Bromance

Crítica – Venom – Tempo de Carnificina

Longa do anti-herói da Marvel apenas repete o anterior com mais piadas

Apesar de Venom (2018) ter recebido uma enxurrada de críticas negativas no lançamento, fez uma bilheteria mundial de dar invejinha em uma pancada de gente. Gastou 116 milhões para fazer, arrecadou 856 milhões! Praticamente oito vezes o que foi gasto no orçamento.

Vale lembrar que boa parte dessa bolada tem assinatura chinesa, responsável por uma impressionante marca de 262 milhões no país.

Se estiver se perguntando a razão deste texto se mostrar tão fixado na conta bancária do anti-herói Venom, saibam que é por este motivo a existência desta continuação Venom: Tempo de Carnificina, que chega às salas de cinema em todo o Brasil.

Alguém pode dizer que todas as sequências lançadas, seja cinema ou streaming, têm como maior objetivo lucrar. Pura verdade.

Porém, depois de assistir o original lançado em 2018, e agora, Tempo de Carnificina, perceberá que não existe algum propósito dessa série cinematográfica que não seja encher o cofrinho. E, isso não está interligado com a falta de predicados no material. É mais pelo fato de que estes filmes, ironicamente, parecem um corpo estranho dentro do organismo cinematográfico atual.

Nenhum dos dois filmes lançados se encaixa na padronização MCU (para o bem ou para o mau), ou segue a linha snyderiana que foi adotada (em partes) pela DC Entertainment. Venom – Tempo de Carnificina parece mais com algo feito no início do século, quando tivemos produções, do tipo: Demolidor – O Homem sem Medo (2003); Mulher-Gato (2004); Elektra (2005); Quarteto Fantástico (2005); e, Motoqueiro Fantasma (2007).

Convenhamos, nenhuma destas representou algo minimamente memorável.

Junta-se ao bonde Venom – Tempo de Carnificina, com Eddie Brock (Tom Hardy) ainda tendo dificuldades para coexistir com o extraterrestre Venom. Quando o louco assassino em série Cletus Kasady (Woody Harrelson) também se torna hospedeiro de um simbionte alienígena, Brock e Venom devem deixar de lado suas diferenças para impedir que a carnificina comece.

Relacionamento não é um negócio fácil!

Como no primeiro longa-metragem solo do Venom, a grande atração é o ‘bromance’ entre o repórter Eddie Brock e a criatura gosmenta hiperativa Venom. Assim como o anterior, temos uma vibe O Médico e o Monstro, novela gótica de Robert Louis Stevenson publicada em 1886. O maior diferencial é que no filme do monstro da Marvel foca-se mais no aspecto humorístico dessa coexistência.

Sim, Tempo de Carnificina é em sua maior porção uma grande DR (gíria usada para casais que discutem a relação)!

Se existe algo de maior valor neste filme comandado por Andy Serkis, já em seu terceiro filme na cadeirinha do diretor, é o aumento cômico entre as duas figuras centrais da trama. Algo muito familiar à Serkis, que encarnou o lendário Gollum em várias ocasiões nos filmes inspirados pelas obras de J. R. R. Tolkien.

É perceptível o quanto Tom Hardy mostra-se (super) confortável nesse papel da série de filmes sobre o visualmente assustador Venom. Ele consegue contrapor com facilidade, toda a expansiva e agitada personalidade da forma simbionte alienígena, que possui uma voz gutural, que lembra como urram alguns vocalistas nas bandas de death metal, subgênero mais extremo dentro do heavy metal.

Temos o Carnificina, mas não temos carnificina

Parece bem claro que a proposta era fazer uma comédia com Venom – Tempo de Carnificina. E, entre algumas sacadas muito boas e outras um tanto constrangedoras, temos uma narrativa desnivelada pelo ponto de vista do espectador, que só vai aproveitar bem este filme, caso já tenha adorado a experiência do primeiro.

Tivessem os roteiristas que assinaram produções, como Anjos da Lei (2012) ou Deadpool (2016), provavelmente, seria outra história. Uma bem melhor.

Mas, como diz o título, o importante é que chegou o momento de testemunharmos mais um personagem do extenso cardápio Marvel, no caso, o simbionte avermelhado Carnificina, interpretado pelo inimitável Woody Harrelson, completamente desperdiçado aqui.

Uma pena, apesar da competente batalha final entre simbiontes, que não temos nada além disso para tirar deste filme de Andy Serkis. Não há qualquer senso de contraponto, via terror ou drama. Nada.

Sobram algumas boas risadas, se for do tipo que acha graça em um monstro fazendo o café da manhã, onde praticamente destrói o apartamento de seu colega hospedeiro.

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