Amor ou Obsessão?

Através da Minha Janela reduz o amor adolescente em um grande vazio

Leia a crítica do filme teen espanhol da Netflix

Através da Minha Janela é um fenômeno!

Calma lá! Não estamos falando aqui do sucesso de público, algo que certamente irá acontecer principalmente entre os mais jovens. O longa-metragem adolescente espanhol é um fenômeno, exatamente por conseguir algo raro no cinema, no caso, apresentar ao público assinante da Netflix uma produção de quase duas horas, onde pelo menos metade do tempo não temos absolutamente nada (!) acontecendo. Sim, nadinha!

A palavra que melhor define Através da Minha Janela é frustração, de modo que não há nada lá que valha nossa atenção ou consideração. É um material vazio, completamente oco, repleto de personagens superficialmente encarnados por atores que certamente têm talento para muito mais do que aquilo visto por nossos olhos.

Apesar do buraco sem fundo, devemos dizer que a produção teen espanhola “conta” (?) a história de Raquel Mendoza (Clara Galle), uma jovem muito atraída por seu vizinho, Ares Hidalgo (Julio Peña Fernández), um garoto enigmático que ela assedia das sombras que não sabe de sua existência. No entanto, ela quer que ele deixe de ser assim: ela está disposta a fazê-lo se apaixonar não importa o que aconteça, mesmo deixando de lado aquela Raquel, boa e educada que todos conhecem, tudo isso só para impressionar o garoto que mora ao lado.

Adolescentes sem amor-próprio

Se a sinopse logo acima não foi o suficiente para que já de cara pudessem perceber quais são os problemas graves que encontraremos em Através da Minha Janela da Netflix, então…

Mas olha, vamos lá! Vamos juntos identificar algumas palavras e frases da sinopse para indicar o tipo de armadilha que alguns de nós serão apanhados.

Encontramos a palavra ‘assedia’ logo de cara, mostrando exatamente o que a jovem Raquel faz diariamente, sempre na espreita, observando cada passo do seu crush, de maneira obsessiva sem qualquer explicação ou sentido algum. Basicamente é uma tara aleatória por um garoto bonitão que tem o nome do deus grego que é filho do rei e rainha dos deuses, Zeus e Hera; assim como seus outros dois irmãos na história que estão lá apenas para preencher cenário, mesmo porque também são mais dois que não têm nada a acrescentar, seja como narrativa ou emocionalmente.

Resumindo: a pobre (socialmente) moça que se apaixona por um deus que vive no Olimpo (mansão), logo ali ao lado.

Agora, olhem a frase – “No entanto, ela quer que ele deixe de ser assim: ela está disposta a fazê-lo se apaixonar não importa o que aconteça”. É até difícil começar a enumerar tantos problemas em apenas uma única conjunção de palavras, mas para resumir mais uma vez, claramente estamos falando aqui da falta de amor-próprio, que não é nenhum crime, todos passamos por dificuldades para aceitar o que nos aconteceu ou encarar quem somos.

Porém, o que a produção Netflix fez foi injustificável, uma vez que afirmou até o final, sem nenhum dos jovens em destaque terem resolvido qualquer um de seus conflitos pessoais, que a falta de amor próprio pode ser compensada com o amor do outro.

Fala se isso não é de doer na alma?!

Aí fica a pergunta:

Será que tudo isso vale a pena? Só para impressionar o gatinho que vê da sua janela?

Conclusão

Infelizmente, Através da Minha Janela joga contra tudo o que tem realmente de valor nessa vida: nós mesmos!

Não sobra absolutamente nada para o assinante de positivo dessa atrocidade, que muito provavelmente vai ficar em uma posição alta entre os mais assistidos da plataforma de streaming, simplesmente por ter um romance frio e insosso entre duas figuras de muita beleza física, mas zero conteúdo ou mesmo qualquer valor emocional edificante.

Alguns dizem que a Netflix necessitaria de um filtro para evitar que obras como essa chegassem para o público, no entanto, parece que um filtro não resolveria, pois Através da Minha Janela mostrou que o problema foi falta de bom senso.

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