaac Perlmutter que salvou a companhia, é claro, chegando a posição de diretor em 2006 e já colocando em movimento o plano da Marvel de produzir seus próprios filmes.
Um acordo com a Mercedes-Benz permitiu à Marvel Studios que produzisse Homem de Ferro em 2008, e Perlmutter estava tão preocupado com o potencial comercial do filme que, segundo conta a lenda, os jornalistas receberam apenas salgadinhos baratos nas visitas aos sets e nas sessões especiais do filme. Mal sabia Perlmutter o que o filme faria quase US$ 600 milhões mundialmente, abrindo as portas para o que conhecemos hoje como o universo cinematográfico da Marvel.
1) Kevin Feige tentou fazer um acordo com a Fox
Os direitos do personagem Demolidor só voltaram para a Marvel porque a Fox deixou expirar os anos de contrato que tinha com a editora, sendo incapazes de produzir algum filme que os permitisse estender a permanência do Homem sem Medo em seu catálogo. No entanto, Kevin Feige quase permitiu que o estúdio ficasse com o Demolidor – um pouco antes do contrato expirar, o chefão da Marvel Studios ofereceu à Fox um acordo em que eles poderiam manter os direitos do herói de Hell’s Kitchen se cedessem de volta para a Marvel os personagens Galactus e Surfista Prateado, que são do catálogo do Quarteto Fantástico.
A Fox recusou, preferindo perder os direitos do Demolidor, mas nesse mundo paralelo em que o acordo fosse feito, provavelmente teríamos o poderoso Galactus e seu fiel escudeiro prateado em filmes como Guardiões da Galáxia e o vindouro Vingadores: Guerra Infinia. Por outro lado, não teríamos Demolidor no Netflix, e provavelmente também não teríamos os planos para a série dos Defensores, empurrados pelo sucesso primário da trama do Homem Sem Medo.