O ano de 2017 foi cheio de surpresas boas no mundo do entretenimento, filmes que ninguém esperava conquistando o público e a crítica (It: A Coisa), sucessos surgidos do nada que dominaram a conversa cultural por meses (Big Little Lies), etc.
As 10 maiores revelações de 2017 no cinema e na TV
No entanto, não faltaram também decepções, e abaixo elencamos filmes e séries que poderiam ter sido muito mais bacanas do que foram. Diga adeus a eles e a 2017 do jeito certo:
PUNHO DE FERRO | A passagem da Marvel pela Netflix era perfeita até a estreia dessa série sobre Danny Rand, o garoto mimado que fugiu de Nova York para treinar kung fu e receber o poder do Punho de Ferro, uma força mística milenar. A série mostrava Rand retornando para casa para combater o crime, mas decepcionava nas cenas de ação e na trama, fundada em um personagem entediante e irritante – a atuação de Finn Jones também não ajudou. A Marvel se recuperou no ano com Os Defensores e O Justiceiro, mas até essa primeira se viu manchada pela obrigação de trazer participação de Rand.
INUMANOS | Outra derrapada da Marvel TV, que não teve um bom ano em 2017 (ao contrário da divisão de cinema) – os Inumanos inicialmente ganhariam seu próprio filme na Marvel Studios, mas o produtor Kevin Feige deu o personagem à divisão de TV para o que foi anunciada e vendida como a série mais épica da Marvel até hoje. A estreia nos cinemas enganou, no entanto – Inumanos foi feita com alguns trocados, muita pressa e valores de produção baixíssimos, resultando no maior fiasco da editora até hoje, no cinema ou na TV.
A MÚMIA | O filme de Alex Kurtzman marcou a segunda tentativa da Universal de lançar seu universo de monstros no cinema, após a falha de Drácula: A História Nunca Contada (2014). A Múmia se mostrou um espetáculo vazio e de revirar os olhos quando chegou aos cinemas, desperdiçando uma ótima Sofia Boutella na pele da criatura e introduzindo uma mitologia apressada e trabalhada sem empolgação por um Kurtzman estreante atrás das câmeras. O passo mais errado da carreira de Tom Cruise em muito, muito tempo.
A VIGILANTE DO AMANHÃ: GHOST IN THE SHELL | O Ghost in the Shell americano nunca poderia ser um grande filme, porque Hollywood não permitiria. O anime original discutia identidade de gênero e engenharia social, entre outras coisas, à luz de uma premissa de ficção científica tratada de forma única e reflexiva pelo diretor. A adaptação não só escalou uma Major ocidental como jogou fora essas discussões por uma mensagem batida de traços de humanidade triunfando sobre o artificial, e trocou os traços retos e áridos do original por superfícies polidas e curvas que remetem muito mais ao presente do que a um futuro cínico como o de Ghost in the Shell.
ALIEN: COVENANT | Ridley Scott retornou para mais uma aventura fria de sua “reinvenção” da franquia Alien, que ele começou em 1979 com o clássico do horror. Covenant equivocadamente tenta contar a história de origem da criatura, tudo enquanto procura também desbravar novas fronteiras filosóficas para a franquia – um Scott claramente desinteressado não consegue trabalhar o suspense de forma efetiva, e Covenant sai mais blockbuster desafetado do que ficção científica especulativa com ambições filosóficas.
LIGA DA JUSTIÇA | Por essa já estávamos um pouco preparados – é claro que a produção mais atribulada do ano seria também uma das mais decepcionantes. A parte triste de Liga da Justiça é que poderia haver um grande filme de heróis nele, se a Warner deixasse ele desabrochar conforme a visão de seus criadores. Ao invés disso, o filme do super grupo mais popular da DC é uma aventura rápida e rasa, com um vilão terrível e um carisma superficial, provido principalmente por personagens afiados como o Aquaman e a Mulher-Maravilha.
GAME OF THRONES | Impossível fazer essa lista sem incluir a temporada de TV mais cheia de furos e cenas patéticas do ano. Claramente desinvestidos de sua história a essa altura, os roteiristas David Benioff e D.B. Weiss armam um ato final apressado, reunindo tudo o que eles consideram que os fãs querem da trama em sete episódios atribulados, cujas boas ideias precisam brilhar pelas frestas de uma multidão de ideias ruins – a maior delas sendo a descaracterização de Jon e Daenerys como personagens para forçá-los juntos em uma trama romântica.
VALERIAN E A CIDADE DOS MIL PLANETAS | Parecia uma perspectiva interessante a de que Luc Besson, o homem que criou o clássico cult O Quinto Elemento, adaptaria um dos quadrinhos de ficção científica mais influentes do mundo em seu próximo longa. Valerian de fato explode e brilha com a criatividade do diretor, desfilando mundos únicos e personagens de design fascinante – o problema é que, em meio ao caos visual armado por Besson, o filme conta uma história abaixo das expectativas, e a relação entre os protagonistas é armada com subtons de agressão perturbadores.
THE FLASH | Em meio à inconstância das companheiras Arrow e Legends of Tomorrow, e à inocência exagerada de Supergirl, The Flash sempre foi a série da DC/CW na qual críticos e fãs podiam concordar sobre sua qualidade. A 4ª temporada mostrou, no entanto, que nem a série do velocista está imune a decisões criativas ruins – após um terceiro ano mais sombrio e intenso, os roteiristas resolveram reclinar a cadeira e retornar ao humor dos primeiros episódios, uma decisão regressiva e entediante que deu vida a um pacote de capítulos nada empolgantes.
AMERICAN HORROR STORY: CULT | A perspectiva de ver Ryan Murphy brincando com eventos atuais (mais especificamente, a eleição americana que colocou Donald Trump na Casa Branca) se mostrou empolgante quando Cult foi anunciada, na Comic-Con 2017. No entanto, com o seu estilo hiperativo de sempre, Murphy não parecia ser capaz de abraçar todas as implicações ou brincadeiras de gênero que queria fazer com a série, que acabou com uma trama errante sustentada à força pelos dois intérpretes centrais (Evan Peters e Sarah Paulson) – por mais talentosos que sejam, não fazem uma grande série sozinhos.