Atualmente, vivemos em uma era dominada por filmes e séries de super-heróis, com novas produções surgindo em ritmo acelerado. Desde que o Universo Cinematográfico Marvel (MCU) ganhou destaque no final dos anos 2000 e a televisão inspirada nos quadrinhos da DC Comics reinou durante a década de 2010, as narrativas de heróis fantasiados se tornaram um fenômeno global. No entanto, a década de 2020 ainda é um campo de batalha aberto, com novos protagonistas, franquias reformuladas e a constante reinvenção do gênero.
Com o MCU expandindo suas histórias, a DC Comics passando por uma reestruturação ousada sob a liderança de James Gunn, e outras produções independentes explorando novas camadas do universo dos super-heróis, vimos uma onda de mortes marcantes e emocionalmente impactantes de personagens queridos na tela. Esses momentos trágicos nos lembram que, embora esses heróis sejam poderosos e inspiradores, eles também são profundamente humanos, seja por seus sacrifícios, derrotas ou legados.
Neste cenário, 2024 trouxe algumas das perdas mais emocionantes e inesperadas do gênero, marcando profundamente os fãs. Aqui, focamos exclusivamente em produções para cinema e televisão, destacando aquelas que capturaram corações, dividiram opiniões e deixaram um impacto duradouro. Seja pela surpresa ou pelo desfecho esperado, estas são algumas das mortes mais comoventes em histórias inspiradas nos quadrinhos que ocorreram ao longo deste ano. Prepare-se para relembrar momentos que abalaram o universo dos super-heróis – e, talvez, até o seu próprio coração.
Super-Homem
A terceira temporada de Superman & Lois encerrou com força ao introduzir Lex Luthor, interpretado por Michael Cudlitz, que revelou um plano devastador: criar sua própria versão do supervilão Doomsday para garantir que Superman (Tyler Hoechlin) permanecesse morto e Lois Lane (Elizabeth Tulloch) pagasse pelo fato de tê-lo colocado atrás das grades. A quarta temporada, que marca a última fase da série após o cancelamento pela CW, começa diretamente com a continuação desse embate épico entre o Homem de Aço e seu monstruoso adversário — e toma um rumo chocante logo de início. Superman realmente morre em seu próprio show, no episódio de estreia da temporada final.
As consequências dessa morte são impactantes. Com seu coração arrancado por Doomsday e entregue a Lex Luthor, Superman deixa para trás Lois e seus filhos, que enfrentam uma dolorosa jornada de luto. Apesar de Clark Kent aparecer em flashbacks nos primeiros episódios, a sensação de perda parecia definitiva. No entanto, o sacrifício heróico do General Sam Lane (Dylan Walsh), pai de Lois, muda o rumo da história. Ao doar seu próprio coração para salvar Superman, Kal-El é trazido de volta à vida na Fortaleza da Solidão.
Ainda assim, o retorno do Homem de Aço não ocorre sem consequências. Agora equipado com um coração humano, Superman enfrenta limitações que nunca experimentou antes. Pela primeira vez, ele começa a envelhecer como um mortal. Embora isso traga novos desafios para os episódios restantes de Superman & Lois, ficamos aliviados por essa morte significativa ter sido revertida — mesmo que a série não se furte a explorar as mudanças profundas na vida do herói. Superman & Lois está na Max.
Tocha Humana
Os fãs de longa data da Marvel ficaram em êxtase ao saber que Chris Evans estaria retornando ao MCU no aguardado Deadpool & Wolverine, recheado de participações especiais. O entusiasmo só aumentou quando foi revelado que, em vez de reprisar seu icônico papel como Steve Rogers, o Capitão América, Evans voltaria como Johnny Storm, a Tocha Humana de Quarteto Fantástico (2005). Embora inesperada, essa escolha foi uma surpresa bem-vinda para os fãs nostálgicos.
Infelizmente, a participação de Johnny Storm foi tão breve quanto eletrizante. Após ser capturado pela Time Variance Authority (TVA) e enviado ao Vazio, Johnny se alia a outros heróis para enfrentar a vilã Cassandra Nova (Emma Corrin). No entanto, sua jornada tem um fim trágico e brutal. Após um encontro com Deadpool (Ryan Reynolds) e Wolverine (Hugh Jackman), Johnny perde seus poderes quando Pyro (Aaron Stanford) os extingue, deixando-o vulnerável. A situação piora quando a boca grande de Deadpool provoca Cassandra Nova, levando a vilã a punir Johnny de forma terrível — removendo instantaneamente a pele de seu corpo.
Foi, sem dúvida, uma das mortes mais cruéis de um super-herói no MCU, deixando um gosto amargo para os fãs. Ainda assim, o futuro traz esperança com o próximo filme Quarteto Fantástico: Primeiros Passos da Marvel Studios, que introduzirá uma nova versão da Tocha Humana, desta vez interpretada por Joseph Quinn. Esperamos que o novo Johnny Storm tenha mais sorte, escolha melhor seus aliados e, acima de tudo, saiba quando manter a boca fechada para evitar inimigos perigosos. Deadpool & Wolverine está na Disney+.
Venom
Com um título como Venom 3: A Última Rodada, é fácil imaginar que o Protetor Letal titular estaria destinado a enfrentar um fim trágico no terceiro e possivelmente último capítulo da franquia Venom. Depois de serem forçados a fugir, Eddie Brock e Venom (Hardy) encontram-se caçados não apenas pelos habitantes da Terra, mas também pelos do planeta natal do simbionte, Klyntar.
Liderando a perseguição está Knull (Andy Serkis), o temido senhor de Klyntar, que deseja recuperar o Codex — um fragmento simbionte criado quando Venom trouxe Eddie de volta à vida no primeiro filme. A busca incessante de Knull culmina em um ataque de seus Xenofagos, caçadores implacáveis de simbiontes, enquanto Eddie e Venom se refugiam na Área 51. Em um momento de sacrifício heroico, Venom percebe que a única maneira de salvar Eddie e impedir Knull é destruindo o Codex. Assim, o simbionte se sacrifica, mergulhando em um tanque de ácido, enquanto Eddie, impotente, assiste ao seu parceiro ser destruído.
Embora Eddie seja eventualmente salvo e inocentado das acusações que o perseguiram durante a saga, ele enfrenta um vazio profundo, lutando para seguir em frente sem o simbionte que se tornou uma extensão de sua própria vida.
No entanto, a cena pós-créditos de Venom: The Last Dance oferece uma centelha de esperança: uma pequena barata negra, possuída por um fragmento simbionte recuperado pela organização Imperium, surge dos destroços. Essa breve aparição sugere que Venom — ou pelo menos uma parte dele — pode ainda estar por aí, abrindo possibilidades para o futuro. Venom 3: A Última Rodada está nos cinemas
O Corvo
Dado o desempenho impressionante nas bilheterias, não foi exatamente uma surpresa que O Corvo tenha se tornado um sucesso comercial. O remake de 2024 marca a segunda tentativa de adaptar a icônica história em quadrinhos de James O’Barr para live-action. No entanto, ao contrário do clássico cult de 1994 estrelado por Brandon Lee, é improvável que esta nova versão alcance o mesmo status lendário. Adicionar O Corvo a uma lista de tragédias heróicas pode até parecer redundante, já que sua história sempre começa com a morte. E, como esperado, é exatamente isso que acontece com Eric (Bill Skarsgård) no início do filme.
Após ser brutalmente assassinado junto com sua amante, Shelly (FKA Twigs), Eric retorna como O Corvo, determinado a buscar vingança. Sua missão é enfrentar Vincent Roeg (Danny Huston), o responsável por sua morte e pelo tormento de Shelly. No confronto final, Eric derrota Roeg, enviando o vilão para o submundo e libertando a alma de Shelly de um destino sombrio. No entanto, sua vitória vem com um preço devastador: para trazer Shelly de volta à vida, Eric sacrifica sua própria existência terrena. Na noite em que ela revive, Shelly descobre que foi salva à custa do homem que amava profundamente.
Embora a história de Eric tenha um desfecho heróico e comovente, o sacrifício que define sua jornada não foi suficiente para fazer deste remake um clássico. Enquanto O Corvo permanece um símbolo de tragédia e redenção na vida após a morte, o filme de 2024 carece da força emocional e da profundidade estética que fizeram do original de 1994 uma obra inesquecível. Para muitos fãs, esta nova versão, embora competente, simplesmente não consegue voar tão alto quanto o clássico lançado há 30 anos. O Corvo está disponível para aluguel no Prime Video.
Nicepool
Em Deadpool & Wolverine, somos apresentados a inúmeras variantes de Deadpool, todas encontrando destinos terríveis ao longo do filme. Mas a verdadeira tragédia está na perda de Nicepool, um Wade Wilson alternativo que se destaca por ser surpreendentemente diferente. Estranhamente, ele não é creditado a Ryan Reynolds, mas continua sendo uma variante marcante: sem o fator de cura regenerativo, sem a aparência desfigurada, e, acima de tudo, sem a atitude sarcástica que define a maioria dos Deadpools. Ao contrário de suas contrapartes, Nicepool opta pela bondade, deixando o sarcasmo e as piadas cruéis de lado. Ele até deixa de usar máscara, não tendo nada a esconder.
No entanto, essa diferença acaba sendo sua ruína. Em uma das sequências mais brutais do filme, a cabeça de Nicepool é arrancada pelo Deadpool Corps, tudo porque Deadpool o utiliza como escudo humano no calor da batalha. Tragicamente, o mercenário tagarela ignora que sua variante gentil não possui habilidades mutantes ou qualquer defesa sobrenatural, tornando Nicepool uma vítima fácil no caos.
Embora pouco saibamos sobre o mundo de origem de Nicepool, sua morte é carregada de impacto emocional. Ele perece como um herói – ou pelo menos é assim que Deadpool tenta suavizar o golpe ao explicar sua perda para Wolverine. Claro, o mutante com garras rapidamente coloca Deadpool em seu devido lugar, destacando o egoísmo e a irresponsabilidade que levaram ao sacrifício de sua variante mais amável.
Flash e Supergirl
Nos últimos anos, Crise nas Terras Infinitas tem sido revisitada em várias mídias, reafirmando sua posição como um dos eventos mais emblemáticos da DC. Desde a adaptação em live-action no Arrowverse até reinterpretações nos quadrinhos, o apocalipse multiversal continua a fascinar e emocionar os fãs. Em 2024, o evento voltou aos holofotes com a trilogia animada Liga da Justiça – Crise nas Infinitas Terras, lançada digitalmente e diretamente em vídeo ao longo do ano. Assim como na lendária série de quadrinhos de 1985, esta adaptação não poupou os espectadores de perdas devastadoras, com as mortes heroicas de Barry Allen, o Flash (dublado por Matt Bomer), e Kara Zor-El, a Supergirl (dublada por Meg Donnelly), marcando o coração da narrativa.
Esses dois personagens foram protagonistas de sacrifícios memoráveis nos quadrinhos, onde suas mortes moldaram o destino do Universo DC por anos. Embora a adaptação do Arrowverse tenha poupado Barry e Kara, optando por sacrificar o Arqueiro Verde em seu lugar, a trilogia animada retornou à fidelidade da obra original. Barry Allen encontra seu fim heroico na Parte Um, utilizando sua velocidade para salvar o multiverso à custa de sua própria vida. Já Kara Zor-El faz sua despedida emocionante na Parte Três, enfrentando seu destino para proteger aqueles que ama e garantir o futuro.
Embora muitos outros heróis e variantes também pereçam ao longo da trama, é a perda de Barry e Kara que mais ressoa no público, representando o sacrifício máximo em nome da esperança. Com o encerramento do Universo de Filmes de Animação da DC — uma consequência da reestruturação liderada por James Gunn no DC Studios —, essas versões do Flash e da Supergirl se despedem definitivamente, deixando um impacto duradouro nos fãs e consolidando seu legado como pilares de heroísmo e altruísmo.
Essa adaptação reforça que Crise nas Terras Infinitas continua sendo uma história atemporal, capaz de emocionar novas gerações e relembrar aos veteranos da DC o quão alto são os custos de salvar o multiverso. Liga da Justiça – Crise nas Infinitas Terras está na Max.
Dupli-Kate e Shrinking Rae
A segunda temporada de Invencível definitivamente trouxe momentos chocantes e reviravoltas inesperadas, e o suposto destino de Dupli-Kate e Shrinking Rae no episódio 5, “This Must Come as a Shock”, é um excelente exemplo disso. A sequência brutal em que ambas aparentemente morrem durante a batalha contra a temível Liga dos Lagartos deixa os espectadores sem palavras e reforça a ideia de que ninguém está seguro no universo de Invincible. Porém, como aprendemos mais tarde, a série estava apenas brincando com nossas emoções.
Durante a luta, Shrinking Rae é engolida viva por Komodo Dragon, e todas as duplicatas de Dupli-Kate são eliminadas de forma visceral, sugerindo que ambas as heroínas haviam encontrado um fim trágico. Essas cenas, além de chocantes, servem para mostrar a brutalidade da Liga dos Lagartos e o nível de perigo que eles representam, até mesmo para os Guardiões do Globo. Contudo, a revelação de que ambas sobreviveram adiciona camadas interessantes à narrativa.
Shrinking Rae, embora gravemente ferida, consegue escapar milagrosamente do Komodo Dragon e é levada às pressas para o hospital. Sua sobrevivência é quase inacreditável, mas mostra sua resiliência e determinação. Já Dupli-Kate tem uma história mais intrigante: é revelado no final da temporada, “Eu Pensei que Você Era Mais Forte”, que a Kate original havia decidido deixar a vida de super-heroína para trás. Em seu lugar, uma de suas duplicatas continuou atuando como Dupli-Kate, mantendo o disfarce de que a verdadeira Kate ainda estava na ativa. Quando a situação exige sua presença e ela percebe que não pode abandonar os Guardiões, ou seu relacionamento com Immortal, ela retorna, surpreendendo a todos com a revelação de que ainda está viva.
Essa virada de eventos exemplifica a habilidade de Invincible de manipular expectativas e manter os espectadores em suspense. Mais do que isso, essas surpresas destacam temas centrais da série, como sacrifício, identidade e o peso de carregar o manto de um herói. Embora as mortes iniciais de Rae e Kate tenham sido um golpe devastador para os fãs, sua sobrevivência não apenas alivia a tensão, mas também prepara o terreno para novas complicações emocionais e narrativas na série. Invencível está no Prime Video.