Logo no começo do painel da Marvel Studios na San Diego Comic-Con, os fãs levaram um susto. O presidente do estúdio, Kevin Feige, apresentou uma imagem com o line-up da Fase 4 do MCU, mas ainda sem os títulos, apenas com as datas: haveriam nada menos do que 4 lançamentos em 2020 e mais 7 em 2021! Uma avalanche de filmes! Deu a louca no Kevin Feige e agora o gênero realmente vai saturar! Calma.
Mas, claro, o que não sabíamos era que aquelas datas também estavam reservadas para as séries da Marvel no serviço de streaming do Disney+. E isso diz muito. Ao contrário de outras séries editora (Demolidor na Netflix, Fugitivos na Hulu), ficou bem claro que as séries serão elementos essenciais para se acompanhar a grande narrativa do MCU nos cinemas. Não satisfeita com um universo cinematográfico, a Marvel Studios agora vai de cabeça no multimídia para expandir suas histórias – algo muito mais ambicioso do que Agents of SHIELD, da ABC, faz de forma mais tangencial.
O filme solo da Viúva Negra foi confirmado como prelúdio, sendo ambientado após Capitão América: Guerra Civil, então a próxima obra que avança os eventos do MCU é Falcão e o Soldado Invernal. Para ter dimensão da relevância da série, tivemos a confirmação de que o Capitão América de Anthony Mackie, o novo detentor do escudo de vibranium, será mesmo apresentado na minissérie co-estrelada por Sebastian Stan; que ainda contará com Daniel Bruhl retornando ao MCU como o vilão Barão Zemo.
O que parece um pouco mais “complementar” está em Loki, Gavião Arqueiro e What If…?, que também foram confirmadas no evento. A série com o Deus da Trapaça ajudará a literalmente cobrir uma ponta solta de Vingadores: Ultimato, acompanhando a versão passada de Loki que roubou o Tesseract e escapou dos heróis em 2012, prometendo uma série com desventuras do carismático vilão por eventos da História da humanidade.
A série do Gavião Arqueiro deve acompanhar uma sequência mais focada na passagem de manto do herói de Jeremy Renner para Kate Bishop, que nos quadrinhos se torna a Gaviã Arqueira – e a série pode muito estar preparando mais essa nova heroína para uma futura formação de novos Vingadores no MCU. Já a animação What If…? será algo completamente à parte, trazendo uma antologia que acompanha oportunidades alternativas no MCU, com um dos episódios trazendo Peggy Carter se tornando a Capitã América no lugar de Steve Rogers.
Narrativas integradas
Mas é mesmo com WandaVision que parece que o jogo fica mais interessante. Além de aparecer para divulgar a vindoura série sobre Feiticeira Escarlate e Visão no Disney+, Elizabeth Olsen subiu ao palco para ser confirmada na continuação de Doutor Estranho, batizada de Doctor Strange in the Multiverse of Madness. Feige confirmou que as tramas dos dois filmes estarão bem interconectadas, justificando a presença de Wanda Maximoff no filme, que também foi descrito pelo diretor Scott Derrickson como “o primeiro filme de terror do MCU”. É uma ideia fascinante, e que nos deixa mais interessados em ambas as obras, que – de acordo com rumores já discutidos aqui – podem trazer uma radical adaptação de Dinastia M para o MCU.
Isso é um grande incentivo para que o Disney+ consiga mais inscritos, em mais um capítulo da guerra dos streamings. A Disney precisa se equiparar com a Netflix, e ter capítulos exclusivos da mais popular propriedade do cinema atualmente – agora com obras que realmente serão relevantes em sua continuidade – é uma proposta que os fãs devotos não poderão recusar.
Os irmãos Anthony e Joe Russo, diretores de Vingadores: Guerra Infinita e Ultimato, comentaram em uma entrevista no ano passado sobre como a narrativa de 2 horas já não era mais o suficiente para contar esse tipo de história. Parece que essa afirmação se reverberou na Marvel, que trará histórias mais longas e intercaladas com o Disney+, e teremos um experimento interessante sobre como narrativas podem se desenrolar a partir dessa nova década.
É o futuro de Hollywood.