Reviravoltas

Crítica: Gavião Arqueiro - Temporada 1 - Episódio 4

Série do Disney+ traz ainda mais conexões com o MCU

Alerta de spoilers

Ao contrário das críticas anteriores de Gavião Arqueiro, nesta vou precisar trazer alguns spoilers para abordar mais a fundo o que acontece na série, especialmente em razão da sequência final desse quarto episódio do seriado do Disney+.

Enquanto WandaVision e Loki, em geral, contaram histórias contidas em si próprias, ainda que tenham como ponto de partida os eventos de Vingadores: Ultimato, Falcão e o Soldado Invernal e Gavião Arqueiro trazem vínculos mais sólidos com outros personagens do Universo Cinematográfico Marvel (MCU). O capítulo Parceiros, Certo? deixa isso bem claro ao trabalhar o passado de Clint Barton, a conexão dele com a Viúva Negra e, claro, com a aparição de Yelena Belova ao término do episódio.

Mas antes de chegar lá, vamos revisar tudo o que vimos nesses pouco mais de trinta minutos.

O Gavião Arqueiro finalmente encontra-se com Jack Duquesne e Eleanor Bishop e eles, juntos de Kate, esclarecem (ou mentem) sobre o porquê de um Vingador estar dentro da casa das Bishop.

Clint descobre que Jack está lavando dinheiro para a gangue dos casacos e que o rolex da base dos Vingadores ainda está emitindo um sinal. Já Kate consegue uma forma de recuperar as flechas especiais, que foram apreendidas pela polícia de Nova York. No meio disso, temos mais oportunidades para os dois personagens centrais se aproximarem, enquanto Barton se abre mais em relação ao passado dele.

Assim como as séries anteriores da Marvel no Disney+, Gavião Arqueiro conta com um roteiro tipicamente cinematográfico. Não há muito espaço para subtramas envolvendo outros personagens, ao passo que o seriado basicamente é desenvolvido na linha narrativa primária, sem o vai e vem que vemos em incontáveis outras produções.

Isso empresta maior agilidade a cada capítulo, que efetivamente pode desenrolar a história sem passar aquela sensação de que nada aconteceu – exceto quando o foco é a ação, como foi o caso do episódio anterior, Eco.

Em Parceiros, Certo? a trama é habilmente alavancada, apesar da curta duração, tudo sem perder o foco da alma da série, que já apontei nas críticas anteriores: a relação entre Kate Bishop e Clint Barton.

Dito isso, enquanto os episódios anteriores deram mais atenção a Kate (principalmente), aqui a vez é do Gavião Arqueiro, que continua a lidar com a dor de ter perdido Natasha Romanoff, a Viúva Negra. Não está claro quanto tempo se passou desde Vingadores: Ultimato, mas ele ainda está de luto, evidentemente, e desde já é óbvio que Bishop será essencial para a recuperação dele. É um clichê, mas nem todos os clichês são ruins, são dispositivos narrativos e, quando usados bem, funcionam a favor do roteiro, como é o caso aqui.

Assim sendo, é importante notar como Gavião Arqueiro não perde tempo semana após semana, visto que cada fato é enganchado com outro a fim de dar prosseguimento à história. Até mesmo o encontro de Clint com os LARPers (live action role-playing) no parque é aproveitado em Parceiros, Certo?, evidenciando a coesão do roteiro da série do Disney+ como um todo.

Justamente esses fatores, especialmente a agilidade da narrativa, que não nos fazem sentir falta da ação, mesmo tratando-se de uma série de super-heróis. De fato, ela só vem nos momentos finais, de forma orgânica e sem durar mais do que deveria. O embate entre Kate e Eco, Clint e Yelena é curto, mas cumpre o papel e ainda dá espaço para algumas boas risadas em razão de situações pelas quais jamais esperaríamos ver um super-herói passando (vide Kate ficando presa na corda).

Por sinal, Gavião Arqueiro faz bom uso disso, como previamente quando é explicado que ele está perdendo a audição por conta das diversas pancadas e explosões ao longo da carreira, ou nesse mesmo episódio, quando ele coloca diversas coisas geladas sobre o corpo para se recuperar da briga do capítulo anterior. Isso garante humanidade ao personagem, torna ele mais palpável e próximo de nós – passamos a enxergá-lo como uma pessoa comum e não somente como um super-herói.

Participação especial

Enfim, chegamos à Yelena Belova, que dá as caras no MCU mais uma vez. Essa aparição tem vínculo direto com Viúva Negra, especialmente com a cena pós-créditos, é claro. Por enquanto, é necessário que o espectador tenha assistido o filme da Vingadora (que também está no Disney+), mas é bastante provável que o próximo episódio traga uma explicação sobre quem é ela.

Voltamos à questão da conexão maior de Gavião Arqueiro com o restante do MCU. A cena inicial da série já funcionou como aviso de que esse seria o caso: é preciso que o espectador tenha acompanhado os filmes da Marvel até aqui para melhor aproveitar o seriado. Isso seria um problema do seriado como uma obra cultural ou de entretenimento, mas Gavião Arqueiro consegue se sustentar por si só na maior parte do tempo. O marinheiro de primeira viagem ainda vai ficar perdido com certas falas, como a de Clint sobre a assassina Viúva Negra, mas nada muito sério.

Para quem viu tudo até agora, no entanto, esses vínculos são recompensadores, um motivo a mais para ver tudo, além de um lembrete da conexão entre as obras. Por enquanto ainda é incerto o papel de Yelena Belova aqui e de quem ela está atrás, mas parece que o número de ameaças para Clint e Kate só aumenta, ainda mais com as recorrentes menções sobre o líder misterioso da gangue do agasalho (Rei do Crime?).

Com isso, Gavião Arqueiro entrega mais um bom episódio, capaz de dar prosseguimento à trama como um todo, sem apressar ou arrastar a narrativa em detrimento do entretenimento do espectador. Mais jogadores entram em campo, mas sem perder foco do que é importante na série do Disney+: o desenvolvimento dos personagens e a relação entre Clint e Kate. Ainda estamos na fase de criar perguntas na série. Resta torcer para que os dois capítulos restantes consigam responder todas elas.

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