Críticas

Crítica | Homem-Formiga e a Vespa

No ano de 2015 a Marvel Studios lançou um filme com um super-herói que, até então, não havia sido explorado. Homem-Formiga, personagem título do longa-metragem, passava longe de heróis de “primeiro escalão” como Capitão América, Homem de Ferro e Thor. Porém, para felicidade da produtora, o filme conseguiu agradar tanto o público geral como a crítica especializada.

Posteriormente a este filme foram lançados pela Marvel várias sequências, como, por exemplo, Capitão América – Guerra Civil encerrando a linha temporal do capitão Steve Rogers, que havia começado no ano de 2011. No início deste ano, os filmes mais aguardados eram Pantera Negra e Vingadores: Guerra Infinita, ambos foram muito bem recepcionados pelo público e crítica – lembrando que este último anunciou a chegada tão aguardada de Thanos, que é tido como o maior vilão da Marvel. Além disso, o filme trouxe o início de uma nova era no universo dos heróis. Homem-Formiga e a Vespa é o primeiro filme da Marvel Studios pós Vingadores: Guerra Infinita e, por conta disso, a expectativa do filme com relação a essa novo período, era grande.

O filme se passa posteriormente aos acontecimentos de Capitão América – Guerra Civil, Scott Lang (Paul Rudd) precisa lidar com as consequências de suas escolhas tanto como super-herói quanto como pai. Enquanto ele tenta restabelecer a sua vida, Hope Van Dyne (Evangeline Lilly) surge em sua casa com uma missão urgente: salvar Janet Van Dyne (Michelle Pfeiffer) do mundo sub-atômico.

Assim como o primeiro filme, este também é dirigido por Peytoon Reed. Por isso não existem grandes mudanças estruturais com relação a cinematografia da película. Porém, existe uma grande modificação no tom do roteiro. O primeiro filme, por trazer um novo personagem ao universo Marvel, tinha como objetivo principal mostrar quem era o Homem-Formiga ao público. Já, a sequência, não tem essa necessidade, mesmo introduzindo Hope como a Vespa – é de conhecimento de todos a motivação da personagem desde o filme anterior.

Devido a essa familiaridade o roteiro permite-se usar do humor muito mais que o seu antecessor. Todas as sequências, mesmo as mais sérias no qual é descoberta a grande motivação da vilã, ocorre alguma ação externa que tem como única motivação gerar o riso. No primeiro filme existia um trio de personagens que cumpriam esse alívio cômico, neste novo essa função cabe a todos. O estranhamento dessas alterações é inevitável. Mas, não somente por comparar com o primeiro filme, mas sim por comparar, de maneira até involuntária com os dois últimos lançamentos da Marvel.

Pantera Negra e Vingadores: Guerra Infinita trouxeram uma roupagem diferenciada a já conhecida estrutura narrativa de filmes heroicos. Além de não usar do humor em excesso, ambos, realizaram com êxito a construção dramática de seus personagens, principalmente de seus vilões que tinham motivações concretas e não aquela velha e já batida vontade de se vingar do mundo somente por se vingar. Infelizmente, Homem Formiga e a Vespa falha neste ponto. Sua vilã não recebe a mesma elaboração, pelo roteiro, que Killmonger em Pantera Negra ou Thanos em Guerra Infinita. Por mais que tentem, o pretexto de toda vilania não convence o público e isso atrapalha o andamento do longa. Além disso, o humor – mesmo agradando e sendo bem construído em vários momentos – não facilita a imersão no que deveria ser a carga dramática do filme, na verdade, atrapalha.

Entretanto, quando usado a favor do roteiro o humor cai como uma luva. A relação de Scott com sua pequena filha, interpretada por Abby Ryder Fortson, é uma das melhores coisas que o enredo apresenta. Além de ser nítido o bom entrosamento entre os atores, os diálogos bem-humorados ajudam ao público a entender o afeto que um tem pelo outro. Destaco também a atuação de Evangeline Lilly, a Vespa, que tem oportunidade de mostrar todo seu potencial graças ao roteiro. No primeiro filme, a atriz, por conta de sua personagem que era mais contida, não conseguiu deixar claro a quão forte e decidida era. Isso de fato mudou. Hope Van Dyne revela-se uma heroína corajosa e extremamente inteligente.

Por fim, Homem-Formiga e a Vespa mesmo não sendo tão bem executado ao que diz respeito a concepção de sua vilã, consegue em seu termino agradar – especialmente após a cena dos créditos finais. Por ser o primeiro filme a ser lançado pós-Guerra Infinita é natural que a expectativa fosse gigante, afinal, este último Vingadores ousou no roteiro em vários aspectos e, exigir que este filme tenha a mesma carga dramática, é um tanto exagerado.

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