Fase 4

Crítica: What If...? – 1ª Temporada

Série de animação da Marvel apresenta alguns pontos baixos, mas no geral, oferece bom entretenimento com versões diferenciadas

Terminada a primeira temporada de What If?, já com a promessa de uma segunda temporada com mais nove episódios para a primeira metade de 2022, fica fácil afirmar duas coisas: a qualidade da animação impressiona bastante; e, conseguiram instalar um clima de dúvidas se algumas das novas versões assistidas influenciarão outros projetos dentro do Universo Cinematográfico da Marvel.

Esta última colocação, talvez, seja o que de mais interessante checamos nessa introdução à What If?, que começa de maneira mais despretensiosa, mas quando vai se aproximando da resolução desta primeira parte, ganha novas tonalidades que vão trazendo um elemento dramático que pode retornar algumas características que estão em falta na maioria das produções recentes da MCU, mesmo antes da Fase 4 ter iniciado com a competente série WandaVision.

Se Loki mostrou-se a produção de qualidade mais questionável dessa nova fase, em especial pelo roteiro que acelera demais uma narrativa que merecia uma modulação mais baixa, sabotando o cerne emocional intencionado, ao menos em seu episódio final expandiu as possibilidades para uma nova linha aterrorizante no ponto de vista como jornada do herói, além de possivelmente ter aberto o leque de entretenimento de todo o universo dos super-heróis.

What If? aparenta fazer a mesma coisa. Bom sinal, definitivamente.

E se… a Capitã Carter fosse a primeira Vingadora?

Retornamos à Fase 1, exatamente dez anos atrás quando foi lançado Capitão América: O Primeiro Vingador (2011) de Joe Johnston, longa onde testemunhamos o surgimento de Steve Rogers como o herói de guerra Capitão América.

Este episódio inicial pouco inova, mas conseguiu realizar a façanha de com apenas meia hora de duração, transformar a produção de Joe Johnston em um decente filme de ação.

E se… T’Challa se tornasse o Senhor das Estrelas?

De todos os episódios, este é sem dúvida o mais fraco e esquecível. O que é uma pena, já que serviu também como homenagem à Chadwick Boseman (1976 – 2020), ator responsável por dar vida e significado ao super-herói Pantera Negra.

Não dá para acusar de falta de criatividade visual, já que tivemos uma Nebulosa que parecia uma mistura de Smurfette com Jessica Rabbit, além de uma alusão ao clássico filme familiar Querida, Encolhi as Crianças (1989), também dirigido por Joe Johnston. Porém, insuficiente como forma de lazer.

E se… o mundo perdesse seus heróis mais poderosos?

Como o episódio anterior, não temos aqui daqueles momentos mais inspirados de What If?, que tenta contar uma breve historinha de mistério sobre quem está por de trás dos assassinatos dos super-heróis que formariam o grupo especial Vingadores.

Provavelmente descobrirá quem é o responsável por isso, na cena de luta que envolve a espiã Viúva Negra.

E se… o Doutor Estranho perdesse seu coração em vez das mãos?

Chegamos no melhor momento de What If?. Se antes observamos um clima mais despojado pelos capítulos anteriores, agora, começamos a ter um maior envolvimento emocional pela narrativa. Este é, definitivamente, o momento mais reflexivo e trágico desta temporada.

Tais adjetivos são muito bem-vindos dentro da MCU, que costuma adoçar demais alguns de seus projetos. No final do episódio, ficará uma sensação similar àquela sentida nos momentos derradeiros do ótimo Vingadores: Guerra Infinita.

E se… zumbis!?

Aqui, continuamos a surfar ondas altas.

Sim, temos um conto de zumbis que atacaram os heróis principais entre os Vingadores. Neste capítulo encontramos uma exploração maior de gêneros, que transitam do humor ao drama, sempre no território óbvio do terror. Todos apresentados de modo mais que competente.

E se… Killmonger tivesse resgatado Tony Stark?

É quase unânime para os fãs da Marvel que o retrato de Michael B. Jordan como o “vilão” Killmonger em Pantera Negra foi algo diferenciado, mais especial.

Ainda mais pelo destino da personagem após uma dura batalha contra T’Challa. Assim, ficamos sem entender este episódio, que se mostrou o mais questionável de toda a temporada, pois repete o sentimento de frustração e raiva de Killmonger sem a reflexão do que isto significa. Resumindo: um capítulo vazio.

E se… Thor fosse filho único?

Temos aqui o momento mais cômico de toda a temporada com um Thor ‘filhinho da mamãe’, desbarbado ao ponto de lembrar o Príncipe Encantado da animação Shrek, além de uma personalidade frívola e infantilizada.

Apesar do tom humorístico do texto, What If? entrega um ‘fan service’ que vai deixar os Marvetes contentes, pela cena de luta que envolve dois dos mais poderosos na equipe dos Vingadores.

E se… Ultron tivesse vencido?

Quando se comenta sobre um possível terror que deve se instalar nas linhas do tempo dentro do multiverso Marvel, logo pensamos em episódios como este, que propõem algum desafio através do fio narrativo.

Pela primeira vez em toda a temporada de What If? veremos o narrador Vigia, responsável por contar as diferentes versões do que acontece no multiverso, partir para a ação.

Também temos algo especial para aqueles que se emocionaram na única cena de real conflito em Vingadores: Ultimato.

E se… o Vigia quebrasse seu juramento?

No capítulo derradeiro dessa primeira temporada temos um típico momento Vingadores rolando, quando uma equipe de super-heróis é montada pelo Vigia para combater o poderoso Ultron, que possui todas as Joias do Infinito. Verdadeiro pega pra capar!

Algo mais interessante visto nesse episódio: um vislumbre da importância que serão os poderes de Doutor Estranho nesse combate com as anomalias do multiverso.

Conclusão

É ainda um pouco difícil chegar a um entendimento do que What If? poderá significar no maior cenário dentro do Universo Cinematográfico da Marvel. Todavia, analisando este primeiro volume, percebemos que a série animada tem seu próprio charme e é capaz de comover o assinante da Disney+ quando faz as escolhas mais harmoniosas para isso acontecer.

Até o momento, a chamada Fase 4 da Marvel não entregou nada no nível de Capitão América: O Soldado Invernal, ou ambas as produções que retratam as aventuras dos Guardiões da Galáxia. Ainda assim, mantemos a esperança por tempos melhores, onde a MCU realmente consiga ser mais ousada e menos quadrada, como nos melhores momentos de What If?.

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