Homem-Formiga e a Vespa chegou quebrando paradigmas dentro da Marvel. Ok, pode não necessariamente ser cinematograficamente – já que muitos fãs não gostaram tanto assim do filme -, porém é inegável o papel dele de reciclagem dentro do gênero de super-heróis. Aonde? Você pode se perguntar. Na questão do romance.
Esse estilo de produção sempre esteve atrelada de uma forma ou outra a relacionamentos afetivos desde o início da sua história. Peguemos como exemplo o clássico Superman, de Richard Donner, feito em 1978. O âmago daquela trama composta a 40 anos atrás se baseava em um amor entre Clark Kent e Lois Lane, sempre com a identidade secreta como pano principal. Além disso, o fato de Kent nunca se revelar de verdade como Superman, mesmo salvando a ‘mocinha’ toda vez, faz com que o público se apegue ainda mais àqueles personagens.
Depois de Homem-Formiga e a Vespa, o futuro da Marvel é feminino?
Voltando para anos mais recentes, é inegável se falar sobre heróis sem comentar o início do universo cinematográfico da Marvel. O longa que é a porta de entrada para isso que é visto até hoje é intitulado Homem de Ferro. Nele, a história possui vários meandros, principalmente sobre poderio militar. Entretanto, é inegável ressaltar que o romance de Pepper Potts e Tony Stark é um ponto central dentro daquilo tudo.
Outro exemplo que pode ser comentado é X-Men: O Filme. Esse, feito em 2000, também tem no meio de sua narrativa questões relacionadas a amor e romances, mesmo que um pouco menos relevantes dentro do enredo.
Chegando até os dias atuais, esse paradigma vêm sendo alterado de uma maneira bastante profunda e diferenciada. É importante citar como os relacionamentos amorosos são deixados de lado – vide que Homem de Ferro 3, que explora mais esse fato no universo, é de 2013 – para que a amizade e as relações parentescas se ascendam.
Modelos que se encaixam dentro desse padrão não faltam, mas dois devem ser destacados com maior afinco: Pantera Negra e Capitão América: Guerra Civil. O primeiro explora todo esse lado dos antepassados e o tema sobre ancestralidade, além da passagem de geração para geração. Não é a toa que o grande vilão da obra possui um grau familiar com o protagonista. Existe, sim, um subtexto romântico ali, mas que nem chega a ser explorado em dois diálogos. Já o segundo possui a sua trama envolvida em um lado do companheirismo, já que as brigas apenas ocorrem porque Steve Rogers quer proteger seu amigo Bucky.
Um argumento pode vir a mesa nesse instante: Mulher-Maravilha. Um dos filmes de super-herói de maior bilheteria do ano de 2017 não pode ser esquecido, já que o romance é algo necessário para o andamento e até final daquela narrativa. Até é possível concordar com isso, porém vejamos por outro caminho. Diana Prince chega de uma ilha aonde nenhum homem se encontra, ou seja, aquilo é uma grande descoberta para ela. É claro que se trata de um relacionamento amoroso, mas parece muito mais uma amizade, já que essa não sabe como se comportar em casos assim. Apenas uma sequência gera sugestão de que algo pode ter ocorrido.
Não se pode esquecer igualmente que isso representa uma quebra de esteriótipo, já que não é mais um personagem masculino que precisa salvar a donzela em perigo, como foi comentado acima. Aqui é a mulher que assume o papel de salvadora da pátria.
Homem-Formiga e a Vespa | Filme tem melhor abertura na bilheteria que o primeiro
Depois dessa gigantesca trajetória, podemos chegar em Homem-Formiga e a Vespa. O longa possui, novamente, um romance em seu âmago, ou seja, na sua parte mais central. Todavia, isso não é realmente relevante para que aqueles personagens consigam realizar a sua missão. A questão familiar aflora como algo bem mais importante, já que o fato deles terem um relacionamento está intrínseco ali.
Sendo assim, a obra representa uma quebra de esteriótipo e expectativa com o que poderia ser pensado anteriormente, inclusive com declarações do próprio diretor Peyton Reed dizendo que seria uma “comédia romântica”. O que é feito aqui passa bem longe disso. É quase uma história de amigos, parceiros de trabalho, que, por acaso, são também namorados.
Essa ruptura com padrões se faz necessária no cinema atual. Histórias sobre mulheres precisando ser salvas e sendo desvalorizadas e colocadas para escanteio durante a trama se têm aos montes. Porém, o que está acontecendo hoje é algo bem maior, que simplesmente passa por cima disso tudo. A necessidade de um relacionamento para os super-heróis nunca esteve tão em falta como hoje.