Todos se perguntavam como a Marvel e a Netflix poderiam superar com Jessica Jones o sucesso das aventuras de Matt Murdock. Afinal, Demolidor acabou agradando em cheio ao público e crítica com sua pegada mais dark e realista, algo bem distante do que vemos no universo cinematográfico da Casa das Ideais.
Como em time que está ganhando não se mexe, Jessica Jones acaba pegando muita coisa emprestada de seu vizinho heróico de Hell’s Kitchen: estão lá as cenas de violência explícita, mortes chocantes, bebida, sexo, enfim, tudo que se pode esperar de uma série voltada para o público que tem mais de 16 anos.
Mas também há uma boa dose de novidades e mudanças de tom que conferem uma identidade própria à saga da investigadora particular Jessica Jones: a começar pela própria personalidade da moça.
Muito mais instável que Matt Murdock, Jessica sofre com a trauma de alguém que esteve no inferno e voltou. Um inferno onde o diabo atende pelo nome de Killgrave/Homem-Púrpura (David “eterno Dr. Who” Tennant, ótimo), sem dúvidas o vilão mais ameaçador que a Marvel já trouxe para as telas tanto do cinema como da televisão.
O sarcasmo de Tennant, aliado às suas ações incrivelmente cruéis (afinal, seu Homem-Púrpura tem o poder de manipular a vontade de quem quiser, entrando na cabeça das pessoas) ajudam a criar toda uma aura intensa em torno do personagem. Como ele leva alguns episódios para aparecer por completo, cada pequeno vislumbre de seus atos ajuda a tornar os primeiros capítulos especialmente tensos.
Ainda que os diálogos dos outros personagens não sejam exatamente o melhor exemplo de como criar um bom roteiro, é fácil fazer vista grossa para os defeitos e vícios da narrativa quando temos tanta coisa legal em tela. Vamos combinar que o carisma da atriz Krysten Ritter já é motivo de sobra para amar o seriado.
A reta final da primeira temporada de Jessica Jones dá uma guinada e tanto (lá pelo sétimo ou oitavo episódio, assim como acontece em Sense8 e demais séries já produzidas com binge watching em mente) e termina numa nota tão alta que, com o perdão do meme, só nos deixa pensando: “Já acabou, Jessica”?