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American Horror Story: Apocalypse | Crítica - 7º Episódio

Neste sétimo episódio de American Horror Story: Apocalypse, comprova-se a real intenção da temporada de retomar a narrativa das bruxas de Coven com muito mais entusiasmo do que se esperava, deixando o proposto “juízo final” em segundo plano.

Logo de início, o episódio aprofunda a história da bruxa Dinah Stevens (Adina Porter), colocando-a como a nova rainha vudú após a morte de Marie Leveau, na terceira temporada. É revelado que Cordelia (Sarah Paulson) buscou sua ajuda para lutar contra a ameaça de Michael Langdon (Cody Fern), proporcionando aos espectadores, o retorno de um dos personagens mais intrigantes de Coven: Papa Legba. A figura “demoníaca” se dispõe à ajudar Cordelia em troca das almas de suas estudantes, uma oferta prontamente recusada pela virtuosa Suprema. Tal qual diversos outros momentos desta temporada, a cena serve mais como “fan-service” do que para avançar a trama coerentemente.

O foco na evolução de Michael Langdon finalmente foi deixado de lado neste episódio, mas ainda não retornamos para a linha narrativa do fim do mundo, onde os personagens estavam prestes a se enfrentarem. Ao invés disso, seguimos acompanhando a continuação da história das bruxas, com as estudantes descobrindo que Mallory pode ser poderosa o suficiente para, inclusive, rivalizar Michael pelo título de Suprema. Billie Lourd merece destaque nesta temporada, aproveitando bem o protagonismo que vem sendo construído para sua personagem. Como sempre, nos resta esperar para ver até onde American Horror Story:Apocalypse pretende elevar esta personagem, antes que decida alterar suas narrativas completamente, como costuma fazer.

O episódio também acompanha Myrtle (Frances Conroy) se juntando à personagem de Joan Collins (que se encaixa perfeitamente neste espalhafatoso mundo de Ryan Murphy) para, juntas, descobrirem mais sobre os planos dos invejosos feiticeiros. A personagem de Collins possui o poder de enxergar dentro da alma de quem está à sua frente (ou, como é dito pela própria Madison “bitch can read minds”). Tal habilidade é usada para avançar a trama de maneira simples, com os pensamentos traiçoeiros dos feiticeiros sendo revelados, e deixando claro para as bruxas que a batalha final precisa ser travada com urgência.

Com a temporada em sua segunda metade, continuo a me perguntar por que American Horror Story: Apocalypse decidiu se propor a construir um novo universo de personagens, com novas dinâmicas e novos contextos, apenas para jogar tudo fora, em função de retomar as narrativas da terceira temporada com notável dedicação.

Os últimos episódios, por mais que estivessem demasiadamente focados na evolução de Michael, procuravam integrar a trajetória do “anticristo” com as narrativas de temporadas passadas. Agora, no entanto, a série parece pouco se importar com a estrutura de sua temporada atual, e preenche boa parte desta, com contextualizações e explicações sobre o estado das bruxas nesta explícita, porém pouco declarada, continuação. Este último episódio teve, até mesmo, uma breve sequência dedicada à retratar o momento em que Cordelia traz Myrtle de volta dos mortos, ligando uma evidente ponta solta da trama que poderia ter sido resolvida com algumas poucas linhas de diálogo.

A auto-referência parece ser o grande destaque desta temporada, deixando todo e qualquer novo personagem para trás. A estratégia deve agradar fãs de longa data, que se sentirão recompensados por terem acompanhado a série desde o começo, e poderão desfrutar desta grande montagem dos melhores momentos da série, quando esta ainda era sinônimo de inovação na televisão. Para novos (ou, ao menos, mais recentes) espectadores, no entanto, o resultado pode não ser tão cativante quanto a série espera.

Eis que, então, Mallory traz John Henry (Cheyenne Jackson) de volta dos mortos, e comprova sua aptidão para ser a próxima Suprema. John não demora a revelar a identidade de sua assassina, e esta longa trama secundária parece estar finalmente caminhando para sua culminação. Os planos de Ariel e Baldwin para acabar com as bruxas são frustrados e, juntos à Miriam Mead (Kathy Bates), são queimados na fogueira, sem piedade. Todas as peças estão sendo encaixadas para que, então, possamos retornar ao momento do embate entre Michael e as bruxas, que já parece tão distante, após todos estes episódios de preenchimento.

American Horror Story: Apocalypse ficará famosa por sua disposição à retomar tramas passadas e afundar-se, sem muitos receios, em abordagens que prezam o “fan-service”. Com três episódio até o fim da temporada, torço para que a série ainda tenha algumas cartas em sua manga que possam tornar esta nova trama tão relevante e distinta quanto todas as outras que compõem sua antologia.

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